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Jamile Dante evita o uso de talco na pequena Gabriela, de um mês de vida | Hugo Harada/Gazeta do Povo
Jamile Dante evita o uso de talco na pequena Gabriela, de um mês de vida| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

A pequena Gabriela Beatriz Dante nasceu há pouco mais de um mês e uma das maiores preocupações de sua mãe Jamile é com a saúde da pele da filha. Entre as trocas de fraldas, o antes popular talco foi definitivamente substituído por cremes e pomadas. "Evito sair usando qualquer produto porque tenho medo que ela desenvolva alergias", afirma a mãe.

E os cuidados com a pele não se resumem a isso, já que há também a hora do banho, onde Jamile se vê diante de dúvidas que vão desde a temperatura da água até o xampu que se deve usar. "Às vezes uso chá de camomila e passo uma colônia própria para crianças", diz.

Os produtos disponíveis são muitos e os conselhos também. Mas como saber se o que está sendo utilizado é realmente adequado e não vai agredir a pele do bebê?

A médica especialista em dermatologia pediátrica do Hospital Pequeno Príncipe, Maraya Mai­nardi, afirma que a pele de um recém-nascido tem aproximadamente metade da espessura da pele de um adulto, o que faz com ela seja mais sensível. "Por isso há maior absorção dos produtos que entram em contato com ela", afirma.

O pediatra e professor da Pon­­tifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Victor Horácio Costa Júnior atenta para o uso inadequado de produtos que contenham elementos químicos. "A pele do bebê ainda está em formação e não suporta as mesmas substâncias que a pele de um adulto consegue aguentar", diz. Ele explica que essa sensibilidade diminui com o passar do tempo, mas que mesmo o uso em pequena quantidade de um produto indicado para adultos pode trazer malefícios ao invés de efeitos benéficos para a criança.

Saiba os procedimentos e produtos mais indicados para a higienização de seu bebê:

Banho

Para os pequenos, o banho deve ser sempre morno. Costa Júnior afirma que a água muito quente deve ser evitada: "ela resseca a pele e dificulta o processo de cicatrização, além dela ficar mais exposta devido a essa agressão à barreira cutânea", alerta. Segundo ele, uma criança acostumada com a água quente vai ter problemas até mesmo com picadas de inseto. "Por conta da baixa cicatrização, ao invés de levar três dias para a marca desaparecer, pode demorar uma semana."

A dermatologista Maraya Mainardi acrescenta que o banho deve ser rápido, não passando dos cinco minutos para os recém-nascidos e dos dez para as crianças maiores. Além disso, a indicação é usar sabonete glicerinado ou ainda o líquido. De acordo com a dermatologista, ele deve ser utilizado nos locais onde se acumulam resíduos ou odor, como umbigo, pescoço, axilas e área da fralda. "Em casos de brotoejas, uma medida simples e natural para o tratamento consiste em acrescentar chá de camomila à água da banheira ou utilizá-la na forma de compressas sobre a pele afetada", aconselha.

Colônia

Por mais comum que o uso de colônias infantis tenha se tornado, ela também não é recomendada por dermatolo­gistas e pediatras. "Os pais insitem em usá-las, mas esquecem que a química induz à alergia", diz Flávia Costa Prevedello, dermatologista e pediatra da Santa Casa de Misericórdia. Para ela, é aconselhável que até mesmo o xampu seja neutro para que não haja irritação na pele. Mesmo com os xampus que não causam ardor nos olhos o cuidado deve ser mantido, pois o contato prolongado com a mucosa ocular pode causar irritações.

O pediatra Costa Júnior ainda alerta para outro risco do uso de produtos químicos: a pneumonite química, que pode ocorrer pelo contato constante com o forte cheiro. "Nesse caso, a criança terá dificuldade respiratória, tosse persistente e poderá até mesmo desenvolver bronquite", alerta.

Talco

Em relação ao talco em pó, seu uso deve ser desencorajado, de acordo com Maraya. "Ele é composto por partículas muito pequenas que podem ser aspiradas pela criança entrando em contato direto com o pulmão e causando doenças pulmonares". A alternativa é a utilização de talcos líquidos, que podem ser utilizado com o mesmo fim, porém sem o risco da aspiração pulmonar.

Creme e pomada

Tanto os cremes como as pomadas têm em sua composição uma mistura de óleo e água. A diferença se dá na concentração de ambos. "Os cremes são mais fluidos porque contêm mais água. São ideais para lesões mais úmidas, como infecções", diz Flávia Prevedello. As pomadas, por sua vez, são mais utilizadas para áreas menores, que necessitam de hidratação mais intensa. Maraya indica que cremes para assadura não precisam ser retirados por completo a cada troca de fralda por conta da fricção excessiva que isso ocasiona. "O conselho de não esfregar vale principalmente para as dobras, onde é comum ocorrer dermatite irritativa", afirma.

Amaciante de roupas

Por deixar resíduos nas roupas, o amaciante também pode ser responsável por quadros de alergia. Flávia aconselha que ele seja substi­tuído pelo sabão de coco ou sabão glicerinado e que as roupas sejam sempre muito bem enxaguadas. "Evita-se, assim, a irritação de pele e diminui-se a quantidade de química que entra em contato com o bebê", garante. A dermatologista pediátrica Maraya ainda aconselha quanto ao material das roupas infantis. "Deve-se dar preferência a tecidos de fibras natu­rais, como o algodão, pois eles permi­tem que a pele da criança respire", diz.

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