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Tudo azul contra o câncer de próstata- Depois de serem coloridos por iluminação cor-de-rosa em uma alusão ao Outubro Rosa, os prédios públicos de diversas cidades do país ganharam neste mês de novembro a cor azul. A iluminação especial é para lembrar o Novembro Azul, uma campanha para incentivar os exames de detecção do câncer de próstata | Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Tudo azul contra o câncer de próstata- Depois de serem coloridos por iluminação cor-de-rosa em uma alusão ao Outubro Rosa, os prédios públicos de diversas cidades do país ganharam neste mês de novembro a cor azul. A iluminação especial é para lembrar o Novembro Azul, uma campanha para incentivar os exames de detecção do câncer de próstata| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Divergência

Nova recomendação da Sociedade de Urologia é polêmica

A decisão da Sociedade Brasileira de Urologia de elevar para os 50 anos a idade mínima recomendada para que o homem procure um médico para fazer os exames para diagnóstico do câncer de próstata divide a classe médica. Inicialmente, a recomendação era para que os exames de toque e PSA fossem realizados a partir dos 45 anos, no caso de homens que estão fora do grupo considerado de risco – obesos, afrodescendentes e com histórico da doença na família.

O urologista Marcelo Bendhack, presidente da Associação Latino Americana de Uro-oncologia, vê a mudança com receio. "O efeito dessa recomendação é muito sério porque reduzimos o período que os homens devem ir às consultas [com o urologista]. Com isso, teremos ainda menos consultas. A preocupação não é só em relação a uma idade específica, mas de uma conscientização do homem de modo geral com a sua saúde", comenta.

Mais malefícios

A principal justificativa da SBU para reduzir a idade mínima recomendada para rastreamento da doença é o excesso de diagnósticos e tratamentos invasivos de cânceres de próstata que não se desenvolveriam de forma agressiva – os chamados cânceres indolentes. Segundo Bendhack, há pesquisas que indicam que o tratamento cirúrgico para tumores desse tipo, de fato, provocam mais malefícios que benefícios para o homem.

Entretanto, ele defende que sejam ofertadas terapias focais para os casos de cânceres menos agressivos. "Será que nós devemos impedir a pessoa de saber o que tem? Ou será que temos que dar um tratamento menos agressivo para o doente que tem uma doença de baixo risco? A Sociedade de Urologia está abordando da forma como acha melhor, mas existem outros pontos de vista para essa questão.".

O câncer atinge homens e mulheres praticamente na mesma proporção, mas as chances de cura masculinas são bem menores que as femininas. Enquanto a taxa de sobrevida das mulheres brasileiras à doença é de quase 70%, para os homens esse índice não chega a 50%. A situação se explica pela agressividade dos cânceres que são mais recorrentes nos homens e pelo hábito deles de evitar o médico. "Desde pequenas as meninas são ensinadas a cuidar do outro e a se cuidarem, com o homem é diferente e isso tem reflexos na saúde deles", comenta o psicólogo Alberto Masaque, professor da Universidade Federal de Minas Gerais que realiza um trabalho de apoio a homens que tiveram câncer.

INFOGRÁFICO: Veja alguns dos cânceres mais frequentes nos homens

Além da questão cultural, a falta de programas de saúde voltados para os homens também colabora para esse quadro. "Quando se trata de política de saúde, o homem é deixado de escanteio e isso se reflete nesses números [de cura do câncer]", diz o oncologista Luiz Antonio Negrão Dias, do Hospital Erasto Gaertner.

Em 2008, o Ministério da Saúde lançou a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. Mas a avaliação é de que as ações ainda são tímidas. "O ministério não tem uma campanha tão ampla para o câncer de próstata como para o de mama e o acesso ao urologista também é muito mais difícil que ao ginecologista. Enquanto a mulher encontra o ginecologista no posto de saúde, para o homem, conseguir uma consulta com o urologista pelo SUS é um sacrifício muito grande", critica Masaque.

Prevalência

Entre os cânceres que atingem tanto homens como mulheres, os mais prevalentes entre pessoas do sexo masculino são: pulmão, bexiga, estômago, cavidade oral e esôfago (veja mais no infográfico). Todos eles são silenciosos e altamente agressivos. O câncer de pulmão – que atinge quase três vezes mais os homens do que as mulheres – tem uma taxa de cura de cerca de 30% quando identificado no estágio inicial, o que raramente ocorre. Esse câncer só costuma ser detectado quando já se encontra em um estágio mais avançado e com chances de cura muito baixas.

O câncer de estômago é outra doença silenciosa, agressiva e mais recorrente em homens. Segundo informações do Instituto Nacional do Câncer (Inca), a taxa de incidência é cerca de duas vezes mais alta no sexo masculino do que no feminino. Enquanto para 2012 a previsão era de 13 novos casos para cada 100 mil homens, entre as mulheres esse número caia para sete a cada 100 mil. "Menos de 40% dos pacientes com esse câncer são curados. Na maioria dos casos, a doença volta de um a dois anos após a cirurgia", diz Negrão Dias.

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