
Em dezembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou os resultados de um estudo relacionando à quantidade de resíduos de agrotóxicos nos frutas, verduras e legumes mais comuns no Brasil, e o resultado deixou muitos consumidores assustados: cerca de 28% das amostras apresentavam taxas fora do aceitável de agrotóxicos.
Foi o suficiente para que pimentões, morangos e pepinos, os primeiros colocados na lista dos mais contaminados, virassem os "vilões" da dieta por algumas semanas. Mas, segundo os especialistas, o receio é desnecessário.
"É preciso tomar cuidado, colocar na balança os prós e os contras. No caso dos alimentos testados, as vantagens são infinitamente maiores do que os possíveis riscos dos agrotóxicos, então não há porque tirá-los do cardápio", garante o médico nutrólogo e presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), Durval Ribas Filho.
Pelo contrário, o melhor é investir em frutas, verduras e legumes justamente para proteger o organismo contra a ação de produtos tóxicos. "Os vegetais são ricos em fibras e substâncias que evitam a liberação de radicais livres no organismo, o que fortalece a imunidade, retarda o envelhecimento e previne contra o câncer e outras doenças crônicas degenerativas."
A farmacêutica e professora do curso de Farmácia da PUCPR Joceline Franco DallAgnol explica que o consumo de agrotóxicos em alimentos de maneira esporádica e em pequenas quantidades, como acontece no dia a dia, não traz problemas de saúde. Seria necessário comer cerca de 6 kg de tomate todos os dias para consumi-los de maneira perigosa, por exemplo.
Sintomas
Os sintomas mais comuns associados à intoxicação por agrotóxicos são náusea, vômito e prostração, mas só costumam aparecer em casos extremos. Em geral, o perigo dessa intoxicação é do acúmulo, por anos, da substância nas células e raramente acontece por somente um episódio de consumo.
A ingestão também está associada a problemas hormonais, nódulos na tireoide, alguns tipos de câncer e aparecimento de doenças cardiovasculares e problemas neurodegenerativos, mas a relação entre o consumo de agrotóxicos e o aparecimento das doenças não é clara. "Na maioria dos casos, há outros fatores associados, como tabagismo, sedentarismo e alimentação errada, então é difícil dizer qual foi realmente o culpado."
Prevenção
O segredo para evitar problemas está em investir na lavagem correta dos alimentos, utilizando água corrente e deixando frutas, verduras e legumes de molho em uma solução de água e água sanitária. Quanto a tirar a casca das frutas, ajuda, mas não é recomendado. "Quando você tira a casca, claro que a quantidade de agrotóxicos se torna menor, mas não vale a pena pela perda de fibras e vitaminas que a retirada gera", diz o médico nutrólogo.
Segundo ele, na hora das compras, não é possível identificar se um alimento está contaminado com agrotóxicos, já que as substâncias não deixam marcas, cheiros ou alterações de sabor. Por isso, vale a pena ficar de olho na certificação.



