
Os especialistas são unânimes: a mamografia é o exame mais eficiente para identificar um câncer de mama logo no início. A precisão do procedimento impressiona. Mesmo as máquinas mais tradicionais têm uma eficiência de quase 98% na identificação de tumores e conseguem captar inclusive nódulos menores que um centímetro, o que garante 95% de probabilidade de cura.
"Esse é o único método que resultou em uma redução efetiva no número de óbitos por câncer de mama. Pesquisas internacionais mostram uma diminuição de até 30% nas chances de morte pela doença em mulheres que fazem a mamografia pelo menos anualmente", explica a coordenadora do serviço de Radiologia da Mulher do Diagnóstico Avançado Por Imagem (Dapi) da Comissão Nacional de Mama do Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR), Linei Urban.
Mesmo com os bons resultados na detecção precoce de tumores, o exame ainda encontra resistência entre as mulheres. O maior problema é que um número considerável não faz a mamografia por considerar o procedimento doloroso. "Claro que é desconfortável e mesmo os métodos mais modernos geram um pouco de desconforto, mas é totalmente tolerável e nada que impeça a realização do exame", comenta Giovanna Beatriz Nunes do Nascimento, diretora-clínica da Alphasonic Diagnóstico por Imagem.
Para quem foge da mamografia por medo do incômodo, Linei explica que a compressão da mama é necessária. "A intenção é não permitir que a ela se mova, o que prejudica a qualidade das imagens. Além disso, quanto mais plana ficar a mama no aparelho, melhor fica a imagem. Ou seja: se a mamografia não comprime a mama e não incomoda, provavelmente o exame não foi bem feito."
Algumas dicas ajudam a tornar o momento do exame menos dolorido. "A mulher tem de tentar relaxar e não ficar muito tensa. Outra dica é não fazer o exame nos dias que antecedem a menstruação, mas sempre uma semana depois. Como a maioria sente um inchaço nos seios às vésperas de menstruar, o desconforto aumenta."
Autoexame
Um erro comum é achar que, por fazer o autoexame regularmente e nunca ter identificado um nódulo, ou não apresentar qualquer sintoma, não é necessário realizar a mamografia todos os anos. "O câncer de mama não dói e a mulher só sente o nódulo quando ele já está grande. Quando a paciente diz que apalpou um tumor, a doença já está instalada e as chances de cura são de apenas 60% a 70%. Por isso, o ideal é não confiar inteiramente no autoexame e nunca abrir mão da mamografia", diz o médico oncologista do Instituto de Oncologia do Paraná (IOP) e do Hospital Erasto Gaertner João Antônio Guerreiro.
A recomendação é que todas as mulheres façam a mamografia anualmente a partir dos 40 anos. "Se ela tem história da doença na família, deve começar a partir dos 30 e pedir uma ressonância magnética das mamas para que o médico consiga um resultado mais aprofundado", orienta o médico radiologista Aron Belfer, do CDB Premium.
Guerreiro explica que o histórico só é relevante se a mulher teve três episódios de câncer na família. "Se só a avó teve câncer de mama, a história é fraca e pode ser desconsiderada. Mas se, além da avó, ela tem uma prima com tumor no ovário e uma tia que teve câncer de intestino, aí merece atenção."
Má distribuição compromete atendimento
Se na Europa a mamografia é apontada como responsável pela diminuição nos números de mortes em decorrência do câncer de mama, por sua capacidade de oferecer diagnósticos precoces, no Brasil o recuo nos índices não é tão perceptível, por uma série de motivos. "Os mamógrafos estão mal distribuídos, não têm a qualidade necessária e algumas regiões do país, como o Norte e o Nordeste, nem sequer contam com aparelhos suficientes", explica a coordenadora da Comissão Nacional de Mama do Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR), Linei Urban.
Outra reclamação, segundo ela, está na falta de qualidade dos serviços oferecidos. "Não adianta só fazer a mamografia. A mulher precisa ter segurança de que o exame tem boa qualidade para confiar nos resultados."
Controle de qualidade
Para ajudar as pacientes na escolha, o CBR criou um programa de qualidade em mamografia para avaliar e respaldar os serviços oferecidos no Brasil. A iniciativa avaliou a dosagem de radiação, a qualidade da imagem gerada e a qualificação dos profissionais. O resultado, segundo ela, foi assustador. "Somente 10% dos aparelhos obtiveram o selo de qualidade por enquanto."
Para saber se o exame que você pretende fazer é de boa qualidade, a dica é ficar de olho no selo de qualidade emitido pelo CBR. No site da instituição (www.cbr.org.br) há uma lista com as clínicas que receberam o selo.
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