A operação deflagrada nesta sexta-feira (19) pela PF que mira os deputados federais Sóstenes Cavalcante e Carlos Jordy (PL-RJ) sob suspeita de desvio de recursos públicos de cotas parlamentares, com sete mandados de busca e apreensão cumpridos no Distrito Federal e no Rio de Janeiro, autorizados pelo ministro Flávio Dino (STF), ocorre em meio à intensificação das apurações na CPMI do INSS, onde Sóstenes Cavalcante vinha protagonizando a oposição e pressionando por convocações e quebras de sigilo envolvendo familiares do presidente Lula, como o pedido de convocação de Fábio Luís Lula da Silva (Lulinha) e as discussões em torno do irmão do presidente, Frei Chico — temas que vinham ganhando visibilidade política e gerando pressão sobre a base governista na comissão.
Segundo a investigação, agentes políticos, servidores comissionados e terceiros teriam atuado de forma coordenada para desviar e ocultar verbas públicas por meio de contratos falsos, incluindo supostos pagamentos irregulares a locadoras de veículos, configurando possíveis crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa; na casa de Sóstenes foram apreendidos mais de R$ 400 mil em espécie, e os celulares dos parlamentares foram confiscados pela PF como parte das diligências.
A coincidência temporal entre o avanço dessas investigações políticas e a deflagração da operação policial tem alimentado interpretações nos bastidores sobre o cerco à atuação oposicionista de Sóstenes na CPMI.
PF aponta repasses milionários do "Careca do INSS" para amiga de Lulinha
Documentos da Polícia Federal revelam que o lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, transferiu aproximadamente R$ 1,1 milhão a R$ 1,5 milhão para a empresária Roberta Luchsinger, amiga de Fábio Luís Lula da Silva (Lulinha), com mensagens em que ele diz que os valores eram “para o filho do rapaz”, possivelmente referindo-se a Lulinha; a movimentação financeira integra a Operação Sem Desconto, que investiga um esquema de fraudes e influência envolvendo o INSS, e a empresária — apontada como parte do “núcleo político” do lobista — foi alvo de mandados da PF na nova fase das apurações.
Novo pede novamente convocação de Lulinha na CPMI do INSS
Parlamentares do partido Novo protocolaram novamente, nesta quinta-feira (18), um pedido de convocação de Fábio Luís Lula da Silva (Lulinha) para depor à CPMI do INSS, argumentando que trocas de mensagens interceptadas pela Polícia Federal na nova fase da Operação Sem Desconto sugerem sua possível ligação com o esquema de fraudes que atinge aposentados e pensionistas; tentativas anteriores de ouvir Lulinha na comissão haviam sido rejeitadas pela base governista, e a bancada afirma que a medida é essencial para garantir que “nenhuma conexão relevante seja omitida” nas apurações.
Escândalo do INSS aumenta pressão e aumenta desgaste de Lula
O avanço das investigações sobre o escândalo bilionário de fraudes no INSS, apurado pela Operação Sem Desconto da Polícia Federal, transformou-se em um fator de forte desgaste político para o presidente Lula no fim do ano. O caso ganhou maior repercussão com a revelação de movimentações financeiras, vínculos de lobistas e menções a pessoas próximas ao governo, incluindo referências ao filho do presidente, Fábio Luís Lula da Silva (Lulinha), o que ampliou a pressão sobre o Planalto, alimentou a atuação da oposição na CPMI do INSS e dificultou o controle da crise às vésperas do recesso e das festividades de Natal.
O programa Sem Rodeios vai ao ar, ao vivo, nesta sexta-feira (19) às 13h30 pelo canal da Gazeta do Povo no YouTube.
