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 | Fernando Zequinão
| Foto: Fernando Zequinão

Sem ajuda

Ninguém vai morrer fazendo atividade por conta própria, especialmente se a atividade for feita em uma intensidade moderada. "Treinos mais vigorosos trazem riscos maiores e precisam de supervisão profissional", diz o professor Aylton Figueira. Se o tempo não ajuda, subir e descer as escadas do prédio auxilia a manter a vida ativa e, até certo ponto, o condicionamento no intervalo entre exercícios.

Antes de recomeçar

Retomar a rotina de exercícios não se resume à matrícula na academia.

Em alguns casos há exames indicados para quem passou um período sedentário

• Avaliação médica com clínico geral na qual será verificada a condição de saúde do aluno e até mesmo se há alguma condição postural inadequada;

• É importante, especialmente entre o grupo de risco (acima do peso e hipertensos), buscar um cardiologista para os exames de esforço e do coração;

• Na academia ou junto aos profissionais de educação física, serão feitas as avaliações específicas como medida do corpo, de força, flexibilidade e, só então, a prescrição dos exercícios físicos, de acordo com os objetivos.

4 a 8 semanas é o período médio que se leva, após um curto tempo parado, para retornar à forma antes do abandono da prática física.

Cada semana longe dos exercícios físicos representa redução do condicionamento, força, fôlego e diminuição da capacidade de perder medidas. Esses também são os motivos que levam as pessoas de volta às academias. Porém, quando o tempo parado é muito grande, a retomada é feita da estaca zero, o que pode frustrar a nova saída do sedentarismo.

Por cinco anos, o advoga­do Marcos Fernandes, 34 anos, treinou com intensidade e com­petiu em diversas pro­vas de natação, mas a vida pro­fissional o afastou da pis­ci­na. Depois de um retorno rápi­do e novo abandono, Mar­cos decidiu começar outra moda­lidade – a corrida. "Eu vim da natação, um esporte sem impacto. Como meu coração e a musculatura em geral estavam bem preparados, corri com bastante intensidade para quem não treinava. Em três meses, sofri uma lesão na canela", diz. Esse erro é bastante comum, segundo o diretor da assessoria de corrida Trainer, Fabio Alonso. "A pessoa não pode achar que consegue levantar o mesmo peso ou correr na mesma intensidade de antes de parar o exercício. Independente de ter experiência, o retorno é um trabalho árduo: são duas semanas de treino para compensar cada semana parada", exemplifica Fabio.

Rápido?

Engana-se quem acha que os resultados no retorno virão mais rápido do que aqueles que começam do zero, de acordo com o doutor em adaptação humana e atividade física da Universidade São Judas Tadeu, de São Paulo, Aylton Figueira. As mudanças adquiridas pelo corpo com os exercícios só continuarão existindo se a pessoa mantiver o estímulo físico, mesmo nesse intervalo. "Ao parar, o estímulo deixa de existir e os benefícios, especialmente de força muscular, acabam se perdendo ou não se sustentam. A única coisa que permanece é a experiência da pessoa com aquele exercício prévio", afirma Figueira.

A relação entre o tempo de treino e o período parado é determinante para as perdas no condicionamento adquirido nos meses de academia. De acordo com a doutora em ciências fisiológicas da Universidade Federal de São Carlos, Ana Claudia Duarte, parar durante três meses é diferente para uma pessoa que treinou por um ano e para outra que treinou por apenas três meses. "Temos capacidades condicionantes e coordenativas. Essas últimas dependem de treino e do processo de aprendizagem, como andar de bicicleta. Mesmo depois de um tempo, você saberá andar de bicicleta, mas sem condicionamento sentirá dor na musculatura e terá de treinar para voltar à prática que tinha antes", diz a professora.

Prejuízo à saúde

Perder força muscular impacta não apenas nos músculos à vista, mas também em outros sistemas do organismo, como o batimento cardíaco. O nível de esforço que o coração deve fazer para bombear o sangue é maior no sedentário que no fisicamente ativo, que conta com a ajuda dos músculos para facilitar a passagem do sangue. Se no período que ficou parado, a pessoa engordou, surge a ofegância – também influenciada pela perda de força muscular. Caso não aumente o peso no período sedentário, a falta de fôlego também aparece, mas de uma maneira não tão expressiva.

Voltei e não quero parar

Visualizar os resultados esperados – seja um corpo mais definido, seja a redução no peso – é a principal maneira de motivar os alunos a seguirem ativos após um tempo sedentário, segundo professores de academia e instrutores físicos. "As duas primeiras semanas após o retorno são fundamentais. Se não conseguir motivá-la nesse período, é muito mais fácil que ela desista e fique mais um, dois anos parada", diz o professor e personal da academia Fit Premium, Gilmar Ravazoli. Quando se estipula um prazo para atingir determinado objetivo, a frequência nas aulas também aumenta. Como a procura por academias cresce especialmente nos meses de setembro e outubro – quando as temperaturas voltam a subir –, a pessoa deve mirar nas mudanças que encontrará em dezembro, quando os benefícios da atividade ficarão visíveis.

Emagrecer mais rápido é mito

Ninguém emagrece mais rápido na volta ao exercício só porque fez atividade física um ano atrás, segundo o pesquisador de adaptação humana e atividade física da Universidade São Judas Tadeu, Aylton Figueira. "A capacidade que o músculo tem em usar a gordura é algo que ele "aprende" com o exercício. O músculo não tem memória, não vai absorver a gordura da mesma forma que antes. Na volta, ele reaprende pela intensidade e duração do esforço", explica. Como as pessoas normalmente voltam em uma intensidade menor, emagrecem como da outra vez, nem mais rápido, nem mais lento. "Ao fazer exercício ela vai gastar mais energia: correndo, nadando ou na academia, se ela gasta 600 calorias por dia fazendo exercício físico, são 4 mil calorias a menos semanalmente", afirma Figueira.

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