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Bê-á-bá

O caso de Reginaldo e da ex-mulher é uma situação de casal discordante, quando um tem o vírus e o outro não.

Inseminação: O médico infectologista Jaime Rocha explica que isso se deve a um avanço da Medicina que permitiu que o paciente tivesse uma carga viral muito baixa, mas não é seguro nem indicado. "O único método 100% seguro é a inseminação artificial com esperma livre de HIV", diz.

Preservativos: O médico não recomenda a relação sexual sem o uso de preservativos por portadores de HIV de maneira alguma, pois o parceiro não está livre de contrair o vírus mesmo que a carga viral seja comprovadamente baixa.

Contaminação: Quando a mulher não é contaminada pelo parceiro, a criança também não será. Se a gestante contrair o vírus e não tomar remédio, a chance para o bebê é de 30% de contrair HIV. Se houver amamentação, aumenta mais 10%. Se tomar um remédio de prevenção e receber tratamento, o risco cai para 8%. Se a mulher estiver com a doença controlada, cai para menos de 1%.

Fonte: Jaime Rocha, infectologista do Laboratório Frischmann Aisengart.

Há 18 anos, Reginaldo Alves Zanão, de 36 anos, convive com o vírus HIV. Ele foi surpreendido com a notícia ao se alistar no Exército. O médico disse que iria dispensá-lo por acreditar que ele tinha grandes chances de ter o vírus. Não deu outra. Reginaldo resolveu fazer o exame e teve de lidar com o resultado positivo para HIV.

A suspeita surgiu porque o braço do jovem de apenas 18 anos estava cheio de marcas de picadas de agulha. Reginaldo começou a fumar maconha aos 15 anos e, desde os 16, passou a injetar cocaína. Foi dessa forma que imagina ter contraído o vírus.

Como ficou transtornado ao receber a notícia, a mãe decidiu levá-lo para uma viagem a Campinas para visitar os parentes e tentar se conformar com a situação. Naquela época as notícias sobre quem tinha aids não eram nada animadoras, artistas ainda morriam devido a problemas relacionados à doença. Cazuza, Lauro Corona, Sandra Bréa. "Pensava comigo: 'Meu Deus, me deixa viver até o ano 2000, porque quero conhecer o novo milênio'. Felizmente, as coisas melhoram bastante na Medicina, e a ciência descobriu muita coisa a nosso favor. O tratamento hoje é realmente muito eficaz, nos dá uma qualidade de vida muito boa", diz ele animado.

Após fazer vários exames e se consultar com infectologistas, Reginaldo conseguiu vencer a batalha contra as drogas e passou a tomar o coquetel de medicamentos que o Ministério da Saúde fornece a quem é portador do vírus. Com o tratamento, a carga viral no organismo de Reginaldo diminuiu consideravelmente, ele se casou e teve um casal de gêmeos, hoje com 5 anos de idade. Nem sua esposa à época nem as crianças contraíram o vírus (leia mais ao lado).

Há alguns anos Reginaldo se envolveu em uma briga. Foi espancado e teve traumatismo craniano, por isso teve de passar por uma cirurgia neurológica e ficou 45 dias em coma na Unidade de Terapia Intensiva. Nesse período a carga viral aumentou bastante, e a contagem de CD4 (células do sistema imunológico, responsáveis pela defesa do organismo) diminuiu na mesma proporção. Ele quase morreu. Quando retornou do estado de coma, havia ficado com algumas sequelas na fala e na audição; também perdeu completamente o olfato e tem problemas de memória. Por isso, acabou sendo aposentado por invalidez. "Até hoje tenho de me esforçar bastante para ler, resolver palavra cruzada, mesmo assim ainda esqueço muito as coisas", conta.

Hoje ele é voluntário na RNP – Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/AIDS. "Resolvi ser voluntário. A gente trabalha com o pessoal que descobriu a doença recentemente, convida para vir aqui. Temos reuniões periódicas e os conscientizamos."

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