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Toxina

O que é

A toxina botulínica é produzida pela bactéria Clostridium botulinum, responsável pela paralisia muscular associada à intoxicação alimentar, o botulismo. Quando injetada em pequenas doses bloqueia a liberação de células nervosas que provocam contração muscular e dor. Neste caso não há contraindicações.

Contra o suor em excesso

Além do uso na neurologia, a toxina botulínica é utilizada também no tratamento da sudorese excessiva, a hiperhidrose. A disfunção se caracteriza pela produção de suor fora da normalidade. A hiperhidrose está ligada à ação de substâncias químicas de origem nervosa, como a acetilcolina. A toxina botulínica age inibindo a liberação da substância nas áreas de maior sudorese.

De acordo com o dermatologista carioca André Braz, que usa a técnica há oito anos, as glândulas sudoríparas, responsáveis pelo suor, não sofrem alteração. "O que ocorre é o bloqueio da passagem do estímulo que provoca o suor", explica.

O cirurgião vascular Cléber Fabre faz o procedimento há quatro anos em Curitiba e diz que a aplicação é feita no consultório, com anestesia local e sem necessidade de repouso.

Essa foi a opção que o estudante William Vesely, 23 anos, fez para controlar a sudorese axilar. "Fiz há um ano e o efeito ainda continua. Suo normalmente quando faço exercícios ou em dias muito quentes."

Segundo Fabre, o efeito de uma aplicação varia entre sete e nove meses, mas pode se estender por mais tempo. "Como o nervo fica íntegro e a glândula de suor também, após um período ocorre a religação do nervo na glândula e o suor retorna." Além das axilas, a hiperhidrose se manifesta nas palmas das mãos e dos pés e também pode ser tratada com a toxina botulínica.

"É enlouquecedor. Com certeza a pior dor que já senti." É assim que o comerciante curitibano Jolvir Parolin, 70 anos, define as dores de cabeça durante as crises de neuralgia do trigêmeo, inflamação do nervo craniano ligado à sensibilidade da face. Assim que descobriu a doença, há oito anos, Parolin foi orientado a se submeter a aplicações de toxina botulínica tipo A, ou simplesmente Botox, como é conhecida comercialmente. "Foi a minha salvação. Chego a esquecer que tenho a doença", afirma.

O neurologista Pedro André Kowacs, do Instituto de Neurologia de Curitiba, acompanha o tratamento de Parolin e diz que a toxina, que ficou famosa por ser usada na área estética para atenuar rugas, age bloqueando a liberação de neurotransmissores responsáveis pela dor. "Essa ação é temporária, sendo necessária uma nova aplicação a cada três meses", diz o médico.

As aplicações são feitas no consultório e começam a fazer efeito em cinco dias. "São quase 30 'picadinhas' no rosto. Desde o queixo até o couro cabeludo", conta o comerciante.

O tratamento com a toxina é indicado para pacientes que, como Parolin, não podem se submeter a um procedimento cirúrgico para resolver o problema. "Tenho um marca-passo e o cardiologista não iria me liberar", diz o paciente.

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as principais marcas de toxina botulínica comercializadas no Brasil são a americana Botox e a inglesa Dysport. A Anvisa aceita o uso da substância para o tratamento de estrabismo, distonia cervical, espasmos, espasticidade, hiperhidrose e linhas faciais.

Mas a agência não reconhece o uso da toxina para cefaleia e informa que a prescrição do medicamento para esses casos é de responsabilidade do médico.

Célia Roesler, coordenadora do Departamento de Cefaleia da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), conta que, de acordo com levantamento da entidade, a toxina é usada com sucesso há oito anos contra enxaqueca em consultórios brasileiros.

O neurologista Paulo Bittencourt ,do Hospital Nossa Senhora das Graças, faz aplicações de toxina botulínica para cefaleia tensional, provocada por contração dos músculos da região do pescoço e ombros. "Usamos em pessoas com fortes dores e que não respondem satisfatoriamente a outros medicamentos."

O neurologista diz que o custo inviabiliza que o tratamento com a substância seja usado por um número maior de pacientes. "Um frasco é importado por R$ 1,2 mil. Em alguns pacientes é necessário mais de uma aplicação", explica.

Antes da estética

Segundo Hélio Teive, responsável pelo ambulatório de aplicação da toxina do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, o uso da substância para tratamento de doenças neurológicas é anterior à aplicação estética. "A toxina começou a ser usada nos Estados Unidos, no início dos anos 1990, para o tratamento de estrabismo", diz. Como a aplicação era na região dos olhos, observou-se que a substância ajudava a atenuar as rugas.

Mesmo com a fama que a substância ganhou na área estética, os avanços das pesquisas na aplicação em doenças não parou. Atualmente a toxina é usada para doenças do tecido muscular, como espasmos faciais, distonias (contração involuntária em músculos não-faciais), e espasticidade (resistência para o relaxamento muscular).

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