Quando passam pela fase de maturação sexual, alguns jovens ficam com fama de gulosos. Muitos pais mostram-se preocupados, mas o que eles não sabem é que sentir mais fome nesse período da vida é completamente normal. Lucimara Gomes Baggio, hebiatra (profissional especializado em saúde do adolescente) e professora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) explica que essa fase é conhecida como estirão puberal, que corresponde a um ano em que o adolescente cresce mais rapidamente. "É um período de liberação de hormônios. Nas meninas, ocorre entre 11 e 12 anos. Nos meninos, por volta dos 14", diz.Essa idade, no entanto, pode variar. Segundo a hebiatra, o corpo de cada jovem tem um desenvolvimento diferente e, por esse motivo, a forma como o crescimento vai acontecer pode ter diferenças.
O estudante Pedro Antônio Zambão começou a sentir aumento do apetite neste ano, quando estava prestes a completar 16 anos. "Passei a sentir muita fome e procurar o que comer o dia todo, desde verduras a bolos", conta.
A mãe de Pedro, Janete Silmara Damázio, diz notar o excesso de vontade de comer quando o filho senta à mesa. "Às vezes parece até gula. Ele não se contenta com um hambúrguer, tem que comer quatro", diz. A rotina do jovem após o almoço é sempre a mesma, segundo a mãe. Ele come um prato de comida e menos de uma hora depois abre a geladeira em busca de algum petisco. "Bolacha aqui em casa não dura nada. Até pensei em parar de comprar", afirma.
Excessos
Comer mais é normal neste momento da vida, mas deve-se prestar atenção ao que se ingere. O envolvimento da família é muito importante para evitar excessos, como o consumo de alimentos pouco saudáveis que podem levar à obesidade e outros problemas de saúde. "Se os pais acham que o jovem deve parar de comer um petisco, não devem nem comprar", diz a herbiatra Lucimara.
Pensando na saúde de Pedro, uma das medidas de Janete foi cortar o refrigerante nos dias de semana, limitando-o ao domingo. O adolescente se acostumou com o hábito, trocando as bebidas gasosas por sucos. "Tem de deixar o refrigerante só para o fim de semana, pois nele não há nutrientes essenciais, como as vitaminas e cálcio. Além disso, há uma quantidade muito grande de sódio", afirma Vanessa Yumie Liberalesso, nutróloga e presidente do Departamento de Suporte Nutricional da Sociedade Paranaense de Pediatria.
Além de ser encontrado nos refrigerantes, o sódio também faz parte dos nutrientes de enlatados e do sal que é colocado na comida. Seu consumo exagerado pode trazer complicações, como hipertensão e cálculo renal.
Outro nutriente com o qual é preciso ficar atento é o cálcio, encontrado principalmente no leite. Na juventude, é comum que os jovens deixem essa bebida de lado, o que também não é indicado. "Os jovens passam a tomar refrigerante e suco e esquecem o leite. Isso aumenta o risco de osteoporose no futuro", diz Vanessa. A nutróloga aconselha que são necessárias três porções de 200 ml de leite por dia, podendo elas serem substituídas por derivados, como o queijo. O segredo, de acordo com Vanessa, é seguir exatamente essa medida e não exagerar. "Assim como a falta de cálcio pode causar osteoporose, o excesso vai levar à obesidade", diz.
