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Cada vez mais cedo

Para fazer os meninos comerem direito, só com muita paciência, conversa e negociação", explica a professora Iara Chueh | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
Para fazer os meninos comerem direito, só com muita paciência, conversa e negociação", explica a professora Iara Chueh (Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo)

O assunto deixa muitos pais de cabelos em pé e os especialistas garantem que é verdade: as crianças de hoje se desenvolvem muito mais rápido que as de décadas atrás. E a culpa, segundo o médico endocrinologista e membro da Sociedade Brasileira de Endocri­­nologia e Metabologia (SBEM) Henrique Suplicy, está no peso. "A obesidade acelera o processo de puberdade porque esse excesso de peso leva a uma produção precoce e mais rápida de hormônios, acelerando o processo tanto nas meninas quanto nos meninos", diz.

Para ele, outro fator determinante passa longe da alimentação. "A exposição à sexualidade cada vez mais cedo faz com que as crianças sejam mais precoces. Se elas têm o hábito de ver cenas de sexo na tevê, por exemplo, provavelmente desenvolverão muito mais cedo sua sexualidade."

Hoje, 9 anos é a idade normal para uma menina começar a ter sinais de puberdade, como desenvolvimento das mamas. Entre os meninos, o normal é que a partir dos 10 anos começem a aparecer pelos e aumento do volume dos testículos. "Antes disso, a puberdade é considerada precoce e ela deve ser encaminhada a um endocrinologista."

Pequenos estão acima do peso

Se os adultos de hoje mostram problemas de saúde derivados dos novos hábitos de vida, entre as crianças e adolescentes, a situação é ainda mais grave. Os números mostram o tamanho do problema: segundo a pesquisa Vigitel, em 2009, 33,5% das crianças entre 5 e 9 anos tinham excesso de peso e 14,3% eram obesas.

Entre os pequenos, a combinação de uma alimentação errada, cheia de salgadinhos, biscoitos recheados, fast food, refrigerantes e guloseimas, com a falta de exercícios físicos regulares pode ser explosiva. "Antes, era raro uma criança sedentária, porque elas brincavam na rua o dia todo e isso exigia que corressem, pulassem e se movimentassem bastante. Hoje, o oposto impera e, por causa da violência, o videogame, a tevê e o computador viraram as principais fontes de entretenimento", explica Victor Horácio de Souza Costa Júnior, médico pediatra do Hospital Pequeno Príncipe e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

Doenças de adulto

O resultado de uma alimentação mais pobre em nutrientes importantes e poucos exercícios ao ar livre é um grande mal para a saúde. "Obesi­dade nunca vem sozinha e traz uma série de complicações. Hoje, há um número significativo de crianças e adolescentes que sofrem com doenças de adultos, como hipertensão, problemas articulares, diabete, enfarte e AVC, todas em decorrência do excesso de peso", diz Rosana Ra­domiski, presidente da Asso­ciação Bra­sileira paro o Estudo da Obesidade e da Síndrome Me­tabólica (Abeso).

Por isso, segundo Costa Júnior, o aumento de peso dos filhos deve ligar o sinal de alerta entre os pais e inspirar bastante preocupação. "Crianças obesas têm grandes chances de serem adultos igualmente gordos, gerando complicações da saúde e uma diminuição drástica da qualidade de vida. Ações simples, como se alimentar com qualidade e praticar esportes regularmente, fazem uma diferença e tanto neste sentido."

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