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O contador João Muniz Leite
O contador João Muniz Leite, alvo de operação do Ministério Público de São Paulo| Foto: Reprodução/YouTube

O contador João Muniz Leite – que trabalhou para Fabio Luis Lula da Silva, o Lulinha, e para o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – é um dos alvos de uma operação deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo (MPSP), nesta terça-feira (9). Segundo as investigações, Leite seria um dos principais responsáveis por um esquema de lavagem de dinheiro que envolve a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e empresas que operam o transporte público na capital paulista. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

A operação mira a lavagem de recursos provenientes de tráfico de drogas, roubos e outros delitos. O esquema seria realizado através da Upbus e da TW, duas empresas de ônibus que transportam quase 700 mil passageiros, diariamente, em São Paulo. Segundo o MPSP, só em 2023 a prefeitura da capital paulista pagou mais de R$ 800 milhões em remuneração às empresas.

A Gazeta do Povo tentou contato com a Upbus e a TW, mas não obteve resposta. A reportagem não conseguiu contato com João Muniz Leite. O espaço segue aberto para manifestações.

Serviços a traficante e prêmios na loteria

Estão sendo cumpridos quatro mandados de prisão e 52 mandados de busca e apreensão na operação desta terça-feira. De acordo com o Estadão, o ex-contador de Lula estaria envolvido no esquema orquestrado pelo PCC por meio da empresa Upbus. Um dos indícios da lavagem dos recursos é o pagamento de dividendos: enquanto a Upbus registrava prejuízos de até R$ 5 milhões por ano, apenas um dos acionistas, Admar de Carvalho Martins, ganhou mais de R$ 15 milhões a título de distribuição de lucros.

Ainda segundo as investigações, o contador seria ligado a Martins e a outros líderes do PCC. Um dos indícios é o fato de ele ter transmitido declarações de renda de traficantes da facção. Em 2022, em depoimento, Leite admitiu que teve um dos traficantes, Anselmo Santa Fausta, o Magrelo, como cliente – mas afirmou que o conhecia apenas por um nome falso. À época, o contador negou participação na lavagem de dinheiro do crime organizado.

Leite estava na mira das autoridades desde 2021, quando se tornou suspeito por ter recebido 55 prêmios na loteria.

Agora, dados da Polícia Federal mostram que ele e a mulher ganharam, juntos, 640 vezes na Lotofácil, na Mega Sena e na Quina, segundo o Estadão. A Receita Federal concluiu que os rendimentos do contador não são compatíveis com a renda bruta das empresas dele, mesmo se acrescidos os valores dos prêmios nas loterias.

Esquema tem mais de duas décadas

Investigações apontaram que o esquema envolvendo empresas e cooperativas de ônibus de São Paulo vem sendo estruturado desde o início dos anos 2000. Lincoln Gakiya, promotor do Gaeco, já afirmou que o PCC está se consolidando como uma máfia e se infiltrando em serviços públicos.

Em 2021, uma estimativa do MPSP apontava que o PCC tinha mais de 112 mil membros. No ano passado, o Gaeco estimou que a fação movimente R$ 4,9 bilhões por ano, a maior parte oriunda do tráfico internacional de drogas.

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