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Rodrigo e Luciana Barranco, com o primogênito do casal, Gustavo, veem os gastos com o congelamento do cordão de seus filhos como investimento e não como despesa | Marcelo Elias/Gazeta do Povo
Rodrigo e Luciana Barranco, com o primogênito do casal, Gustavo, veem os gastos com o congelamento do cordão de seus filhos como investimento e não como despesa| Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo

Banco em Curitiba já tem mil bolsas

Curitiba tem um banco privado para armazenamento de sangue do cordão umbilical desde 2004. Em seis anos, foram armazenadas cerca de mil bolsas. A maioria (95%) é de casais do Paraná. Entre eles estão Rodrigo e Luciana Barranco, que em janeiro de 2005 congelaram o sangue do cordão umbilical do primeiro filho, Gustavo. Agora, o casal se prepara para fazer a mesma coisa com o segundo filho, Gabriel, que deve nascer nas próximas semanas. "Vemos isso como um seguro de vida. A gente espera nunca precisar usar, mas a medicina avança e ainda podem ser descobertas tantas coisas. Para nós é como se fosse um plano de saúde, vemos como um investimento e não como uma despesa", afirma Luciana.

De todas as bolsas, até agora nenhuma foi utilizada. "Ainda é pouco tempo. Nesse período, uma das crianças que tem sangue armazenado aqui teve leucemia, mas acabou respondendo bem ao tratamento com quimioterapia e não precisou de transplante. De qualquer maneira, no caso de uma recidiva temos essa opção", explica o geneticista e diretor do Cryogene, Fabio Rueda Faucz. (CV)

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As pesquisas com células-tronco são a grande promessa da medicina para o futuro. Espera-se que nas próximas décadas pacientes com doenças degenerativas, autoimunes, cardiovasculares e até mesmo pessoas que sofreram acidentes e tiveram os movimentos paralisados possam ser beneficiadas com terapias desse tipo. Por enquanto, todas essas possibilidades ainda estão longe de ser tornar realidade. Mesmo assim, há quem aposte nos avanços tecnológicos da medicina e desde já se preocupe em conservar materiais com a esperança de que no futuro eles possam vir a salvar vidas.

Cerca de 25 mil pais e mães brasileiros já optaram por congelar o sangue do cordão umbilical de seus bebês. O sangue de cordão umbilical e placenta (SCUP) é fonte de células-tronco adultas. Em média, para cada cordão, o casal desembolsa cerca de R$ 3 mil iniciais para que sejam feitos a coleta, os exames e os procedimentos necessários para o congelamento. Depois continua pagando uma anuidade que gira em torno de R$ 500 para a manutenção do material. Com as pesquisas ainda em níveis bastante experimentais, fica a dúvida: vale a pena investir essa quantia sem a garantia de como ou quando esses materiais terão uma aplicação real em tratamentos?

Na opinião do professor e pesquisador do Núcleo de Cardio­mioplastia Celular da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Paulo Brofman, embora as perspectivas sejam animadoras, ainda há um longo caminho pela frente. "Estão sendo feitos estudos para o tratamento de doenças isquêmicas, lúpus, esclerose múltipla, problemas de circulação, mas isso tudo ainda é experimental. Atual­mente, não há nenhuma terapia disponível que utilize células-tronco, tudo o que está sendo feito ainda está em etapa de pesquisa", ressalta. A única aplicação possível para o sangue do cordão umbilical, hoje em dia, é a utilização no tratamento de doenças sanguíneas, como uma alternativa ao transplante de medula óssea. Pacientes que sofram de leucemias, linfomas, anemias graves, imunodeficiências congênitas ou erros congênitos do metabolismo, e que precisariam de um transplante de medula, podem ser tratados também com o sangue do cordão umbilical. Todas as outras aplicações, em medicina regenerativa ou na cura para outras doenças, ainda são apenas promessas e dependem de vários anos de estudo.

No caso da aplicação em um transplante, o sangue do cordão umbilical pode ter melhores resultados do que a medula óssea porque possui células-tronco mais imaturas e, portanto, com maior potencial de diferenciação. Além disso, por estar armazenado, esse material já foi examinado e, assim, o transplante pode ser feito em menos tempo do que se dependesse de um outro doador. Enquanto um transplante com doador pode demorar até dois meses – tempo necessário para que todos os exames sejam cumpridos – um feito a partir do sangue de cordão umbilical pode ser realizado dentro de 15 dias. O sangue do cordão tem ainda outra vantagem, a de que pode ser transplantado mesmo com um certo grau de incompatibilidade (quando um dos componentes não é totalmente compatível), enquanto que no caso da medula essa compatibilidade tem de ser total.

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