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Por causa da enxaqueca, Nicolly (esquerda) repetiu a 6ª série | Aniele Nascimento / Gazeta do Povo
Por causa da enxaqueca, Nicolly (esquerda) repetiu a 6ª série| Foto: Aniele Nascimento / Gazeta do Povo

Dieta

Alimentação saudável pode prevenir crises de enxaqueca

Por mais que seja difícil fazer com que as crianças se afastem de fast-foods, chocolate, salgadinhos, embutidos e demais alimentos cheios de corantes e gorduras, essa medida pode trazer benefícios não apenas para suas dietas, mas também para prevenir dores de cabeça. "Alimentos gordurosos têm substâncias que causam uma dilatação dos vasos do circuito cerebral, fazendo com que mais sangue vá para o cérebro. Com isso, aumenta a probabilidade de enxaquecas", explica a neurologista infantil Ana Crippa.

A assistente social Adriana Granato é mãe de Henrique, de 8 anos, e comprovou a eficácia da readequação dos hábitos alimentares no combate à enxaqueca. O filho começou a ter crises fortes de enxaqueca mensalmente e ela, que também tem histórico da doença, decidiu procurar atendimento especializado. "Ele sempre gostou de chocolate e chegava a comer uma barra inteira por dia. Começamos o tratamento e ele passou a substituir o doce por frutas", conta ela, que ressalta que foi importante fazer com que a criança perceba a importância de participar do processo.

Não é necessário banir as guloseimas da dieta infantil, mas priorizar a moderação, como no caso de Henrique. "A criança pode continuar comendo o que gosta, mas os pais têm que ficar atentos para controlar as quantidades", comenta Ana. "Com uma alimentação mais balanceada, com vegetais e fibras, a maioria dos pacientes melhora e até dispensa o uso de medicamentos", assegura a médica.

Pode parecer exagero e manha, mas nem sempre a dor de cabeça alegada pelas crianças é apenas um motivo para fugir de provas na escola e de tarefas diárias. Existem vários tipos de "cefaleia", nome clínico para a enfermidade, e problemas como a enxaqueca afetam em torno de 15% da população brasileira, incluindo os pequenos. "Os pais precisam ficar atentos ao comportamento do filho. Dá para perceber quando existe um problema real e é importante sempre ouvir atentamente o que a criança diz", sinaliza o neuropediatra Paulo Liberalesso, médico do Hospital Pequeno Príncipe.

A mesma orientação é dada por Denize Fagundes, mãe da estudante Nicolly Fagundes Ferreira. A garota, hoje com 19 anos e com as crises de enxaqueca controladas, apresentava sintomas desde os 7 e sofria com dores de cabeça semanalmente, o que dificultava o acompanhamento das aulas. "Eu demorei a notar porque sempre achei que era exagero. Quando a Nicolly repetiu a 6.ª série, conversei com ela e com os professores e a levei ao médico", conta. Liberalesso aponta três quesitos que podem indicar que a dor de cabeça é mais séria: a intensidade e a frequência da dor, e a queda na qualidade de vida. "Se a criança para de brincar, pede para dormir ou come menos, as famílias precisam ficar atentas", alerta a neurologista infantil Ana Crippa, do Hospital de Clínicas.

Histórico

Entre as causas mais comuns para as dores de cabeça estão a enxaqueca – que afeta principalmente meninas –, a cefaleia tensional e a decorrente de falta de lentes corretivas para os olhos (ver infográfico), consideradas "cefaleias primárias". Para detectá-las, não é necessário exame. "O histórico da família é analisado e trabalhamos com o Diário de Crise, no qual se incluem informações como a duração da dor ou quando ela foi sentida", explica Liberalesso.

A situação fica mais séria quando há uma "cefaleia secundária", categoria em que se encontram condições como o tumor cerebral e as sinusites agudas. "Essas condições podem ser detectadas com uma mudança repentina na característica da dor ou um início abrupto e de forte intensidade", explica Ana. "A perda de força em algum membro ou alteração da fala também podem indicar cefaleia mais séria", exemplifica Liberalesso.

Quando a criança é pequena demais para conseguir se expressar e não há a possibilidade de fazer exames clínicos, a alternativa é fazer exames de imagem. "Há o risco de a radiação repetitiva trazer lesões, mas são casos raros. Procedimentos como a tomografia são os mais indicados nesses casos", garante a neurologista infantil.

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