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Pimentões: os campeões em quantidade de agrotóxicos | Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
Pimentões: os campeões em quantidade de agrotóxicos| Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo

Alternativas

Orgânicos são alternativa

Para fugir dos agrotóxicos, uma opção é o consumo de alimentos orgânicos, produzidos sem a utilização desses recursos. Mas eles também exigem cuidados. "Claro que são benéficos, mas tudo depende da forma como são manuseados. É preciso ficar de olho na forma de transporte, no prazo de validade, no acondicionamento e caprichar na limpeza", recomenda o nutrólogo Durval Ribas Filho. No caso dos hidropônicos, a farmacêutica Joceline Dall’Agnol explica que não há garantia de que não tenham agrotóxicos. "A diferença para a produção comum é que os hidropônicos são produzidos na água, que é misturada com substratos e pode ter aplicação de substâncias tóxicas para evitar o crescimento de pragas."

O que fazer?

Veja algumas dicas que ajudam a diminuir a ingestão de agrotóxicos:

- Prefira verduras, legumes e frutas da estação e evite as que foram cultivadas fora de época, já que elas exigem mais agrotóxicos.

- Verifique a procedência do alimento e escolha os com origem declarada.

- Exija certificação e opte pelos produtos com selos de qualidade.

- Desconfie dos muito "bonitos". O tomate grande, vermelho e brilhoso exigiu muito mais agrotóxicos que o menor e mais fosco, mas igualmente saboroso.

- Prefira os orgânicos, que não rece­­bem agrotóxicos em sua produção.

- Seja cuidadoso na higienização. Lave bem cada alimento em água corrente e deixe de molho, por pelo menos 30 minutos, em uma solução com 1 colher de água sanitária para cada litro de água.

- Nos legumes e frutas, pode-se tirar a casca, onde está concentrada a maior parte das substâncias tóxicas, mas não é necessário, já que a perda de fibras e nutrientes com a retirada é mais danosa que a ingestão dos agrotóxicos.

Interatividade

Você se preocupa com as taxas de agrotóxicos nos alimentos? Quais os seus cuidados na hora das compras?

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Em dezembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou os resultados de um estudo relacionando à quantidade de resíduos de agrotóxicos nos frutas, verduras e legumes mais comuns no Brasil, e o resultado deixou muitos consumidores assustados: cerca de 28% das amostras apresentavam taxas fora do aceitável de agrotóxicos.

Foi o suficiente para que pi­­mentões, morangos e pepinos, os primeiros colocados na lista dos mais contaminados, virassem os "vilões" da dieta por algumas se­­manas. Mas, segundo os especialistas, o receio é desnecessário.

"É preciso tomar cuidado, colocar na balança os prós e os contras. No caso dos alimentos testados, as vantagens são infinitamente maiores do que os possíveis riscos dos agrotóxicos, então não há porque tirá-los do cardápio", garante o médico nutrólogo e presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), Durval Ribas Filho.

Pelo contrário, o melhor é in­­vestir em frutas, verduras e legumes justamente para proteger o organismo contra a ação de produtos tóxicos. "Os vegetais são ricos em fibras e substâncias que evitam a liberação de radicais livres no organismo, o que fortalece a imunidade, retarda o envelhecimento e previne contra o câncer e outras doenças crônicas degenerativas."

A farmacêutica e professora do curso de Farmácia da PUCPR Joce­­line Franco Dall’Agnol explica que o consumo de agrotóxicos em alimentos de maneira esporádica e em pequenas quantidades, como acontece no dia a dia, não traz problemas de saúde. Seria necessário comer cerca de 6 kg de tomate todos os dias para consumi-los de maneira perigosa, por exemplo.

Sintomas

Os sintomas mais comuns associados à intoxicação por agrotóxicos são náusea, vômito e prostração, mas só costumam aparecer em casos extremos. Em geral, o perigo dessa intoxicação é do acúmulo, por anos, da substância nas células e raramente acontece por somente um episódio de consumo.

A ingestão também está associada a problemas hormonais, nódulos na tireoide, alguns tipos de câncer e aparecimento de doenças cardiovasculares e problemas neurodegenerativos, mas a relação entre o consumo de agrotóxicos e o aparecimento das doenças não é clara. "Na maioria dos casos, há outros fatores associados, como tabagismo, sedentarismo e alimentação errada, então é difícil dizer qual foi realmente o culpado."

Prevenção

O segredo para evitar problemas está em investir na lavagem correta dos alimentos, utilizando água corrente e deixando frutas, verduras e legumes de molho em uma solução de água e água sanitária. Quanto a tirar a casca das frutas, ajuda, mas não é recomendado. "Quando você tira a casca, claro que a quantidade de agrotóxicos se torna menor, mas não vale a pena pela perda de fibras e vitaminas que a retirada gera", diz o médico nutrólogo.

Segundo ele, na hora das compras, não é possível identificar se um alimento está contaminado com agrotóxicos, já que as substâncias não deixam marcas, cheiros ou alterações de sabor. Por isso, vale a pena ficar de olho na certificação.

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