
As inflamações da bexiga, também chamadas de cistite, atingem metade das mulheres pelo menos uma vez na vida e o tratamento geralmente é feito com antibióticos. Porém, para os casos de cistite recorrente duas vezes no semestre ou três vezes ao ano já existe um novo tratamento preventivo que estimula o sistema imunológico, diminuindo a frequência e a intensidade dos sintomas.
O medicamento chamado Uro-Vaxom é desenvolvido pela Apsen Farmacêutica e custa em torno de R$ 94, mas só deve ser usado com indicação médica. Segundo Rogério de Fraga, coordenador do ambulatório de uroginecologia do Hospital de Clínicas, o tratamento imunoestimulante é feito com comprimidos que possuem um extrato de diferentes tipos da bactéria Eschirichia coli (E.coli), principal causadora da infecção na bexiga. "Ele estimula o sistema imunológico a combater a bactéria, que terá mais dificuldade de proliferar-se. É um princípio parecido com o de uma vacina", completa. Por isso, o tratamento deve ser repetido de três em três meses.
Fraga também afirma que 80% dos casos de cistite recorrente são resolvidos com hidratação e hábitos de higiene. "A ação que mais protege o organismo é o fluxo urinário, pois com ele é eliminada uma quantidade significativa de colônias bacterianas que ficam na bexiga. Por isso, é importante que a paciente hidrate-se e não fique muito tempo sem ir ao banheiro."
Os hábitos de higiene, como a limpeza adequada da região perianal depois da evacuação e no banho são indispensáveis. Entretanto, o exagero também é perigoso. "A lavagem muitas vezes ao dia pode matar a flora vaginal natural, impedindo que o próprio organismo se defenda da bactéria", afirma Fernando Meyer, chefe da urologia do Hospital Cajuru. Também é importante manter uma alimentação saudável com frutas, verduras e fibras para garantir o bom funcionamento do intestino e impedir a proliferação da bactéria.
Algumas mulheres, mesmo adotando as medidas preventivas, desenvolvem novamente a infecção. Isso pode acontecer por causa da automedicação. Por isso, Meyer alerta para a importância do acompanhamento médico, pois outros fatores, como cálculos renais e até mesmo tumores na bexiga, podem estar relacionados com o reaparecimento do problema. "Se a paciente não faz o tratamento adequado, que só pode ser prescrito pelo médico, a dor passa, mas a causa da infecção pode não ser combatida, ocasionando a recorrência", explica. Em caso de não ser tratada corretamente, a cistite pode atingir os rins, gerando uma infecção mais grave.
Cuidado especial na gestação
Durante a gestação a mulher fica mais vulnerável à infecção, pois o transporte da urina torna-se mais lento, propiciando a proliferação da bactéria. A ginecologista Stella Miyazawa alerta que a infecção urinária é a principal causa de trabalho de parto prematuro. "Muitas vezes a cistite não manifesta sintomas na gestante, por isso é muito importante realizar o pré-natal", afirma. A dona de casa Jane da Rocha, 49 anos, teve cistite no início da sua primeira gravidez. "Fui ao banheiro e senti um ardor para urinar. Fiz o tratamento recomendado pelo médico e nunca mais tive a infecção."



