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Câncer

Casos de linfoma em escalada

O número de pacientes dobrou em 25 anos, mas, com novas opções de tratamento, índice de recuperação chega a 70%

Reynaldo Gianecchini foi diagnosticado com linfoma não Hodgkin de células T: tipo agressivo da doença | Blenda Gomes/ Tv Globo
Reynaldo Gianecchini foi diagnosticado com linfoma não Hodgkin de células T: tipo agressivo da doença (Foto: Blenda Gomes/ Tv Globo)

Há duas semanas, a notícia de que o ator Reynaldo Gianecchini, 38 anos, estava com um linfoma causou surpresa. Os especialistas, po­­rém, garantem: este não é um caso isolado. O diagnóstico desse tipo de doença está cada vez mais comum. Segundo informações do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o número de pacientes dobrou nos últimos 25 anos, especialmente entre os idosos.

"A incidência da doença vem au­­mentando entre 3% e 4% ao ano nas últimas décadas. É o câncer cujos registros mais aumentaram nesse período e essa rapidez no cres­­cimento vem inspirando preocupação", explica o professor de He­­matologia da Santa Casa de São Paulo e diretor da Associação Bra­­sileira de Hematologia e de Hemo­terapia (ABHH), Carlos Chiattone.

Por enquanto, a explicação para esse aumento não foi identificada. "Não é uma exclusividade brasileira, mas uma tendência mundial, e não se sabe qual é a causa. Alguns pesquisadores associam a processos virais e outros defendem que a culpa é do aumento da expectativa de vida da população, mas nada é conclusivo", comenta a médica hematologista e diretora da Sociedade Brasileira de Pato­lo­­gia (SBP), Monica Blaya de Azevedo.

Evolução

O avanço da doença é silencioso e os nódulos geralmente são encontrados em exames de check-up. "É comum a pessoa fazer seus exames de rotina e descobrir alguma alteração no hemograma, levando o médico a pedir uma investigação mais aprofundada", explica o médico hematologista do Hospital Erasto Gaertner Eduardo Munhoz.

Os sintomas da doença são variados, mas a maior parte dos pacientes tem um aumento dos linfonodos (chamados popularmente de ínguas), localizados no pescoço, dentro do abdome, no tórax, nas axilas e na virilha, sem uma evidência de infecção no organismo. Em 30% dos casos, também há perda de peso acentuada, coceira no corpo, sudorese noturna e febre de origem desconhecida.

Mas, segundo a representante da SBP, identificar esses sintomas não é garantia de que a pessoa tem a doença ou que ela está em estágio avançado. "Há casos em que esses sinais são motivados por outros problemas de saúde que não são relacionados com câncer, como inflamações em alguma parte do corpo."

Tratamento

Hoje, as principais formas de tratamento são a radioterapia e a quimioterapia, mas novas terapias vêm ganhando espaço nos casos de linfomas de células B, o mesmo que a presidente da República, Dilma Rousseff, teve em 2009. A principal é a terapia com anticorpos monoclonais que, diferentemente da quimioterapia, atinge somente as células cancerígenas e preserva os tecidos saudáveis.

A própria presidente Dilma foi tratada com este tipo de imunoterapia e, pelas informações disponibilizadas pelo Hospital Sírio-Libanês, responsável pelo tratamento, a recuperação foi satisfatória. "Com esta novidade, as chances de cura do linfoma são muito maiores e, quando associada à quimioterapia, verificou-se uma evolução importante no quadro dos pacientes", diz Chiattone.

Nos linfomas mais agressivos, a taxa de cura usando apenas a quimioterapia geralmente é de 40%. Na terapia conjunta, salta para 60% a 70%. "No caso de linfomas incuráveis, pacientes tratados somente com quimioterapia tiveram sobrevida de cinco anos, enquanto os que passaram pela terapia conjunta tiveram 15 anos." Para linfomas de células T, o que acometeu Gianecchini, este tipo de tratamento ainda não está disponível. Em casos mais graves de linfoma, é preciso recorrer a um transplante de medula óssea.

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