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O médico Hélio Germiniani segue analisando eletrocardiogramas no HC | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
O médico Hélio Germiniani segue analisando eletrocardiogramas no HC| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo
  • Toyoe Kaieda ajudou a limpar o hospital na inauguração e formou filhos médicos
  • O técnico em radiologia Alcides da Rosa voltou ao hospital depois da aposentadoria

No corredor da cardiologia, no segundo andar, Hélio Germinia­ni, 78 anos, formado em Medicina pela UFPR em 1958, analisa um eletrocardiograma e se orgulha de ter sido o pioneiro no uso deste exame no hospital. Seu aprendizado prático como estudante foi feito na Santa Casa, pois o HC ainda não havia sido construído durante sua época de universitário – um período em que, segundo ele, a tecnologia era menos desenvolvida e o trabalho com os pacientes mais intenso. "Aprendía­mos uma medicina sólida. Hoje existem muito aparelhos e o médico quase não examina as pessoas. Nós tínhamos que nos esmerar para auscultar o coração e o abdome nas consultas", lembra Hélio. No HC, ele foi professor de cardiologia de 1961 a 2003 e relembra com saudosismo os primeiros tempos de hospital. "Só atendíamos pacientes com interesse científico. Era um período glorioso. Depois começaram a privilegiar o volume de atendimentos", diz ele.

Mas este tempo de filas também ficou no passado, ainda que as consultas possam demorar para ser agendadas. Aposentado há oito anos, o médico não se desliga da sua rotina entre os exames e segue como voluntário na eletrocardiografia. "Aqui exerço atividades de ensino. Não ganho dinheiro, mas ganho juventude no contato com os alunos. Estar no HC é bom para pacientes e médicos", diz ele, que tem um filho neurologista que atende no hospital.

O técnico em radiologia Alcides Franco da Rosa, lembra de cabeça seu primeiro dia no HC: 20 de junho de 1961. A aposentadoria veio 38 anos depois, mas não durou muito. Alcides foi chamado de volta ao batente, pois os residentes estavam sem um técnico para orientá-los durante as aulas de radiologia. Com 75 anos, ele faz de 15 a 20 exames de raio-x por dia de braços, pernas, ca­­beça e órgãos do sistema respiratório. "Tentei ser médico, mas não deu. Já vi muita tristeza e muita alegria aqui dentro", conta ele, que se orgulha de ter um filho que seguiu seus passos no HC. Seu único pesar ali dentro é o desejo de ver o hospital ter mais aparelhos e não conseguir. "Quando eu entrei tínhamos 12 equipamentos de raio X. Hoje temos apenas quatro, alguns com mais de 40 anos de uso", diz.

Vida no elevador

O som de música japonesa acompanha a subida e a descida do elevador que serve o centro cirúrgico do hospital no período da tarde. Sempre na companhia de seu toca-fitas, Toyoe Kaieda, 76 anos, paulista e filha de imigrantes japoneses, também vive o ambiente do HC há 50 anos. Na década de 1960, ela ajudou a limpar o prédio para o evento de inauguração e até 1984 suas mãos bordavam o tecido branco dos guarda-pós usados pelos médicos. Depois, Toyo – como é chamada – passou a trabalhar nos elevadores. Mesmo fora do hospital, a rotina ao redor de doutores continua, pois ela formou seus três filhos em Medicina: o mais velho é ginecologista e obstetra, a filha do meio é anestesiologista e o caçula é infectologista. "Entrei aqui como servente e só tinha o primário. Trabalhei muito, assim como meus filhos, que faziam plantão em tudo o que era clínica", fala.

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