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| Foto: Hedeson Alves/Gazeta do Povo

Futuro

Medicamento livre da resistência

Uma solução para evitar a resistência bacteriana pode estar a caminho. Pesquisadores da Universidade Yeshiva, nos Estados Unidos, conseguiram criar antibióticos que não causam a evolução das bactérias. Eles já se mostraram eficientes contra a Vibrio cholerae, causadora de cólera, e a Escherichia Coli 0157:H7, causadora de contaminações alimentares. O segredo é não matar a bactéria, mas sim inutilizar uma enima, chamada MTAN, que faz com que esses micro-organismos ajam. Os pesquisadores acreditam que seja possível criar medicamentos desse tipo também para bactérias que causam meningite, pneumonia e infecções de garganta, pois todas elas apresentam a enzima MTAN.

  • Saiba como acontece o processo de resistência das bactérias aos antibióticos

Você certamente já precisou utilizar um antibiótico em algum momento de sua vida. Mas dificilmente, na hora da compra, o farmacêutico pediu a receita médica. É contra esta falta de controle que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quer lutar. Está em fase de análise pelo órgão uma medida que pode tornar obrigatória a re­­tenção de receita na compra desse tipo de medicamento. É que o uso excessivo e descontrolado de antibióticos faz mal, literalmente, a todo mundo: quem está consumindo sem acompanhamento ou até mesmo aquela pessoa que nunca ingeriu sequer uma pílula.

O médico infectologista Jaime Rocha, do laboratório Frischmann Aisengart, aponta que o consumo desmedido de medicamentos dessa classe tem dois viés maléficos. "Tem o indivíduo que o usa sem consultar um médico, porque um vizinho ou amigo indicou. Para ele, o problema é que pode estar tomando remédios desnecessários, que não vão ter efeito algum sobre a sua doença e ainda podem causar efeitos colaterais (principalmente desconforto estomacal)", diz.

O mais sério, segundo o infectologista, é um mal que pode chegar até quem nunca tomou antibiótico em sua vida inteira. "Quando um medicamento desses é consumido em excesso, sem controle, pode contribuir para o surgimento de bactérias resistentes. É que esses micro-organismos são seres mutáveis. Em um determinado momento, o antibiótico para de surtir efeito sobre eles", diz. Essa nova bactéria resistentes se espalha no ar, na água, no solo. Ao entrar em contato com ela, o indivíduo não terá mais a ajuda do antibiótico, mesmo que nunca tenha consumido.

Um exemplo desse processo é uma bactéria chamada Staphylo­coccus aureus. Causadora de doenças como a pneumonia, ela desenvolveu resistência à penicilina, principal antibiótico utilizado – de forma banalizada – em seu controle na primeira metade do século 20. Teme-se que outras bactérias possam seguir caminho parecidos pelo uso indiscriminados de antibiótios como amoxicilina, azitromicina, por exemplo, que combatem principalmente infecções de garganta e são os mais vendidos nas farmácias brasileiras.

O risco está no limite nos hospitais, segundo Hemerson Ber­tassoni Alves, coordenador do curso de Farmácia da Universidade Positivo. Ele explica que as superbactérias (resistentes a praticamente qualquer antibiótico) podem estar infestando os corredores e alas desses ambientes. "São os locais mais perigosos. Por isso ouve-se tantas notícias de mortes por infecção hospitalar. Pelo grande uso desses medicamentos, as bactérias criam resistência de forma mais intensa e são mais nocivas à saúde."

Trâmite

Se aprovada por um corpo técnico da Anvisa, a medida irá exigir que, durante a venda, o farmacêutico retenha a receita médica. Atual­mente, o comprador precisa apenas mostrá-la – procedimento que raramente é seguido, segundo o órgão regulador. Além disso, os laboratórios precisarão colocar em suas embalagens e bulas a informação "Ven­da sob prescrição médica – só pode ser vendido com retenção de receita". Os pareceres da Anvi­sa deverão ser divulgados até o próximo mês.

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