Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Pesquisa

80% usam internet para fazer buscas sobre saúde

Entre os brasileiros, 68% consultam sobre medicamentos, 45% sobre hospitais e 41% desejam conhecer experiências de outros pacientes

Clínico-geral Ivan Jose Paredes Bartolomei: e-mail é útil para manter contato com pacientes, sanar pequenas dúvidas e dar orientações | Walter Alves/Gazeta do Povo
Clínico-geral Ivan Jose Paredes Bartolomei: e-mail é útil para manter contato com pacientes, sanar pequenas dúvidas e dar orientações (Foto: Walter Alves/Gazeta do Povo)

Oito em cada dez brasileiros usam a internet para buscar informações sobre sua saúde, o efeito de remédios e as condições de outros usuários com doenças semelhantes, de acordo com a pesquisa encomendada pela seguradora Bupa ao Instituto Ipsos e à London School of Economics. Em uma comparação com outros 11 países (Austrália, China, EUA, França, Alemanha, Índia, Itália, México, Rússia, Espanha e Reino Unido), o Brasil ficou em quinto lugar no índice de nações que mais pesquisam sobre saúde. Os russos ficaram no primeiro posto; por último, os franceses. Ao todo, o estudo ouviu 12,2 mil pessoas, sendo pouco mais de mil no Brasil.

Entre os brasileiros, 68% consultam a internet sobre medicamentos, 45% sobre hospitais e 41% desejam conhecer experiências de outros pacientes. O dado preocupante diz respeito aos 25% que não se certificam da confiabilidade da fonte de informação. "Por mais revolucionária que seja, existem muitas informações erradas e equivocadas na internet. Há páginas com erros grosseiros de medicina, como aquelas que não recomendam a vacinação para as crianças", explica João Adriano de Barros, pneumologista do Hos­­pital Nossa Senhora das Gra­­ças e membro das sociedades Bra­sileira e Paranaense de Pneumo­logia e Tisologia.

Conforme Barros, há casos em que a pesquisa do paciente atrapalha o diagnóstico. "Uma paciente estava com coceira generalizada e procurou um alergologista (especialista em alergias). Ela insistiu com outros profissionais da mesma especialidade e, mais tarde, foi diagnosticado um linfoma. A análise não pode ser tão simples", esclarece. "Um médico estuda seis anos de graduação, mais a residência, para estar capacitado a atender as pessoas. O processo de diagnosticar não poder ser simplificado a uma busca na internet", diz Alceu Fontana Pacheco Júnior, corregedor do Conselho Regional de Medicina (CRM-PR) e diretor de Saúde Comunitária da Associação Médica do Paraná.

Na avaliação de Pacheco Júnior, o paciente que chega ao consultório com seu diagnóstico, baseado em informações da internet, pode atrapalhar a consulta. "Sua opinião fica vinculada àquilo que ele pesquisou. Quando o diagnóstico não coincide, [o paciente] parte do pressuposto que o médico está errado. Isso atrapalha a relação médico/paciente", diz.

O acesso à informação por parte da sociedade não é necessariamente ruim, na avaliação do presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, Antonio Carlos Lopes. "O ‘Dr. Google’ pode dar orientação para o leigo em uma linguagem de fácil compreensão", afirma. Para ele, porém, a busca do diagnóstico na internet pode também levar à hipocondria e a automedicação. De modo geral, a orientação dos médicos aos pacientes é pesquisar em sites das sociedades médicas e de órgãos confiáveis, como o Minis­tério da Saúde.

* * * * * * * * * * * * *

Interatividade

Como a internet pode ser utilizada para pesquisas sobre saúde?

Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros