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Dos 3 aos 6 anos, época de ensinar

Rodrigo Melo (atrás), de 10 anos, a mãe , Ana Cristina,  e seus irmãos: mudanças de rotina na passagem para a quinta série foram amenizadas para que ele não sofresse tanto | Walter Alves/ Gazeta do Povo
Rodrigo Melo (atrás), de 10 anos, a mãe , Ana Cristina, e seus irmãos: mudanças de rotina na passagem para a quinta série foram amenizadas para que ele não sofresse tanto (Foto: Walter Alves/ Gazeta do Povo)

Na segunda infância, a preocupação com a saúde das crianças na escola deve ser intensificada. Isso porque neste período ocorre o desenvolvimento físico, psíquico e de habilidades sociais.

"Nesta fase, elas são mais vulneráveis, justamente por serem mais independentes. Elas andam e comem sozinhas, deixam as fraldas e vão ao banheiro sem os pais. Mas ainda não têm todas as noções de higiene e de perigo: não sabem se limpar e não entendem a necessidade de lavar as mãos antes de comer e depois de ir ao banheiro", diz a pedagoga Ana Maria Lopes. Por isso, esta fase demanda proteção especial, ambiente seguro, acolhedor e propício ao desenvolvimento de suas potencialidades.

Se a primeira infância é caracterizada pela rápida velocidade de desenvolvimento da criança, a idade pré-escolar – período que vai dos 3 aos 6 anos de idade – é uma fase em que a taxa de crescimento diminui consideravelmente. "O apetite é reduzido e, por serem muito ativos, nem sempre eles fazem uma pausa para comer", explica Pascolat. Por isso, nesta fase é importante manter uma rotina para as refeições. "Pais e cuidadores são os responsáveis por estimular hábitos alimentares saudáveis, principalmente pelo exemplo", diz a pediatra Rosângela Garbers.

No Colégio Santa Maria, a preocupação com a má alimentação e o sobrepeso chegou pela percepção dos professores de Educação Física. Para ajudar a desenvolver bons hábitos, foi realizado um trabalho de orientação sobre dietas equilibradas. Em parceria com acadêmicos de Nutrição, cerca de 120 crianças, entre 4 e 5 anos, aprenderam a cozinhar folhas e cascas de verduras, frutas e legumes. "É uma ótima fase para ensiná-los porque eles ainda estão experimentando novos sabores", diz a assessora da Educação Infantil, Antoniella Cavassin.

Problemas de comportamento

Além de ensinar a comer direito, a psicóloga Isabela Poli lembra que, nesta fase, é preciso que os professores fiquem atentos a problemas de comportamento. "Raiva, desatenção, desinteresse e temor em participar de atividades propostas pela escola podem indicar que algo não está indo bem com a criança."

Ela alerta que esses problemas podem ter uma raiz fisiológica, como miopia ou distúrbios auditivos. "Como a criança ainda não sabe identificar um problema de visão ou audição ela passa a atrapalhar os outros, deixa lições incompletas, aparenta ter preguiça ou desinteresse", explica.

A fonoaudióloga audiologista Simone Bley defende uma campanha de audiometria no início das aulas para avaliação dos alunos. Sua equipe clínica realizou uma pesquisa e mostrou que 20% das crianças de 3 a 6 anos de Curitiba apresentam alterações auditivas que poderiam ser resolvidas com tratamento. Deste total, 80% apresentam dificuldades de aprendizado na escola.

Adaptação em xeque dos 7 aos 12 anos

Rodrigo Melo, de 10 anos, este ano começou a frequentar a 5.ª série do ensino fundamental. A maior preocupação de sua mãe, Ana Cristina Todeschini Melo, era a adaptação do filho a novos horários e ao maior número de professores. Para evitar a sobrecarga de mudanças, escolheu mantê-lo no período vespertino. "Es­te ano, ele terá de se adaptar aos professores e, no próximo, quando estiver na 6.ª série, que ele se preocupe com a mudança de horário", diz.

De acordo com a hebiatra – médico especializado no atendimento multifatorial a adolescentes – Júlia Cordelini, a mudança de turno realmente pode comprometer a qualidade de vida da criança por algum tempo. "É preciso reorganizar o horário de dormir com pelo me­nos uma semana de antecedência porque a alteração pode trazer consequências físicas e mentais", comenta. A médica explica que, se a criança não se acostumar a dormir mais cedo para acordar antes, não terá um sono de qualidade. "Se a criança levantar com sono, não terá vontade de tomar café e isso vai retardar todas as outras refeições, mexendo na rotina e no metabolismo", afirma. Pouco sono também significa alterações no humor, sonolência, menor percepção do perigo e queda da imunidade, causada pelo estresse.

A médica ressalta que o peso da mochila e a postura também merecem atenção extra dos pais nesta fase da vida, para prevenir desvios de coluna durante o estirão do crescimento, que, nas meninas, acontece por volta dos 11 anos e, nos meninos, por volta dos 13. O peso da mochila não deve ultrapassar 10% do peso da criança e, na sala, de aula ela deve manter a postura da coluna ereta e apoiada no encosto da cadeira, sem precisar flexionar excessivamente o pescoço.

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