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Pandemia

Risco é não saber identificar caso de gripe suína a tempo

Diagnóstico de contaminação pelo H1N1 deve ser feito rápido, para que paciente possa tomar o Tamiflu no tempo certo

Paulo Imfeld: peregrinação por hospitais para tentar diagnosticar doença da mulher | Christian Rizzi/Gazeta do Povo
Paulo Imfeld: peregrinação por hospitais para tentar diagnosticar doença da mulher (Foto: Christian Rizzi/Gazeta do Povo)

Curitiba e Foz do Iguaçu - Febre, tosse e dores pelo corpo: esses geralmente são os primeiros sintomas de uma gripe comum, que podem mascarar a presença do vírus causador da gripe A, conhecida como gripe suína. No Paraná, foram registrados vários casos de pessoas que morreram por causa da gripe A – ou com suspeitas de terem contraído o vírus H1N1 – que tiveram seu quadro agravado porque o médico optou pelo tratamento de uma gripe comum. Os pacientes voltam para casa e esperam o quadro melhorar, o que pode demorar até sete dias. Mas, em casos da gripe A, a recomendação é para o doente tomar o medicamento Tamiflu no prazo de até 48 horas depois do início dos sintomas.

A dona de casa Solange (nome fictício) viveu esta situação. O marido dela, de 37 anos, começou a sentir sintomas de gripe no dia 20 de julho, uma segunda-feira. Procurou o médico no dia seguinte, com febre, tosse e chiado no peito. Voltou para casa com uma receita de antibiótico. "Na sexta-feira ele começou a passar mal. Passava o efeito do antitérmico e a febre voltava", diz Solange. "Fomos de madrugada no hospital, mas o médico nem chegou a tirar raio-x."

No sábado, dia 25, o casal procurou outro hospital particular. "A médica disse que ele estava com pneumonia, mas mandou para casa com o mesmo antibiótico", relata Solange. "Ele perguntou se poderia ser a gripe suína, mas ela disse que era só uma pneumonia." O marido voltou a piorar e o casal retornou ao hospital no domingo. "O médico que o examinou disse que o pulmão estava comprometido e o internou com urgência." Segundo Solange, Roberto chegou a ficar internado em quartos com outros pacientes acompanhados de familiares.

O quadro piorou ainda mais na segunda-feira, dia 27. O paciente foi para a UTI e pela primeira vez Solange ouviu dos médicos que havia a possibilidade de se tratar do vírus da gripe A. "Na terça-feira (dia 28) chamaram a Vigilância Sanitária e na quarta deixaram um papel para pegamos o Tamiflu", conta. A essa altura, ela também estava infectada. Procurou um posto de saúde, tomou o Tamiflu e está curada. Seu marido morreu na noite de domingo.

Peregrinação

Em Foz do Iguaçu, no Oeste do estado, o mecânico Paulo Imfeld, 52 anos, fez uma verdadeira peregrinação pelo serviço público de saúde no mês passado com a esposa, Ana Ivete Imfeld, 55 anos. Com histórico de problemas cardíacos, ela morreu no dia 28, após contrair a gripe A. Ana havia sido submetida a duas cirurgias cardíacas. Em uma delas, teve complicação em decorrência de erro médico e sentia fortes dores. O quadro clínico a obrigava a procurar com frequência hospitais e a viajar todo mês a Curitiba para tomar medicação.

No mês passado, Ana contraiu uma gripe, diagnosticada como comum. Uma semana depois, começou a sentir falta de ar e teve febre. Paulo a levou ao Hospital Municipal de Foz e foi medicada. Como os sintomas não passaram, levou-a quase todos os dias ao hospital. A jornada começou em uma segunda-feira, mas o raio-x do pulmão só foi tirado no sábado. Paulo diz, no entanto, que o tratamento não foi modificado. Dois dias depois, um novo raio-x indicou que Ana tinha complicações graves no pulmão. Ela foi internada na UTI de um hospital particular, onde ficou durante sete dias, e morreu.

Para Paulo, houve falha no atendimento da esposa. "Faltou atenção. Os médicos deveriam ter feito um exame nela logo. Eu a levava no hospital todos os dias", diz.

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