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Veja o que o fumo e a exposição à fumaça podem causar |
Veja o que o fumo e a exposição à fumaça podem causar| Foto:

Primeiro surge a tosse, justificada pelo avanço da idade. Depois vem a falta de ar para atividades corriqueiras, explicada pelo sedentarismo. Logo fica claro que esses sintomas se referem a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), um mal incapacitante e irreversível que atinge um milhão de brasileiros. No centro do problema, o tabaco, que agrava esses desgastes e que geralmente não sai da rotina do paciente, mesmo após a confirmação da doença.

A DPOC se estabelece lentamente e principalmente em fumantes com mais de 40 anos, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). A pessoa imagina que nada grave está acontecendo mesmo com uma progressão aparente da perda da capacidade respiratória.

Não apenas fumantes

Os pneumologistas alertam que, além dos fumantes, a doença pode afetar também aqueles que trabalham em ambientes com fumaça, como petroquímicas e carvoarias, e até quem faz uso constante do fogão a lenha. "O doente com DPOC sofre com dois grandes problemas no pulmão: o enfisema, que destrói o órgão e produz grandes furos no tecido pulmonar, e a inflamação dos brônquios, ou bronquite crônica, que o faz produzir e acumular muita secreção. Este quadro é irreversível, pois não há como reconstruir os tecidos destruídos e, além disso, a bronquite pode acarretar fibrose da estrutura pulmonar", detalha o pneumologista Jairo Sponholz Araújo, do Hospital das Clínicas da Univer­sidade Federal do Paraná.

No Brasil, de cada 10 homens vitimados pela bronquite crônica e enfisema pulmonar, oito são tabagistas. Nas mulheres, este número cai para seis.

Taxi para andar meia quadra

Fumante há 56 anos, Joana Deda, 73, está em tratamento da DPOC no HC, em Curitiba. Segundo ela, os sintomas foram percebidos há cerca de 10 anos. "Eu sentia uma canseira até para atravessar a rua e chegar ao hospital. Antes eu fumava um maço inteiro por dia e agora fico só em três ou quatro cigarros. Estou usando o remédio receitado e assim o fôlego fica melhor", conta ela. Sua filha, Rosa Deda, conta que há um ano precisou chamar um taxi para que Joana pudesse percorrer meia quadra e chegar até um dos ambulatórios do HC sem sofrer com a falta de ar. Com o tratamento, estas crises não aconteceram mais.

Os medicamentos mais usados para melhorar a capacidade respiratória do paciente com DPOC são os broncodilatadores, mas o maior problema, segundo os médicos, é fazer com que a receita seja seguida de forma correta. "Este é o grande desafio com os pacientes: um remédio receitado para ser utilizado quatro vezes ao dia, por exemplo, tem adesão de 30%, já o de utilização única tem adesão de 80%, porque o tratamento interfere menos na rotina do indivíduo", explica Jairo.

Lançamentos da indústria farmacêutica já conseguem suprir esta demanda pela utilização do dilatador uma vez ao dia. No entanto, antes de usar a medicação, o primeiro passo a ser dado é parar de fumar. Paulo Sandoval, pneumologista do Hospital Cajuru, explica que os remédios servem para aliviar os sintomas da perda da capacidade funcional dos pulmões, porque a doença não tem cura: "Os broncodilatadores são utilizados para que o doente tenha uma sensação de conforto e um melhor desempenho em suas atividades diárias", esclarece.

Em casos graves, além dos broncodilatadores, o paciente precisa utilizar anti-inflamatórios e tubos de oxigênioterapia domiciliar prolongada, o que interfere em todas as suas atividades diárias, afinal terá suas ações limitadas ao comprimento da mangueira que leva oxigênio a ele. "O paciente em estágio mais avançado sente dificuldades até para pentear o cabelo, isto torna-se um esforço sobrenatural", observa Paulo.

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