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Ataque pela redes

Tarcísio vira alvo prioritário do PT após taxação de Trump ao Brasil

Tarcísio de Freitas com o boné do Trump
Esquerda ataca governador Tarcísio de Freitas que comemorou a posse de Donald Trump. (Foto: Reprodução/X Tarcísio de Freitas)

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A decisão da Casa Branca em taxar as exportações brasileiras reacendeu a polarização política nos discursos da esquerda e da direita, em mais uma antecipação do cenário eleitoral de 2026. O Partido dos Trabalhadores (PT) elegeu um novo alvo para direcionar ataques diretos. A bola da vez é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que entrou na mira da máquina esquerdista por ser uma opção forte da direita para concorrer contra o projeto de reeleição de Lula, em caso de manutenção da inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A postura de Tarcísio, que manifestou apoio ao presidente republicano e comemorou a eleição de Donald Trump, agora está sendo usada como motivo para ataques pela esquerda, apontada como "contraditória" e "prejudicial" à economia paulista. A onda de ataques ganhou o reforço de ministros do governo Lula.

Ex-presidente nacional do PT, a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, classificou o episódio como "o maior ataque já feito ao Brasil em tempos de paz" e acusou o governador paulista de colocar a “ideologia acima dos interesses do país”. 

Para ela, o tarifaço norte-americano é a continuação do projeto político de Jair Bolsonaro (PL), aliado de Tarcísio, que foi ministro do ex-presidente e passou a ser cotado para a corrida presidencial de 2026. “É a continuação do golpe pelo qual Bolsonaro responde no STF, agora usando tarifas de um país estrangeiro para impor seu projeto ditatorial. É nessa hora que uma nação distingue os patriotas dos traidores”, atacou.

Fernando Haddad comparou Tarcísio a um vassalo dos EUA.

O ministro do Empreendedorismo, Márcio França (PSB), ironizou o apoio de Tarcísio ao presidente estadunidense e disse que o tarifaço terá impacto no setor produtivo do estado de São Paulo, que detém a maior economia do país. França é um dos nomes cotados pela oposição para a disputa ao governo de São Paulo em 2026. “Quando desfilava de boné ‘Make America Great Again’, ninguém avisou que o paulista é quem pagaria a conta”, disse na rede social X, na postagem com uma foto de Tarcísio com o boné da campanha do republicano.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), comparou o governador paulista a um "vassalo" do presidente dos Estados Unidos. O petista foi derrotado por Tarcísio, em 2022, na corrida eleitoral ao Palácio dos Bandeirantes. "Não há espaço no Brasil para vassalagem, desde 1822 isso acabou. Então o que você está fingindo aqui? Ajoelhar diante de uma atitude unilateral, sem nenhum fundamento econômico? Sem nenhum fundamento político?", criticou Haddad, em entrevista ao Canal do Barão, no YouTube.

Não foi apenas o primeiro escalão de Lula a mirar em Tarcísio nas últimas horas. O deputado federal Carlos Zarattini (PT) questionou se o governador seguirá “aplaudindo Trump”, mesmo com São Paulo entre os estados mais penalizados pelas tarifas. “Topou chancelar a decisão de Trump contra seu país e contra o estado que governa”, criticou o parlamentar paulista.

Outro parlamentar a seguir na toada foi o deputado federal Lindbergh Farias (PT), em manifestação dizendo que o governador de São Paulo trocou a camisa do Brasil pelo boné do presidente norte-americano. “A máscara de Tarcísio está caindo. Não tem envergadura para defender o estado que governa e o país a que pertence”, disparou.

No mesmo tom, o deputado estadual Guilherme Cortez (Psol) acusou o governador de tentar se esquivar da responsabilidade com declarações evasivas. “Todo o Brasil vai lembrar de você com o bonezinho do Trump.” A deputada federal Erika Hilton (Psol) ainda chamou a família Bolsonaro e Tarcísio de Freitas de “traidores da pátria”.

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O governador de São Paulo reagiu às críticas e culpou o governo Lula por colocar a ideologia política acima da economia e disse que o petista se esconde atrás do ex-presidente Bolsonaro, na tentativa de responsabilizar o antecessor. “Tiveram tempo para prestigiar ditaduras, defender a censura e agredir o maior investidor direto no Brasil. Outros países buscaram a negociação”, manifestou-se Tarcísio.

Na manhã desta quinta-feira (10), o governador de São Paulo disse que iniciou conversas com a embaixada dos Estados Unidos e com encarregados pelas negociações com o governo do país, entre eles, representantes da Confederação Nacional das Indústrias (CNI). "Vamos deixar a questão política de lado e vou pensar no interesse do estado de São Paulo, vou pensar no interesse do cidadão”, declarou.

Tarcísio também rebateu o ministro da Fazenda na fala que o governo paulista tem uma atitude de "vassalagem" em relação a Trump. "Primeiro, acho que ele [Haddad] tem que cuidar da economia. Se ele cuidasse da economia, ele estaria indo bem. O Brasil não está indo bem, a gente tem um problema fiscal relevante. Cabe a ele falar menos e trabalhar mais", respondeu.

Na avaliação do cientista político e professor do Insper em São Paulo Leandro Consentino, o governador paulista “dobra a aposta” ao se posicionar contra o governo federal no caso envolvendo o tarifaço de Trump, apesar dos riscos para a economia do maior estado do país. “Em vez de tentar se desvencilhar, Tarcísio dobrou a aposta e bancou o discurso do Bolsonaro que a responsabilidade é do governo federal. Essa estratégia o leva a se aprofundar ainda mais à direita ao invés de caminhar ao centro”, analisa.

Consentino considera que Tarcísio passou a ser o principal alvo da esquerda por causa do impedimento de Bolsonaro, que teve os direitos políticos cassados, e pela possibilidade de o governador de São Paulo disputar as eleições presidenciais contra Lula em 2026. “O Partido dos Trabalhadores e o governo federal vão, claramente, centrar as baterias contra ele, dada a inelegibilidade do Bolsonaro, imaginando que Tarcísio de Freitas será o candidato da direita.”

Porém, Consentino ressalta que o apoio de Tarcísio a Trump pode respingar em sua posição de neutralidade em relação aos embates de Bolsonaro contra o Supremo Tribunal Federal (STF). “Embora ele sempre tenha evitado uma rota de colisão com a Suprema Corte, criticando mais o Lula e o PT, a narrativa de Trump está muito vinculada também ao STF. Ao endossar as medidas de Trump, Tarcísio diminui um pouco a margem de manobra para evitar os confrontos com o Supremo e será questionado sobre isso”, comenta o cientista político.

Ainda de acordo com ele, é incerto se Trump deve manter o tarifaço de 50% aos produtos brasileiros, sendo que o republicano possui o histórico de abrir as negociações com os países taxados antes de consolidar as medidas. “No entanto, se isso acontecer, será bastante preocupante para o próprio Tarcísio ter esboçado essa reação neste momento por causa da repercussão na economia do estado de São Paulo”, avalia.

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