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Por incrível que pareça, sol, calor e um sorvete "trincando" de gelado não fazem parte dos planos de um em cada quatro brasileiros para o verão que se aproxima. Nada contra o clima tropical. O que preocupa mesmo esta porcentagem de pessoas é o terceiro item. Para quem sofre de sensibilidade dentária, somente pensar em consumir qualquer alimento gelado já traz à tona aquela tão incômoda dor que parte dos dentes, mas parece tomar conta de toda a cabeça em poucos segundos.

A razão do sofrimento são os canais nervosos que compõem o dente. Por baixo do esmalte se esconde uma área de sensibilidade latente. Quando a capa protetora apresenta alguma falha, o resultado é catastrófico: dor na certa. Segundo estimativas das associações odontológicas, cerca de 25% dos brasileiros adultos passam por esse desconforto diariamente. Um número grande que despertou um mercado sempre atento às demandas – hoje, as propagandas de cremes dentais para dentes sensíveis competem lado a lado com as pastas tradicionais.

Para você saber se eles resolvem o problema e o que fazer para evitar a hipersensibilidade dentária, consultamos os dentistas Marco Gapski, da Gapski Odontologia; Osiris Klamas, presidente da regional paranaense da Associação Brasileira de Odon­tologia; Camila Paiva, professora do curso de Odontologia da Univer­sidade Tuiuti do Paraná. Confira:

1 Creme dental para dentes sensíveis resolve mesmo o problema?

As propagandas prometem, mas os especialistas fazem ressalvas. Os cremes dentais especiais são bem eficientes para eliminar ou diminuir a dor. Porém, não resolvem a causa dela – são apenas uma ação paliativa. Marco Gapski aponta que a sensibilidade pode ser causada por diversos fatores, como consumo de alimentos ácidos, cáries ou gengiva retraída. "Para eliminá-la de vez é preciso tratar a sua origem", diz.

Os cremes dentais agem criando uma barreira. Eles são compostos de substâncias que reforçam o esmalte, evitando o contato do alimento com as terminações nervosas. Mas, como em um conto infantil, este efeito mágico tem duração limitada – 24 horas, segundo estudos recentes – e, após o vencimento, é preciso passá-lo novamente. "Fica-se dependente do uso diário destas pastas, que não são baratas (chegam a custar cinco vezes mais do que as tradicionais)", diz Camila Paiva.

2 Ainda dá tempo de se livrar da hipersensibilidade até a chegada do verão?

Boa notícia para quem quer aproveitar a temporada sem medo de mordidas geladas. De acordo com Osiris Klamas, o tratamento mais comum – a remineralização do dente – pode ser realizado em uma semana. O procedimento, feito em consultório odontológico, usa produtos selantes que devolvem ao dente as substâncias perdidas. Custa entre R$ 50 e R$ 120.

O dentista lembra, no entanto, que é preciso tratar primordialmente a causa para que o problema não volte a incomodar. Às vezes, a sensibilidade denuncia a necessidade de um tratamento de canal ou então é causada pelas cáries – em ambos os casos partes mais profundas dos dentes ficam expostas, causando a dor. A placa bacteriana também é uma inimiga. Ela produz, segundo Camila Paiva, substâncias que destroem as proteções naturais. Outro fator maléfico é a retração da gengiva. "O que protege os dentes das oscilações de temperatura é o esmalte, que é a parte visível. Acontece que algumas pessoas têm a gengiva com extensão menor do que deveria e isso deixa a raiz do dente (que não tem esmalte) exposta, tornando a região sensível", diz Camila.

3 Como saber o que está causando a sensibilidade?

Consultar um dentista é fundamental. Mas muito antes da visita, é possível ter uma pista do que pode estar gerando o incômodo. Marco Gapski dá a dica:

"Se você sente que a dor atinge vários dentes ao mesmo tempo, é sinal da desmineralização por igual, causada pelo consumo de muito refrigerante, por exemplo. Um tratamento simples pode resolver. Se a sensibilidade é em um ou dois dentes apenas, é sinal de algo mais grave, como um problema de canal."

4 Pessoas que usam aparelho estão mais sujeitas à sensibilidade?

Problemas à vista para quem precisa usá-los. Em suas estruturas de metal, o aparelho tende a reter placas bacterianas, que é uma das causas da sensibilidade. Além disso, é comum que o aparelho dentário cause a retração gengival, que expõe a raiz do dente. Segundo Camila Paiva, o ideal para os "aparelhados" é fazer bochechos diários com flúor.

5 Adultos estão mais sujeitos à sensibilidade?

Quem tem até 25 anos é quem mais deve se preocupar. Camila Paiva aponta que é até esta idade que o dente está mais propenso à sensibilidade. "Ele ainda está com uma formação jovem e sujeito a má oclusão, que pode deixar áreas menos protegidas", diz. Apesar deste fato, Osiris Klamas tem observado na prática uma mudança deste perfil, com um maior número de adultos queixando-se da dor. "Quanto mais idade, mais a pessoa pode ter sido submetida aos maus hábitos de escovação e alimentação. Com isso, desenvolve a sensibilidade", diz. Para escapar, a dica dele não é recomendação nova: estar sempre em dia com as visitas ao dentista.

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