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Há um ano  a receita do oftalmologista permanece esquecida na bolsa de Gisele. Ela nunca mandou fazer os óculos | Valterci Santos/Gazeta do Povo
Há um ano a receita do oftalmologista permanece esquecida na bolsa de Gisele. Ela nunca mandou fazer os óculos| Foto: Valterci Santos/Gazeta do Povo

Prevenção

Nas crianças, problema pode ser permanente

Ao contrário do que acontece com os adultos, não usar óculos na infância pode causar danos permanentes à visão. Isso porque até os 7 anos a visão ainda está em desenvolvimento e a não correção de alterações até essa idade pode tornar o problema irreversível. "Uma criança que tenha, por exemplo, 4 graus de hipermetropia em um olho e 1,5 no outro e não usa óculos para corrigir o problema, vai ter o desenvolvimento do olho com maior grau prejudicado. É o que chamamos de olho preguiçoso", explica o oftalmologista Canrobert Oliveira, diretor do Hospital Oftalmológico de Brasília. A mesma coisa acontece com o es­­tra­­bismo, que se não é corrigido na infância depois se torna irreversível. "É por isso que insistimos que os pais precisam levar as crianças para a pri­­­meira consulta no oftalmologista até no máximo os 3 anos de idade."

Mesmo sabendo que podem estar prejudicando a própria visão, muitas pessoas deixam de usar óculos de grau por vaidade ou por achar que o acessório incomoda. Uma pesquisa feita com 284 mulheres com algum problema de visão revelou que um terço delas não usa os óculos corretamente. Para 20% delas, a justificativa é que eles simplesmente atrapalham. No entanto, os especialistas alertam que deixar de usá-los pode causar problemas à saúde.

A pesquisa, feita em cinco capitais brasileiras, entre elas Curitiba, revelou ainda que 96% das mulheres vão ao oftalmologista e 84% delas mandam fazer os óculos em óticas confiáveis. "Isso mostra que elas são bem orientadas, têm a informação, mas mesmo assim no dia a dia não usam os óculos. Muitas vezes simplesmente porque julgam que eles não combinam com o visual", co­­menta o oftalmologista do Instituto Penido Burnier Leôn­cio Queiroz Neto.

A securitária Gisele Santos é uma das que ignoram o fato de ter de usar óculos. Há mais de um ano ela foi a um oftalmologista porque se queixava de dores de cabeça. O médico então receitou óculos para descansar a vista. "Saí do consultório, pus a receita na bolsa e lá ficou. O tempo passou e eu nem sequer mandei fazer os óculos", conta.

De acordo com o oftalmologista Otávio Siqueira Bisneto, da Sociedade Paranaense de Oftal­mologia, as consequências do não uso dos óculos variam de acordo com a alteração da visão e com a idade. "A principal consequência, claro, é a pessoa não enxergar como deveria e isso pode torná-la irritada ou preguiçosa", afirma. Além disso, forçar a vista pode ocasionar o que os especialistas chamam de astenopia, uma série de sinais e sintomas decorrentes da não correção das alterações. Entre eles, dores de cabeça, enxaqueca, sonolência, pálpebras inchadas e irritação dos olhos.

Ao contrário do que popularmente se acredita, não usar os óculos não faz com que o grau aumente. No entanto, os oftalmologistas deixam claro que não tem sentido enxergar mal só por não gostar dos óculos. "Hoje a maioria dos problemas pode ser corrigido com lentes de contato ou com cirurgia, não tem porque ficar sem enxergar bem", diz Queiroz.

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