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Tarcísio de Freitas durante votação que reelegeu o presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira.
Tarcísio de Freitas durante votação que reelegeu o presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira.| Foto: Divulgação/Partido Republicanos

Após o partido Republicanos sinalizar como base do governo Lula (PT) no Congresso Nacional, cogitou-se a saída do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, da sigla. Até agora, isso não aconteceu. Tarcísio e o presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira, negam a todo instante a possibilidade de saída do governador do partido.

Mas por que Tarcísio, que é uma das figuras públicas mais próximas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seguirá em um partido que será base do governo Lula?

1. Tarcísio é a maior figura política do Republicanos   

O governador paulista é a principal figura política do Republicanos, conseguindo articular as pautas do interesse de São Paulo com mais força. Um exemplo foi durante a discussão da reforma tributária na Câmara dos Deputados, quando o Republicanos aceitou todas as alterações que Tarcísio propôs no projeto e a bancada votou conforme os pedidos dele.

Para refutar a possibilidade de saída de Tarcísio do Republicanos, o próprio partido enviou fotos dos encontros que o governador faz semanalmente com o presidente Marcos Pereira, para a reportagem da Gazeta do Povo. Segundo a comunicação do partido, as reuniões são para discutir pautas do interesse de São Paulo na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.

Para a cientista política da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) Denilde Holzhacker, o Republicanos ter se tornado base do governo Lula foi positivo para governador. “Tarcísio consegue neutralizar importantes atores políticos do estado, como Márcio França (PSB). Não há ainda uma percepção de que traga grandes prejuízos para ele”, afirmou a professora.

2. Para Tarcísio, a mudança de postura do Republicanos não afetará São Paulo

Segundo fontes do Palácio dos Bandeirantes, apesar da mudança de lado do Republicanos na esfera federal, para o governador de São Paulo isso não muda em nada para a política estadual. Na Assembleia Legislativa do estado de São Paulo (Alesp), o Republicanos tem, de maneira geral, votado favoravelmente às pautas propostas por Tarcísio.

Para Holzhacker, seria um prejuízo o governador deixar o partido nesse momento. “Se ele sair dos Republicanos, ele vai ter que ter uma negociação com outros partidos. Quais as opções partidárias que seriam competitivas e manteriam a base aliada? É um cenário muito mais complicado para ele do que negociar e manter a sua relação dentro do Republicanos, mas com uma certa distância do governo federal”, ponderou a docente.

3. Se sair do Republicanos, governador de SP poderá enfraquecer a base no Legislativo estadual

Na última semana, um projeto de lei do governo paulista foi aprovado por 51 dos 48 votos necessários no plenário da Alesp. A margem pequena de vantagem foi interpretada como um enfraquecimento da base de Tarcísio no Legislativo estadual. Dois dos nove parlamentares do Republicanos foram contra o projeto defendido pelo governo do estado. Se Tarcísio sair do partido, essa resistência pode aumentar.

Uma das opções de “nova casa” para o governador seria o Partido Liberal (PL). Para a governabilidade na Alesp, a troca não seria lucrativa. O PL possui 19 deputados no parlamento paulista, que já votam favoravelmente com o governador, ou seja, se Tarcísio migrasse para o PL, não somaria em nada para a base e ainda correria o risco de perder parte dos parlamentares do Republicanos.

A cientista política Holzhacker analisa que Tarcísio não se queimará com o eleitor de direita por permanecer no Republicanos. “Não acho que há algum arranhamento, não. O governo Tarcísio está trazendo e acolhendo muitas das pautas ligadas a Bolsonaro, especialmente na área econômica. Está mantida a sua relação com o ex-presidente e continua sendo a figura com maior chance também de projeção nacional, considerando o tamanho do estado de São Paulo”, concluiu a professora.

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