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Atacante holandês Van Persie marcou na vitória do Manchester | Phil Noble/Reuters
Atacante holandês Van Persie marcou na vitória do Manchester| Foto: Phil Noble/Reuters

Sequenciamento ainda é caro e inacessível

Os pesquisadores divergem sobre quando o método, conhecido como sequenciamento completo do genoma, estará disponível para todas as pessoas e pago pelos planos de saúde – as estimativas variam de poucos anos a uma década ou mais. Eles acreditam que o mapeamento é uma enorme promessa, embora ainda não tenha curado ninguém.

Com uma queda abrupta nos custos do sequenciamento genético e na explosão da pesquisa com genes, médicos esperam que análises genéticas de cânceres se tornem rotina. "Até se descobrir o que está comandando o câncer de um paciente, realmente não existe nenhuma chance de acertar", disse doutor Timothy Ley, diretor associado do instituto de genoma da Universidade de Washington.

Por enquanto, o sequenciamento do genoma completo é complexo e ainda engatinha. As sequências genéticas estão somente no começo – elas vêm em bilhões de pequenos pedaços, como um enorme quebra-cabeças.

Até o momento, a maioria dos pacientes que escolheram esse caminho é rica e bem influenciada. Quando Steve Jobs esgotou suas opções de combate contra o câncer de pâncreas, ele consultou médicos que coordenaram o seu sequenciamento genético e o analisaram. Isso custou 100 mil dólares.

A Escola de Medicina de Harvard espera oferecer o sequenciamento completo do genoma para ajudar pacientes com câncer a identificar tratamentos, segundo Heidi L. Rehm, que lidera o laboratório de Medicina Molecular em Harvard. Ainda neste ano, eles darão um passo mais modesto, oferecendo a sequência completa do genoma a pacientes com suspeita de desordem hereditária, na esperança de identificar mutações que podem estar causando a doença.

O fato de um pesquisador em genética da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, ter desenvolvido uma forma rara de leucemia fez com que uma nova linha de tratamento de câncer fosse descoberta. Pesquisadores em genética da mesma universidade, considerada um dos principais centros de trabalho com o genoma humano do mundo, ficaram devastados ao descobrir que o médico Lukas Wartman, um colega jovem, talentoso e querido, desenvolveu justamente o câncer sobre o qual passou toda sua carreira pesquisando.

Não havia nenhum tratamento para salvá-lo e ninguém havia feito o mapeamento genético completo desse tipo de câncer. Até que em julho de 2011 o doutor Timothy Ley, diretor do instituto de genoma da universidade, reuniu sua equipe e resolveu usar todo o seu conhecimento e o que tinham à disposição para encontrar o gene que estava estimulando o câncer de Wartman – a leucemia aguda linfoblástica. "É agora ou nunca. Nós teremos uma única chance", disse ele, que tinha consciência de que a doença evoluía rapidamente.

A equipe de Ley fez um tipo de análise que nunca havia feito antes. Eles descreveram a sequência completa tanto das células cancerígenas quanto das saudáveis do corpo de Wartman. Ao mesmo tempo analisaram o seu RNA – para encontrar pistas sobre o que os genes dele estavam fazendo.

E eles encontraram um culpado – um gene normal que estava produzindo enormes quantidades de uma proteína que parecia estar estimulando o crescimento do câncer.

E foram além: descobriram que já havia uma nova droga promissora que poderia "desligar" o gene que estava trabalhando de forma errada – uma droga que tinha sido testada e aprovada somente para tratar um câncer avançado de rim. Wartman se tornou a primeira pessoa com leucemia a tomá-la.

Agora, contra todas as probabilidades, o câncer está em remissão e tem estado assim desde o fim de 2011. Mesmo que ninguém possa dizer que Wartman está curado, depois de encarar a morte certa no ano passado, ele está vivo e se sentindo muito bem. É o pioneiro em uma nova forma de parar o câncer. O importante, segundo os pesquisadores, são os genes que comandam um câncer, não o tecido ou o órgão – como fígado, cérebro, medula óssea, sangue ou cólon – onde o tumor se origina.

O câncer de mama de uma mulher, por exemplo, pode ter comandos genéticos diferentes do tumor de mama de outra pessoa. Na verdade, ele pode ter mais em comum com o câncer de próstata de um homem ou com o câncer de pulmão de outro paciente.

Com essa nova abordagem, pesquisadores esperam que o tratamento seja adaptado para as mutações do tumor de cada indivíduo, com drogas que atinjam uma série de genes defeituosos de uma vez. Os coquetéis de medicamento seriam análogos aos do tratamento para HIV, que usa várias drogas diferentes de uma única vez para atingir o vírus em numerosas áreas críticas.

Uma vida pela Medicina

Durante a faculdade de Medicina, o oncologista Lukas Wartman se apaixonou pelo estudo do câncer – aquele que atacava o sangue lhe interessava em particular. Só não imaginava que, em 2003, ano de sua formatura, receberia aos 25 anos o diagnóstico de leucemia, doença que tanto o fascinava. Foram 24 meses de quimioterapia enquanto fazia a residência. Cinco anos após a suposta cura, o câncer voltou. Ele então fez novas sessões de quimioterapia e passou por um transplante de medula, mas, sete meses depois, o câncer voltou, pela segunda vez, quando o médico descobriu que o remédio para câncer de rim pode curá-lo. Agora, deposita no medicamento a última esperança de sobreviver e voltar a fazer o que sempre amou: desvendar os mecanismos da leucemia sem o medo de, mais dia, menos dia, ser vencido por ela.

Colaborou Vanessa Fogaça Prateano, tradução: Kamila Mendes Martins

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