O Brasil terá um milhão de doses da vacina contra a gripe A (H1N1), conhecida como gripe suína, ainda no fim deste ano. No primeiro semestre do ano que vem, o país terá mais 17 milhões de doses para enfrentar uma possível segunda onda da doença. Este novo lote, porém, será fabricado em território nacional. As vacinas serão feitas pelo Instituto Butantan, em São Paulo. As informações foram divulgadas ontem pelo Ministério da Saúde.
O ministério informou que ainda não estão definidos os grupos da população que serão priorizados na imunização. A decisão será tomada conforme uma avaliação da evolução da nova gripe no país. Profissionais de saúde que trabalham diretamente com o atendimento da nova gripe, porém, deverão estar protegidos. Entre as possibilidades, estão ainda grupos de risco, grávidas, idosos e crianças. "Até o fim do ano teremos esse cenário", diz.
O Instituto Butantan produzirá a vacina a partir de uma parceria com a empresa Sanofi Pasteur, uma das maiores do setor. O Ministério da Saúde negocia ainda a compra de mais 15 milhões de doses.
O ministério acredita que cada pessoa que pretender se imunizar contra a gripe precisará tomar duas vacinas por ano: uma contra a gripe comum e outra contra a nova variedade. A formulação de vacinas contra a nova gripe não modificará o programa nacional de vacinação contra a gripe sazonal, de acordo com o governo.
Medicamento
Enquanto não há uma vacina contra a gripe A, a principal forma de tratamento é pelo medicamento Tamiflu. O secretário de Estado da Saúde do Paraná, Gilberto Martin, alertou ontem que não se pode cair na banalização da prescrição do remédio porque se pode esbarrar, no futuro, com a falta do remédio e com o risco de resistência do vírus.
O Brasil tem tratamentos de Tamiflu em estoque suficientes para 8,8 milhões de pessoas. Segundo o secretário, com o uso indiscriminado da medicação, os estoques acabariam logo. "As áreas mais densamente povoadas do país consumiriam isso em dez dias."
O secretário se reuniu ontem com representantes da Associação Médica do Paraná (AMP), do Conselho Regional de Medicina (CRM) e das sociedades médicas de pediatria, pneumologia e infectologia para discutir a necessidade de readequações no protocolo do Ministério da Saúde. O protocolo atual receita o Tamiflu apenas para casos graves e pacientes de grupo de risco, como idosos, crianças menores de 2 anos e gestantes. "A preocupação é não esperar o agravamento do caso e depois entrar com o medicamento. Temos que conseguir tratar o paciente avaliando o quadro clínico, com muito critério, e entrando com a medicação", afirmou o secretário.
O Paraná, que registra 180 casos e uma morte por causa da doença, irá pedir ao ministério uma flexibilização do protocolo para que pacientes com risco de agravamento recebam a medicação, como já vem ocorrendo em alguns casos. Segundo o secretário, isso atingiria uma minoria de pacientes, pois em 96% dos casos não há indicação para uso do medicamento. "Mantemos o protocolo (do ministério) e, dentro dos limites do protocolo, a gente vai procurar flexibilizar para que nenhum médico se sinta inseguro na prescrição do medicamento."
OMS
A Organização Pan-Americana da Saúde, braço da OMS na América, vai atualizar a recomendação de uso do Tamiflu até a próxima semana, detalhando sinais e sintomas que podem levar o paciente diagnosticado ou com suspeita da gripe A a ficar grave.
O objetivo é que o medicamento seja aplicado antes de o paciente evoluir para uma situação de gravidade.



