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Pacientes que passaram por um transplante de rim não estão conseguindo receber remédios gratuitos da Farmácia Especial da 2.ª Regional de Saúde, em Curitiba. Os imunossupressores, que servem para evitar a rejeição do novo órgão, são oferecidos pelo órgão, ligado à Secretaria de Estado da Saúde. Nesta semana, porém, estão em falta.

A empresária Alexsandra Vieira, cujo marido fez o segundo transplante de rim há cinco anos, tentou retirar o remédio Micofenolato Sódico 360 miligramas ontem e anteontem, mas foi informada de que estava em falta. Lucimara de Paula, dona de casa, também recebeu a mesma resposta ao procurar o produto indicado para o marido, que aguardou por 12 anos pelo novo órgão. "Depois de nove meses do transplante, ele fica sem remédio? Não sei o que fazer", diz.

Não apenas o Micofenolato estava em falta no estabelecimento. Ronaldo Tavares tentou retirar Galantamina 8 miligramas, usada no tratamento do mal de Alzhei­mer, para seu pai. Não conseguiu. "Meu pai trabalhou e, consequentemente, contribuiu com o governo por 60 anos. Agora precisa mendigar por tratamento? Isso é uma vergonha", critica Tavares. De acordo com ele, houve falta do medicamento em duas das 12 vezes em que se dirigiu à Farmácia Especial, resultando em queixas na ouvidoria do órgão. Até hoje, Tavares não foi respondido.

Ontem, os funcionários avisavam aos pacientes que nem sequer havia previsão de chegada do Micofenolato Sódico. O motivo seria a falta de remédios na Central de Medicamentos do Paraná. "Está em falta na Central. Como não tem lá, não deve ser repassado para cá em breve", disse um dos servidores. Oficialmente, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) afirmou que a falta do Micofenolato Sódico 360 miligramas foi um problema pontual e que o remédio poderá ser retirado hoje. Sobre a Galan­tamina, a Sesa informou que o processo de compra foi concluído, mas o fornecedor ainda não entregou, o que deve ocorrer em quatro ou cinco dias.

Em abril, maio e junho de 2007, houve crise grave no abastecimento de medicamentos gratuitos. À época, o Ministério Público entrou com ação na Justiça para tentar garantir o fornecimento aos portadores de esclerose múltipla. Em junho, em entrevista coletiva, o então secretário de estado da Saúde Cláudio Xavier afirmou que o problema era "pontual" e que o gasto excessivo com medicamentos excepcionais poderia afetar o funcionamento do SUS.

Risco

Chefe do Serviço de Transplantes de Fígado e de Cirurgia do Apa­relho Digestivo do Hospital de Clínicas, Júlio Coelho afirma que, a fim de evitar rejeição, os pacientes precisam tomar imunossupressores nas datas estabelecidas. "Caso o medicamento não seja tomado, é impossível de prever as consequências. Vai depender do tempo de transplante e do sistema imunológico de cada um", afirma.

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