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Marlene Pacheco vem seguindo as orientações médicas, mas não conseguiu eliminar o refluxo | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Marlene Pacheco vem seguindo as orientações médicas, mas não conseguiu eliminar o refluxo| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

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Estresse e obesidade são alguns dos sintomas

O refluxo se caracteriza pela volta dos ácidos digestivos, que saem do estômago e sobem pelo esôfago. Quando comemos, os alimentos percorrem o esôfago e atravessam o esfíncter esofágico inferior para então chegar ao estômago. Esse esfíncter deve manter-se fechado após a passagem do bolo alimentar para impedir que os ácidos digestivos voltem. Mas às vezes os músculos do esfíncter esofágico inferior perdem a elasticidade e permanecem abertos, permitindo o aparecimento do problema.

Paulo Cesar Andriguetto, especialista em cirurgia do aparelho digestivo dos hospitais Santa Cruz, das Clínicas e Nossa Senhora das Graças, aponta as principais causas do refluxo: estresse, tabagismo, etilismo, obesidade, sedentarismo, o hábito de jantar muito tarde e a manutenção de uma dieta com frituras e produtos industrializados.

Segundo ele, o refluxo é mais comum do que se imagina. A estimativa é de que 20% da população tenha a doença, mas com sintomas mais amenos e que não exigem que se recorra a medicamentos.

Depois de dois anos tomando remédios e de ter mudado alguns hábitos, a assistente administrativo Marlene Pacheco, de 54 anos, continua sofrendo com os sintomas do refluxo. Por isso, o médico sugeriu que ela faça uma cirurgia, mas Marlene ainda não está completamente convencida de que essa possa ser a melhor solução para o problema. "Conheço pessoas que fizeram a cirurgia e depois ficaram piores", afirma.

Paulo Cesar Andriguetto, especialista em cirurgia do aparelho digestivo dos hospitais Santa Cruz, das Clínicas e Nossa Senhora das Graças, explica que o tratamento deve ser permanente porque a doença não tem cura. Então, quando o paciente não suporta mais essa rotina desgastante, é ele mesmo quem pede para fazer a cirurgia.

A cirurgia é uma aposta, completa Andriguetto, porque a cirurgia é eficiente em cerca de 80% a 85% dos casos. Se a pessoa for obesa, o porcentual cai para 70%. Com aqueles que não têm sucesso no procedimento, o que pode acontecer é a volta do problema de forma moderada ou até mesmo com intensidade igual a que era observada antes da cirurgia.

O gastroenterologista do Hospital Nossa Senhora das Graças Rodrigo Bremer Nones afirma que o procedimento cirúrgico não é indicado quando o paciente fez todo o tratamento de forma adequada e não obteve resultados positivos. "Se o tratamento não foi eficaz, a cirurgia também não será", diz. Segundo ele, a pessoa poderá voltar a ter refluxo e ainda precisa levar em consideração as complicações decorrentes do estreitamento do canal do esôfago, como a dificuldade para engolir.

É refluxo?

Nones alerta que é muito importante que o paciente tenha certeza do diagnóstico, que saiba se realmente se trata de refluxo. "A percepção popular nem sempre equivale à médica. Outros problemas têm sintomas semelhantes", afirma o médico. Também é preciso verificar o tratamento seguido pelo paciente. A pessoa que sofre de refluxo precisa seguir determinadas dietas, além de observar a quantidade de alimento ingerido e a até a velocidade com que come. Não pode fumar nem se deitar logo após as refeições.

De acordo com Nones, se tudo isso é seguido rigorosamente, ainda é preciso avaliar o medicamento usado pelo paciente. Ele afirma que um dos problemas no Brasil é a qualidade dos remédios. Alguns produtos similares ou manipulados não têm a eficiência desejada. O médico deve tentar algum remédio da mesma classe como alternativa para o tratamento, completa.

Marlene conta que estava com o peso acima do ideal, mas que já conseguiu controlar. Ela também deixou de jantar, controla a sua dieta e faz exercícios físicos três vezes por semana. Mas ela ainda fuma. Marlene diz que não descartou a possibilidade da cirurgia. Os especialistas sugerem, então, que ela converse com pessoas que já fizeram o procedimento e também ouça a opinião de outros médicos antes de tomar uma decisão.

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