
Investir na ampliação dos tratamentos em saúde mental é um bom negócio. É isso o que indica o estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS) realizado em parceria com o Banco Mundial e publicado em abril na revista The Lancet Psychiatry.
A partir de análises sobre 36 países de diferentes níveis de renda, os pesquisadores concluíram que, para cada US$ 1 investido na ampliação dos tratamentos para depressão e ansiedade, haverá o retorno de US$ 4 devido à melhora de saúde e capacidade de trabalho do paciente.
Além de motivo de estudo, o tema também foi alvo de uma conferência no mês passado em Washington, a qual contou com a participação da cúpula da OMS e do Banco Mundial. A preocupação se justifica pelos números. Em todo o mundo, depressão e ansiedade já atingem 615 milhões de pessoas, o equivalente a 10% da população mundial. O número é cerca de 50% maior que o detectado em 1990, quando se estimava que 416 milhões de pessoas sofressem de um desses transtornos de humor.
No Brasil, a depressão aparece com destaque nos levantamentos sobre a saúde da população. A última Pesquisa Nacional de Saúde revelou que 7,6% dos brasileiros (cerca de 11,2 milhões) têm a enfermidade. Isso a coloca no grupo das cinco doenças crônicas não transmissíveis mais prevalentes no país. Aparecendo junto com a hipertensão, diabete, doença crônica de coluna e o colesterol alto.
Saúde e economia
Em todo o mundo, são 350 milhões de pacientes diagnosticados com depressão. Segundo informações da OMS, a doença é a principal causa de incapacidade no mundo. E neste ponto saúde e economia convergem. “Sabemos que o tratamento da depressão e da ansiedade tem sentido já do ponto de vista da saúde e do bem estar do paciente, porém, este novo estudo confirma que também faz sentido a partir de uma perspectiva econômica”, disse a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, em nota à imprensa.
“Sabemos que o tratamento da depressão e da ansiedade tem sentido já do ponto de vista da saúde e do bem estar do paciente, porém, este novo estudo confirma que também faz sentido a partir de uma perspectiva econômica”
Na mesma linha, o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, destacou que ampliar os investimentos para tratamento de saúde mental é uma questão de desenvolvimento. “Temos que atuar já, porque a perda de produtividade é algo que a economia mundial não se pode permitir.”
Em todo o mundo, os gastos com tratamento para transtornos mentais correspondem, em média, a 3% das despesas com saúde. O porcentual é considerado baixo, ainda mais diante da perspectiva de piora do quadro devido ao agravamento das situações de conflito e emergências humanitárias. A OMS estima que, nesses momentos de crise, uma em cada cinco pessoas sofram de depressão ou ansiedade. Atualmente, as duas enfermidades já custam US$ 1 bilhão por ano à economia mundial.



