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Desde que nasceu há nove meses, Marina mudou a rotina dos pais. “Não sabemos mais o que é uma boa noite de sono”, diz a mãe, Luciana Vaz da Silva | Antonio Costa/Gazeta do Povo
Desde que nasceu há nove meses, Marina mudou a rotina dos pais. “Não sabemos mais o que é uma boa noite de sono”, diz a mãe, Luciana Vaz da Silva| Foto: Antonio Costa/Gazeta do Povo

Hora de relaxar

Até os 4 meses de vida, o bebê faz intervalos de duas a três horas entre cada mamada. Por isso, os pais acabam precisando levantar várias vezes durante a noite. A medida que vai crescendo, o espaço entre as mamadas diminui e o bebê passa a dormir mais horas seguidas durante a noite. Confira algumas dicas dos especialistas para ajudar o bebê (e os pais) a terem noites melhores:

Rotina

- O estabelecimento de uma rotina é o primeiro passo para regular o sono do bebê. O recém-nascido ainda não é capaz de distinguir o dia da noite e por isso os pais devem estabelecer desde cedo um horário para dormir e uma rotina a ser seguida.

Deixar chorar

- A maior dificuldade, principalmente para os pais de primeira viagem, está em resistir e não levantar correndo ao primeiro sinal de choro. Durante a noite, assim como os adultos, o bebê tem microdespertares em que pode se mexer, dar uma reclamada, mas na verdade não está totalmente desperto. A orientação, nesses casos, é que os pais esperem alguns minutos para ver se o bebê não volta a dormir sozinho. Caso isso não ocorra, devem ir até o quarto da criança e tentar acalmá-la sem tirá-la do berço, apenas conversando ou mudando de posição.

Dormir no próprio quarto

- A criança deve ser acostumada desde pequena a dormir no seu próprio quarto. Ter o seu próprio espaço ajuda no desenvolvimento da autoestima do bebê.

Bichinhos

- O uso de um bichinho ou fraldinha é um artifício que ajuda o bebê a ficar sozinho no quarto. São os chamados objetos de transição. Eles contribuem para que a criança se sinta segura.

Balançar

- Embalar o bebê nos braços, na cadeira de balanço, na rede ou dar voltas no carrinho é um recurso muito utilizado, porém não recomendado. A criança não deve ser acostumada a dormir nessas condições. O ideal é que ela aprenda a dormir direto no berço.

Banho

- O banho ajuda a relaxar. A água quente provoca uma vasodilatação e uma queda de pressão. Além disso, se os pais acostumarem a criança a tomar banho e logo ir dormir, ela assimila isso como rotina.

Músicas

- Canções de ninar ou CDs de música clássica são relaxantes e costumam ser aliados dos pais. No entanto, não devem ser usados a ponto de ser tornar uma condição para o bebê dormir.

Televisão

- O costume adulto de adormecer assistindo à tevê é cada vez mais repassado para as crianças. No entanto, os especialistas alertam que isso é um erro. A televisão não deve ser um meio de relaxamento para os pequenos. O ideal é que a criança durma em um ambiente silencioso e com o mínimo de luz.

Calmantes

- O uso de qualquer medicamento que induza o sono não é recomendado para crianças.

Eles são fofinhos, bochechudos, engraçadinhos e irresistíveis, mas capazes de tirar o sono dos pais durante meses, principalmente dos de primeira viagem. Quem tem bebê pequeno em casa sabe que o privilégio de uma noite tranquila e de sono ininterrupto acaba assim que o cordão umbilical é cortado. Cansados por causa das noites maldormidas, muitos pais acabam estafados e até mesmo com problemas de saúde.

Uma pesquisa feita na In­­glaterra com mil casais que têm filhos pequenos revelou que os pais iniciantes perdem até seis meses de sono nos primeiros 2 anos da criança. A maioria não consegue dormir mais de quatro horas ininterruptas sem que o bebê chore. Por isso, pais e mães de recém-nascidos acabam tendo um déficit de sono enorme, que pode resultar em alterações de humor, depressão, irritabilidade e até mesmo no fim do casamento.

Em geral, adultos precisam de cinco a seis horas ininterruptas de sono a cada 24 horas para se recuperar e conseguir cumprir as tarefas do dia a dia. Segundo o levantamento, 64% dos pais dormem apenas três horas, o que significa 75% do mínimo recomendado para ter uma boa saúde. Para 12% dos pais entrevistados, os cochilos entre mamadas e chorinhos não passam de duas horas e meia.

De acordo com a médica pe­­di­­atra da UTI neonatal do Hos­pital Pequeno Príncipe e presidente do Departamento de Su­­porte Nutri­cional da Sociedade Paranaense de Pediatria, Vanessa Liberalesso, é nos 3 primeiros meses que os pais sofrem mais com os despertares do bebê. Depois disso, a tendência é que o espaço entre as mamadas vá se estendendo. "No início, a criança em aleitamento materno faz intervalos de duas ou três horas entre cada mamada, ou seja, serão 8 a 12 mamadas ao dia. Depois dos 4 meses, ela já consegue dormir até seis horas durante a noite, e pode deixar de fazer, por exemplo, a mamada das 3 da madrugada. Se ela mama por volta da meia-noite, pode dormir direto até umas 6 da manhã", explica. Segundo a médica, embora seja cansativo, os pais não devem descuidar da alimentação do bebê. Isso porque uma criança que se alimenta de forma adequada dorme melhor. "É importante que a mãe descanse, aproveitando os intervalos, e mantenha uma alimentação saudável, fazendo refeições a cada três horas. Deve-se evitar a ingestão de alimentos que contenham cafeína para não atrapalhar o sono do bebê", afirma. Ela lembra ainda que o comportamento materno tem grande influência na criança. "A mãe ansiosa tende a transmitir esse sentimento ao bebê", observa.

Novatas

À medida que o bebê cresce, além de ir mudando os hábitos e espaçando as mamadas, a mãe vai também aos poucos conhecendo me­­lhor o comportamento da criança. Com isso, ela vai aprendendo a identificar o que significa cada choro – quando o bebê quer ma­­mar; quando está com cólica; quando quer apenas chamar a atenção. "Nesse sentido, as mães de primeira viagem acabam so­­frendo mais, porque ainda não têm muita experiência, são mais inseguras e tendem a levantar para atender o bebê a qualquer resmungada da criança", afirma a neurologista e especialista em sono Elyéia Hannuch. Segundo ela, embora não seja tão reparador quanto o sono da noite, os pais, se tiverem oportunidade, devem tentar descansar um pouco durante o dia, para recuperar o déficit de sono.

A advogada Luciana Vaz da Silva, 27 anos, ainda sofre com as demandas noturnas da filha Marina, hoje com 9 meses. "Desde que ela nasceu eu e meu marido não sabemos mais o que é uma boa noite de sono", conta. Ela afirma que nos primeiros meses o casal precisava levantar a cada duas horas, porque a nenê chorava muito. Luciana chegou a levá-la para dormir na cama do casal. "Melhorou um pouco depois dos 5 meses quando ela deixou de mamar no peito e aí dormia mais tempo direto", diz. Mesmo assim, Luciana ainda levanta diversas vezes durante a noite para conferir se está tudo bem. "Pra ver se ela está bem cobertinha, agora que está frio. Não adianta, a gente não se desliga", afirma.

Embora seja mais cômodo para os pais levar o bebê para o quarto do casal, essa não é uma atitude recomendada pelos especialistas. O ideal é que o bebê se acostume a adormecer no seu próprio quarto. "Mesmo quando ele chora, os pais devem tentar acalmá-lo sem tirá-lo do berço", aconselha a neurologista.

Para Vanessa, toda mãe tem um papel fundamental no crescimento e desenvolvimento da criança. No entanto, essa é uma missão que exige doação. "O leite materno deve ser oferecido de forma exclusiva até o sexto mês de vida. Serão seis meses cuja disponibilidade materna, amor e força de vontade farão a diferença, mesmo nos momentos de cansaço e privação do sono", afirma.

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