• Carregando...
Para fazer os meninos comerem direito, só com muita paciência, conversa e negociação", explica a professora Iara Chueh | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
Para fazer os meninos comerem direito, só com muita paciência, conversa e negociação", explica a professora Iara Chueh| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo

Sem milagre, mas com muita negociação

"Mãe não faz milagre. Para fazer os meninos comerem direito, só com muita paciência, conversa e negociação", explica a professora Iara Chueh. E ela sabe do que está falando. Há anos, Iara tenta reduzir a quantidade de guloseimas do cardápio e fazer com que os dois filhos – Nícolas, de 12 anos, e Gustavo, de 8 – se alimentem de maneira mais saudável. Para isso, valem até algumas estratégias. "Evito comprar produtos industrializados e prefiro fazer pães, bolos e biscoitos em casa. Como os meninos não comem salada, invisto em alguns truques, como preparar um bolo de cenoura ou uma panqueca com um pouco de legumes de vez em quando", diz. Para fugir do sobrepeso e evitar problemas de saúde, a mãe incentiva os filhos a saírem da frente do computador e se exercitarem. "Não é nada fácil e vivo tendo que negociar para substituir as horas na internet por atividades ao ar livre. Agora, combinamos de fazer passeios de bicicleta, um exercício no qual podemos nos divertir juntos."

Refeições fora de casa...

...não são responsáveis pelos quilos a mais do brasileiro, como explica a médica nutróloga e diretora da Associação Brasileira de Nutrologia, Marcella Garcez Duarte. "Comer em restaurante não significa comer mal. Se a pessoa opta por um restaurante self-service, no qual monta um prato com arroz, feijão, uma carne e muita salada fresca, está se alimentando com qualidade. Do contrário, se troca a refeição por um fast food ou guloseimas, aí sim está errado."

Plásticas

Mulheres com mais curvas

Se as pesquisas mostram que as brasileiras estão mais altas e gordinhas, um estudo do Instituto Gessy & Gessy, de Santa Catarina, divulgado no ano passado, mostra que elas também estão bem mais curvilíneas que as gerações passadas. Segundo o estudo, entre 1982 e 2006, as brasileiras ganharam 4 centímetros de busto, 9 de cintura e 4 de quadril.

A causa principal, segundo o cirurgião plástico e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Sérgio Gradowski, é o grande número de casos de obesidade, o que aumentou as formas da população. "No caso dos seios, outro impacto grande foi o crescimento no número de operações para colocação de silicone", explica.

O assunto deixa muitos pais de cabelos em pé e os especialistas garantem que é verdade: as crianças de hoje se desenvolvem muito mais rápido que as de décadas atrás. E a culpa, segundo o médico endocrinologista e membro da Sociedade Brasileira de Endocri­­nologia e Metabologia (SBEM) Henrique Suplicy, está no peso. "A obesidade acelera o processo de puberdade porque esse excesso de peso leva a uma produção precoce e mais rápida de hormônios, acelerando o processo tanto nas meninas quanto nos meninos", diz.

Para ele, outro fator determinante passa longe da alimentação. "A exposição à sexualidade cada vez mais cedo faz com que as crianças sejam mais precoces. Se elas têm o hábito de ver cenas de sexo na tevê, por exemplo, provavelmente desenvolverão muito mais cedo sua sexualidade."

Hoje, 9 anos é a idade normal para uma menina começar a ter sinais de puberdade, como desenvolvimento das mamas. Entre os meninos, o normal é que a partir dos 10 anos começem a aparecer pelos e aumento do volume dos testículos. "Antes disso, a puberdade é considerada precoce e ela deve ser encaminhada a um endocrinologista."

Pequenos estão acima do peso

Se os adultos de hoje mostram problemas de saúde derivados dos novos hábitos de vida, entre as crianças e adolescentes, a situação é ainda mais grave. Os números mostram o tamanho do problema: segundo a pesquisa Vigitel, em 2009, 33,5% das crianças entre 5 e 9 anos tinham excesso de peso e 14,3% eram obesas.

Entre os pequenos, a combinação de uma alimentação errada, cheia de salgadinhos, biscoitos recheados, fast food, refrigerantes e guloseimas, com a falta de exercícios físicos regulares pode ser explosiva. "Antes, era raro uma criança sedentária, porque elas brincavam na rua o dia todo e isso exigia que corressem, pulassem e se movimentassem bastante. Hoje, o oposto impera e, por causa da violência, o videogame, a tevê e o computador viraram as principais fontes de entretenimento", explica Victor Horácio de Souza Costa Júnior, médico pediatra do Hospital Pequeno Príncipe e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

Doenças de adulto

O resultado de uma alimentação mais pobre em nutrientes importantes e poucos exercícios ao ar livre é um grande mal para a saúde. "Obesi­dade nunca vem sozinha e traz uma série de complicações. Hoje, há um número significativo de crianças e adolescentes que sofrem com doenças de adultos, como hipertensão, problemas articulares, diabete, enfarte e AVC, todas em decorrência do excesso de peso", diz Rosana Ra­domiski, presidente da Asso­ciação Bra­sileira paro o Estudo da Obesidade e da Síndrome Me­tabólica (Abeso).

Por isso, segundo Costa Júnior, o aumento de peso dos filhos deve ligar o sinal de alerta entre os pais e inspirar bastante preocupação. "Crianças obesas têm grandes chances de serem adultos igualmente gordos, gerando complicações da saúde e uma diminuição drástica da qualidade de vida. Ações simples, como se alimentar com qualidade e praticar esportes regularmente, fazem uma diferença e tanto neste sentido."

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]