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Espinheira-santa: compra do vegetal in natura deve ser evitada para não haver risco de intoxicação |
Espinheira-santa: compra do vegetal in natura deve ser evitada para não haver risco de intoxicação| Foto:

Brasileiro tem sempre uma receita caseira para qualquer dorzinha que aparece pelo corpo. Na dúvida, dizem, tome um chazinho porque, se bem não fizer, mal não fará. Esse senso comum traz com ele uma série de riscos à saúde para quem faz infusões com as plantinhas do quintal de casa ou, ainda, se arrisca a comprar ervas em mercados, feiras livres e ervanários.

"A menor das consequências é não fazer efeito nenhum", diz o biólogo e professor de morfologia e sistemática vegetal da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Luiz Antônio Acra. Em uma pesquisa realizada em conjunto com alunos da instituição, em 2008, o professor encontrou problemas nas amostras in natura e secas de sene, camomila e espinheira santa. "Todas as amostras tinham problemas de rotulagem, tanto as compradas a granel como as pré-embaladas", diz. As falhas são sobre a indicação do peso, do uso e da composição. Além disso, muitas delas tinham grandes quantidades de terra e de outros vegetais.

Quando a infusão é feita a partir de plantas do quintal, há ainda o risco de a pessoa ser enganada pela aparência do vegetal. "Aquela planta cultivada em casa não está botanicamente identificada. Há um risco muito grande de não estar utilizando a espécie botânica farmacologicamente correta", explica o professor do curso de Farmácia da PUCPR e da Universidade Positivo, Silvio Miro Franchi.

"Em uma mesma planta, você tem várias substâncias que podem ser utilizadas para coisas completamente diferentes", afirma a farmacêutica do laboratório botânico Herbarium Larissa Balani Rocha.

As plantas utilizadas na fitoterapia obedecem a um controle de qualidade desde a hora do plantio, do controle do solo, à época de colheita. "Existe todo um procedimento para que se chegue a uma quantidade adequada de princípios ativos por quilo de planta. É diferente de fazer um chazinho do fundo de quintal", ressalta a farmacêutica.

O diretor da Associação Brasileira das Empresas do Setor Fitoterápico Suplemento Alimentar e de Promoção da Saúde (Abifisa), Elzo Velani, afirma que a venda de ervas em saquinhos (in natura ou secas) é muito perigosa. "A partir do momento que conseguimos estudar extratos vegetais de plantas com eficácia terapêutica, temos de produzir medicamentos e colocar para a população utilizá-los de maneira segura. Essa plantinha vendida em saquinho pode ser tóxica e matar."

Há ainda o perigo da superdosagem e da interação medicamentosa. Assim como no remédio sintético, no fitoterápico o princípio ativo é químico, mas, por ser natural, as pessoas têm a tendência de achar que não vai influenciar nos medicamentos que já está tomando. "O paciente cria um problema por não falar para o médico que está tomando algo por conta própria. Isso pode cortar o efeito do medicamento ou até provocar um efeito colateral perigoso", diz o doutor em psicobiologia, Ricardo Tabach.

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