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O que são

Saiba mais sobre os algoritmos e sua aplicabilidade na saúde

Algoritmo é uma sequência finita de passos que devem ser seguidos para a resolução de um problema. A sequência pode ser determinada ou aleatória. No caso dos algoritmos para detectar Parkinson por meio da voz, há um banco de dados que mostram padrões envolvidos nas alterações da fala.

Como são criados

O primeiro passo é ter uma base de dados. Com isso, alimenta-se o sistema com todos os fatores envolvidos, como comportamentos (não conseguir segurar um copo) ou sintomas (laringe rígida). A partir disso, cria-se uma sequência de passos prees­tabelecidos que levem a uma situação comum e, quando se chega ao fim da sequência, tem-se a resposta/solução.

Tecnologia

Matemática também é aplicada na pesquisa e em cirurgias

Os algoritmos não atuam apenas no diagnóstico, mas também no estudo e resolução de problemas em saúde, como explica o coordenador do curso de Ciência da Computação da UFPR, Eduardo Todt, especialista em robótica. Isso fica visível em duas frentes, uma ainda no ramo da pesquisa e outra já aplicada em alguns hospitais. A primeira é um programa em que um logaritmo de computador controla um exoesqueleto robótico vestido por uma pessoas que não pode se locomover. A outra é o uso de robôs em cirurgias, cujos movimentos também são determinados por algoritmos. O médico controla um joystick e, por meio dele, realiza movimentos que serão transmitidos a um robô.

Um programa de computador criado por um matemático promete causar uma revolução na forma como é feito o diagnóstico do mal de Parkinson, que hoje atinge cerca de 6 milhões de pessoas. Por meio de algoritmos, o britânico Max Little criou uma sequência lógica que, interpretada por um computador, permite identificar padrões na voz de uma pessoa.

Como a doença causa alterações muito significativas na voz, o computador informa se o registro analisado corresponde ao padrão de alguém com Parkinson e, assim, permite ao médico fazer o diagnóstico.

De acordo com o matemático, que se interessou pelo caso ao ver um amigo bailarino sofrer com os sintomas da doença que compromete o movimento de vários órgãos do corpo, a eficácia do teste em laboratório é de 99%. Durante uma palestra no evento TED, uma espécie de seminário nascido nos EUA para incentivar a discussão de novas ideias, Little comentou que o teste pode ser feito por meio de uma ligação telefônica para o médico, e que dura menos de 30 segundos para que se tenha um resultado.

"Os testes atuais são feitos em clínicas. São caros, consomem tempo e possuem dificuldades de logística. Nossa tecnologia poderia permitir algumas inovações radicais, porque os testes baseados na voz podem ser feitos remotamente, e os próprios pacientes poderiam fazer o teste", disse Little na palestra, enfatizando que a tecnologia permite reduzir custos e aumentar a eficácia do diagnóstico.

Detecção

De acordo com o neurologista do Hospital Nossa Senhora das Graças, em Cu­­ritiba, Cleverson de Ma­­cedo Gracia, a alteração de voz é significativa em pacientes que possuem a doença, pois ataca os neurônios responsáveis por várias funções, entre elas, a da fala. O Parkinson deixa a laringe rígida e funcionando mais lentamente, fazendo com que se perca a força da voz. E isso de fato pode ser perceptível por um algoritmo que consiga detectar as alterações, por menores que sejam.

O médico, porém, diz que o teste tem grande importância científica, mas pouca utilidade prática, já que ainda não há uma cura para a doença.

Ele explica que as alterações na voz podem ocorrer vários anos antes de os sintomas mais significativos, como tremores na mão, aparecerem, e acrescenta: "O fato de a pessoa descobrir que terá a doença dali a alguns anos não vai ter qualquer impacto no tratamento, já que os médicos só indicam os remédios quando os sintomas começam a aparecer. A única diferença é que a pessoa pode ficar angustiada".

Algoritmos aprimoram diagnóstico

O uso dos algoritmos na medicina não é algo novo, embora em algumas áreas ele tenha estreado recentemente, como a do diagnóstico do mal de Parkinson. Basicamente, um algoritmo pode ser descrito como uma sequência finita de passos que leva à resolução de um problema. A sequência de passos pode ser determinada ou aleatória, e pode existir tanto em um papel como dentro de um computador.

Tal sistema pode ser utilizado tanto por um médico dentro do consultório para o diagnóstico de um paciente como por um computador durante o processamento de análises laboratoriais em grande escala, como explica o médico especialista em patologia clínica e diretor de Análises Clínicas do Laboratório Frischmann, Cláudio Pereira.

Método

O médico dá um exemplo no caso do diagnóstico de hepatite C: o primeiro passo é verificar se a pessoa possui a doença. Se o resultado for negativo, extingue-se o protocolo. Se positivo, avança-se um passo, e o próximo é descobrir outras características que permitam um tratamento personalizado, como a carga viral no sangue e o genótipo do vírus. Com isso, o trabalho do médico se aprimora, segundo Pereira.

Quando se fala em algoritmos de computador, é importante frisar que eles não substituem a análise do profissional de saúde e que não são perfeitos. O recado é da enfermeira e coordenadora do Mestrado em Tecnologia em Saúde da PUCPR, Márcia Regina Cubas. "A tecnologia é um suporte, que vem para se somar ao trabalho do médico. Ela nunca substitui o raciocínio clínico – é uma intermediação entre quem está atendendo e quem está sendo cuidado. Até porque é preciso ouvir o que paciente fala, tanto o que ele expressa verbalmente quanto o que ele diz com o corpo e as atitudes".

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