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Exames em dia -Em 2008, a enfermeira Janaina Fernandes Cardoso decidiu fazer um check-up de rotina e levou um susto logo em sua primeira mamografia: tinha um nódulo na mama direita. “Na época tinha 26 anos e até hoje não tenho histórico da doença na família. Como não pertencia ao grupo de risco, o diagnóstico foi realmente inesperado”, relembra. O tumor foi retirado com sucesso e não voltou, mas, como tem chances de a doença reincidir, Janaina mantém todo o cuidado e não abre mão das mamografias anuais. Nem o desconforto do procedimento a assusta. “Claro que a mama é sensível, mas sei que é rápido e pode salvar minha vida, então por que não fazê-lo?” | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
Exames em dia -Em 2008, a enfermeira Janaina Fernandes Cardoso decidiu fazer um check-up de rotina e levou um susto logo em sua primeira mamografia: tinha um nódulo na mama direita. “Na época tinha 26 anos e até hoje não tenho histórico da doença na família. Como não pertencia ao grupo de risco, o diagnóstico foi realmente inesperado”, relembra. O tumor foi retirado com sucesso e não voltou, mas, como tem chances de a doença reincidir, Janaina mantém todo o cuidado e não abre mão das mamografias anuais. Nem o desconforto do procedimento a assusta. “Claro que a mama é sensível, mas sei que é rápido e pode salvar minha vida, então por que não fazê-lo?”| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo

Mitos

Veja o que é verdade ou não quando o assunto é mamografia:

A radiação liberada pelo exame é perigosa e pode causar câncer.

Mito. A radiação usada na mamografia é muito baixa e não causa problemas. Para se ter uma ideia, ela não passa de 1,5 milirem, enquanto a dosagem máxima permitida, sem oferecer riscos à saúde, é de 3 milirem.

Mulheres com silicone nos seios não podem fazer mamografia.

Mito. Elas podem fazer o exame, mas é bom avisar o profissional sobre a cirurgia para que ele faça manobras específicas na hora da compressão da mama. E não é preciso se preocupar: ter silicone não faz com que o exame doa mais que o normal. Também não há risco de o implante se romper durante o procedimento.

Não é indicado usar desodorantes e cremes na região das mamas e da axila no dia do exame.

Verdade. Alguns produtos, principalmente desodorantes antitranspirantes, têm partículas que "brilham" durante o exame, o que confunde a visualização das imagens e pode encobrir lesões.

Mulheres grávidas não podem fazer mamografia.

Mito. Mulheres em qualquer período da gestação podem fazer o exame, mas devem alertar o médico para que sejam feitas técnicas de preservação do feto. Mesmo em casos de atraso menstrual – com possibilidade de gravidez –, o médico precisa ser avisado.

Modelos

Conheça os três principais tipos de mamografia à disposição em clínicas e hospitais:

Mamografia convencional

Próximo à área onde a mama é comprimida, há um filme que registra uma imagem do formato do seio e suas estruturas internas, da maneira semelhante a raios-X. Finalizado o exame, o filme é revelado, o que rende as chapas com os resultados. Se precisar ampliar ou clarear a imagem, é necessário tirar novas impressões.

Mamografia digital

Nela, as imagens das estruturas internas da mama são transmitidas de maneira digital para um computador e o profissional acompanha a visualização em um monitor, podendo arquivar, ampliar e clarear a imagem, além de transmiti-las para outros computadores. Esse método é mais eficiente na detecção de tumores em pacientes mais jovens (antes dos 40 anos) e oferece uma visualização melhor que o método tradicional, mas não se engane: a máquina emite uma quantidade de radiação igual à convencional e o método de compressão da mama é semelhante, o que garante o mesmo incômodo durante o exame.

Tomossíntese mamária

Método bastante recente, foi aprovado no ano passado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas ainda existem poucos aparelhos desse tipo à disposição no Brasil. Chamada de mamografia 3D, utilliza o mesmo princípio das demais quanto à compressão da mama, mas, geralmente, a pressão é um pouco mais leve e o exame, menos incômodo. A diferença é que gera de 25 a 60 imagens da mama, em múltiplos ângulos e aproximações, no mesmo tempo e com a mesma dosagem de radiação das outras técnicas. Por oferecer uma qualidade de imagem maior, tem potencial para aumentar a precisão e rapidez do diagnóstico, sendo 15% mais eficiente na detecção precoce de tumores. Por enquanto, é associada à mamografia digital, mas novos estudos tentam verificar a efetividade da tomossíntese como único exame.

Os especialistas são unânimes: a mamografia é o exame mais eficiente para identificar um câncer de mama logo no início. A precisão do procedimento impressiona. Mesmo as máquinas mais tradicionais têm uma eficiência de quase 98% na identificação de tumores e conseguem captar inclusive nódulos menores que um centímetro, o que garante 95% de probabilidade de cura.

"Esse é o único método que resultou em uma redução efetiva no número de óbitos por câncer de mama. Pesquisas internacionais mostram uma diminuição de até 30% nas chances de morte pela doença em mulheres que fazem a mamografia pelo menos anualmente", explica a coordenadora do serviço de Radiologia da Mulher do Diagnóstico Avançado Por Imagem (Dapi) da Comissão Nacional de Mama do Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR), Linei Urban.

Mesmo com os bons resultados na detecção precoce de tumores, o exame ainda encontra resistência entre as mulheres. O maior problema é que um número considerável não faz a mamografia por considerar o procedimento doloroso. "Claro que é desconfortável e mesmo os métodos mais modernos geram um pouco de desconforto, mas é totalmente tolerável e nada que impeça a realização do exame", comenta Giovanna Beatriz Nunes do Nascimento, diretora-clínica da Alphasonic Diagnóstico por Imagem.

Para quem foge da mamografia por medo do incômodo, Linei explica que a compressão da mama é necessária. "A intenção é não permitir que a ela se mova, o que prejudica a qualidade das imagens. Além disso, quanto mais plana ficar a mama no aparelho, me­­lhor fica a imagem. Ou seja: se a ma­­mografia não comprime a mama e não incomoda, provavelmente o exame não foi bem feito."

Algumas dicas ajudam a tornar o momento do exame menos dolorido. "A mulher tem de tentar relaxar e não ficar muito tensa. Outra dica é não fazer o exame nos dias que antecedem a menstruação, mas sempre uma semana depois. Como a maioria sente um inchaço nos seios às vésperas de menstruar, o desconforto aumenta."

Autoexame

Um erro comum é achar que, por fazer o autoexame regularmente e nunca ter identificado um nódulo, ou não apresentar qualquer sintoma, não é necessário realizar a mamografia todos os anos. "O câncer de mama não dói e a mulher só sente o nódulo quando ele já está grande. Quando a paciente diz que apalpou um tumor, a doença já está instalada e as chances de cura são de apenas 60% a 70%. Por isso, o ideal é não confiar inteiramente no autoexame e nunca abrir mão da mamografia", diz o médico oncologista do Instituto de Oncologia do Paraná (IOP) e do Hospital Erasto Gaertner João Antônio Guerreiro.

A recomendação é que todas as mulheres façam a mamografia anualmente a partir dos 40 anos. "Se ela tem história da doença na família, deve começar a partir dos 30 e pedir uma ressonância magnética das mamas para que o médico consiga um resultado mais aprofundado", orienta o médico radiologista Aron Belfer, do CDB Premium.

Guerreiro explica que o histórico só é relevante se a mulher teve três episódios de câncer na família. "Se só a avó teve câncer de mama, a história é fraca e pode ser desconsiderada. Mas se, além da avó, ela tem uma prima com tumor no ovário e uma tia que teve câncer de intestino, aí merece atenção."

Má distribuição compromete atendimento

Se na Europa a mamografia é apontada como responsável pela diminuição nos números de mortes em decorrência do câncer de mama, por sua capacidade de oferecer diagnósticos precoces, no Brasil o recuo nos índices não é tão perceptível, por uma série de motivos. "Os mamógrafos estão mal distribuídos, não têm a qualidade necessária e algumas regiões do país, como o Norte e o Nordeste, nem sequer contam com aparelhos suficientes", explica a coordenadora da Comissão Nacional de Mama do Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR), Linei Urban.

Outra reclamação, segundo ela, está na falta de qualidade dos serviços oferecidos. "Não adianta só fazer a mamografia. A mulher precisa ter segurança de que o exame tem boa qualidade para confiar nos resultados."

Controle de qualidade

Para ajudar as pacientes na escolha, o CBR criou um programa de qualidade em mamografia para avaliar e respaldar os serviços oferecidos no Brasil. A iniciativa avaliou a dosagem de radiação, a qualidade da imagem gerada e a qualificação dos profissionais. O resultado, segundo ela, foi assustador. "Somente 10% dos aparelhos obtiveram o selo de qualidade por enquanto."

Para saber se o exame que você pretende fazer é de boa qualidade, a dica é ficar de olho no selo de qualidade emitido pelo CBR. No site da instituição (www.cbr.org.br) há uma lista com as clínicas que receberam o selo.

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Interatividade:

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