• Carregando...
Barulho, ansiedade e estresse motivaram os problemas para dormir do músico Allan Zago, que faz tratamento para insônia | Hugo Harada/ Gazeta do Povo
Barulho, ansiedade e estresse motivaram os problemas para dormir do músico Allan Zago, que faz tratamento para insônia| Foto: Hugo Harada/ Gazeta do Povo

Na medida

Dormir poucas horas por dias pode aumentar riscos de doenças do coração

O comportamento normal do sono varia entre cinco e dez horas por dia. "Mais do que isso pode aumentar os riscos de problemas cardiovasculares e menos do que isso também", afirma otorrinolaringologista Karin Dal Vesco. No entanto, quem dorme apenas cinco horas por dia não é necessariamente insone. "O maior termômetro para identificar a insônia é como a pessoa se sente ao longo do dia. É preciso ver se ela apresenta sonolência, déficit de atenção, se não tem um sono restaurador", explica a médica. O chamado dormidor curto consegue repor as energias perdidas durante o dia em poucas horas de sono, e isso é um comportamento que varia de acordo com cada pessoa.

Foi às vésperas do vestibular que os problemas para dormir do professor de violino Allan Zago, de 24 anos, começaram. "Eu morava no centro da cidade, havia muito barulho, e junto com a minha ansiedade e o estresse do vestibular, comecei a passar as noites em claro", lembra. A péssima disposição para enfrentar o dia, a perda de reflexos, o mau humor crescente e uma redução considerável de peso – cerca de oito quilos em poucos meses – o levaram a procurar um tratamento por conta própria.

INFOGRÁFICO: Veja boas dicas para evitar a insônia

INFOGRÁFICO: Na Trilha do sono

O músico começou a tomar Rivotril, um medicamento de venda controlada que também é usado como indutor do sono, e aos poucos, ficou viciado. "Tomava dez gotas e não dormia. Só no começo do ano passado, tendo que trabalhar e estudar ao mesmo tempo, que resolvi procurar ajuda, porque não estava mais dando conta do dia."

A insônia, assim como a de Zago, acomete entre 10% e 37% da popula­ção brasileira, de acordo com dados do Instituto de Otorrinolaringologia e Fo­noaudiologia (Inof) de São Paulo, e muitas vezes está associada a episódios estressantes ou traumáticos. É o que explica o pesquisador Fernando Louzada, Coordenador do Laboratório de Cronobiologia Humana da Universidade Federal do Paraná (UFPR). "A insônia é resultado de um quadro multifatorial. Existem muitos eventos que podem desencadear a insônia, mas depois que esse evento desaparece, a insônia continua". Outros fatores, como o estresse, geralmente alteram a produção de hormônios que interferem na atividade cerebral, como o cortisol, tornando-o mais ativo e menos propenso a aprofundar o sono.

Por conta de suas diferentes origens, combater a causa da insônia é a chave para o tratamento, explica Karin Dal Vesco, especialista em otorrinolaringologia e distúrbios do sono do Instituto do Sono de Curitiba. "A depressão é a causa mais comum, mas a apneia do sono, que impede o corpo de adormecer profundamente, também precisa ser tratada. Em paralelo, podem ser usados medicamentos indutores ou mantenedores do sono", diz. Tratamentos psicológicos também são recomendados.

Segundo Louzada, o diagnóstico pode ser feito clinicamente, ou seja, em uma conversa com o médico, e também pelo exame de polissonografia, que monitora as funções do organismo durante o sono. "O exame faz um diagnóstico diferenciado, e ajuda a identificar causas possíveis da insônia, como a apneia, por exemplo". Mesmo assim, o teste nem sempre é certeiro.

Terapia é aliada para combater a falta de sono

Entre os tratamentos auxiliares para a insônia, a terapia cognitivo-comportamental é uma das mais elogiadas pela eficiência, de acordo com o pesquisador Fernando Louzada. "Os médicos geralmente recomendam e ela possibilita suspender a medicação depois de pouco tempo", diz.

A psicóloga Márcia Assis, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), explica que o principal ponto da terapia cognitivo-comportamental é trabalhar na diminuição do sofrimento do paciente, sem deixar de observá-lo como um todo. "A pessoa com insônia tem prejuízos durante seu dia. A gente tenta descobrir então a causa, e em seguida trabalhar algumas estratégias que auxiliem a pessoa a construir um comportamento do sono. Ou seja, estratégias de relaxamento para que o paciente saia do estado de constante alerta e relaxe para ter sono", diz.

Para Márcia, a via medicamentosa deve ser trabalhada em conjunto, dependendo do caso, embora apenas a terapia seja indicada para curar casos de insônia menos grave. Entretanto, a psicóloga diz que raramente um paciente chega ao consultório se queixando de insônia. "Seja por indicação médica ou por conta própria, ele sempre se queixa de um quadro maior, como ansiedade, por exemplo. Não há um número mínimo de sessões, as situações variam a cada caso", completa.

OpiniãoO que você costuma fazer para se preparar para uma boa noite de sono?Deixe seu comentário abaixo e participe do debate.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]