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O notável caso de um bebê nos Estados Unidos que foi curado da infecção pelo vírus HIV graças a medicamentos comuns gera novas esperanças de erradicação da Aids infantil no mundo, mas cientistas dizem que isso ainda depende de muitas pesquisas adicionais e do surgimento de diagnósticos muito mais precisos.

Uma menina do Mississippi que nasceu contaminada pelo HIV, em julho de 2010, começou a ser tratada 30 horas depois do parto, e assim continuou por 18 meses. Ela agora está considerada curada, segundo anúncio feito no domingo pela pesquisadora Deborah Persaud, da Universidade Johns Hopkins, de Baltimore, durante a Conferência Sobre Retrovírus e Doenças Oportunistas, em Atlanta.

"Do ponto de vista clínico, isso significa que se você conseguir colocar um bebê infectado sob drogas antirretrovirais imediatamente depois do parto, será possível prevenir ou reverter a infecção, essencialmente curar o bebê", disse o pesquisador Steven Deeks, da Universidade da Califórnia, em San Francisco, que também participa da conferência, onde o caso foi apresentado nesta segunda-feira a especialistas.

Deeks e outros apontaram o caso como um grande avanço rumo à cura de bebês que contraiam o HIV no nascimento. Mas os pesquisadores também disseram que seria necessária uma forma melhor de diagnosticar a presença do vírus, um processo que pode levar até seis semanas.

"Isso poderia ter um efeito profundo sobre como abordamos bebês nascidos de mães soropositivas", disse Deeks.

O tratamento das mães soropositivas antes do parto é a melhor forma de prevenir a contaminação do bebê, dizem especialistas, mas mesmo em um país rico como os Estados Unidos nascem anualmente 100 a 200 bebês soropositivos, segundo Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas. Em todo o mundo, estima-se que nasçam até mil bebês soropositivos por dia.

O diretor-executivo do Programa Conjunto da ONU para o HIV/Aids, Michel Sidibé, disse que a notícia "nos dá grande esperança de que uma cura para o HIV em crianças é possível", mas também indica a necessidade de mais pesquisa e inovação, "especialmente na área do diagnóstico precoce".

Fauci disse que o caso da menina é uma importante "prova de conceito", mas alertou que é apenas um caso, que precisaria ser ainda mais validado.

"A verdadeira pergunta é se isso poderá ser amplamente aplicado a outros bebês", afirmou.

Segundo ele, a ausência de um diagnóstico mais preciso abre a possibilidade de que crianças sejam expostas a um tratamento prematuro com drogas muito tóxicas, mesmo que não tenham chegado a ser contaminadas.

No caso da menina do Mississippi, havia o entendimento de que ela estava sob risco extremo de contrair o vírus da mãe, e que por isso o tratamento completo começou assim que ela nasceu - em vez de que fossem administradas doses preventivas mais baixas, até que exames esclarecessem a situação.

Fauci disse que ainda não é hora de alterar os protocolos de tratamento para bebês que nascem infectados. "É um caso isolado. Temos de ser cuidadosos com isso."

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