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 | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

O vírus da aids já não é novidade há pelo menos 20 anos. O Ministério da Saú­­de estima que atualmente mais de 630 mil brasileiros tenham a doença. A sua descoberta, no entanto, sempre está associada ao medo e à insegurança. Fácil de en­­ten­­der: a aids ainda carrega o estigma da fatalidade, em parte justificado pelas estatísticas. O Ministério aponta que ela matou, entre 1980 e 2009, 217 mil brasileiros.

Por outro lado, os cuidados avançados da medicina moderna podem fazer seu portador esquecer que a possui no dia a dia. Quer um exemplo? A digitadora aposentada Sil­­mara Ribas, de 49 anos, sabe bem valorizar a sua rotina sem dar espaço para as suas inseguranças.

Mas nem sempre foi assim. Sil­mara descobriu ser soropositiva em dezembro de 2001, sem nunca an­­tes ter qualquer indício da doença. "Estava trabalhando e comecei a passar mal. Suspeitei de meningite ou alguma infecção alimentar, pois estava com vômito, diarreia e dor de cabeça. Fui internada e os médicos fizeram um exame de detecção de aids", diz. Como tantas outras histórias, a infecção aconteceu de um jei­to que ela pouco esperava. "Foi por relação sexual. Na época eu ti­­nha um namoro sério, de cinco anos, e acreditava não precisar de proteção."

A fase do susto foi a mais complicada, ela admite. "Quando o mé­­dico noticiou, eu quis morrer. Pedi para ficar internada. No início não quis contar para a minha mãe. Ela começou a desconfiar pelas mi­­nhas idas frequentes ao médico no primeiro mês. Não teve como es­­conder. Dois meses depois foi a vez de contar para o meu pai e parte da família", diz Silmara. Somente alguns meses após a descoberta, ela tomou coragem de contar para os filhos, dois adolescentes na época.

O medo que a impedia de dividir a triste notícia era o da rejeição. "A minha familia soube me apoiar e não sofri preconceito", diz. Era a força que faltava para enfrentar o monstro da aids. "Passei a pesquisar o assunto e assim descobri grupos de ajuda formados por soropositivos. "Com essas pessoas me inspirei para poder seguir em frente. Conheci mui­­ta gente com histórias seme­lhan­tes e que conseguiam viver bem, mesmo tendo o vírus há 20, 25 anos."

Hoje, ela sabe que não poderá su­­perar nunca a descoberta. Mas apren­­deu a viver com a melhor qualidade de vida possível. "Faço tudo que quero. Ainda sofro o preconceito de algumas pessoas que não me conhecem, mas aprendi a relevar. A lembraça da doença está apenas nos medicamentos, que são diários, e nas visitas ao médico."

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