A aplicação da Lei Global Magnitsky ao ministro Alexandre de Moraes pode ser apenas o primeiro passo de uma pressão gradual dos EUA sobre autoridades brasileiras. Especialistas apontam que outros ministros do STF — especialmente aqueles cujos vistos já foram revogados como Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Fachin, Barroso e Flávio Dino — estão sob risco de sanções similares caso continuem alinhados com as ações de Moraes. Estão também na mira os presidentes da Câmara e do Senado, Hugo Motta e Davi Alcolumbre, caso não avancem pautas consideradas decisivas pelos EUA, como anistia e reversão de alegadas perseguições políticas. Há ainda possibilidade de medidas secundárias atingirem familiares e associados que porventura auxiliem os sancionados a ocultar bens ou burlar restrições.
Eurodeputados pedem sanções a Moraes
Um grupo de 16 europarlamentares, majoritariamente de partidos conservadores, enviou carta à Alta Representante da União Europeia, Kaja Kallas, pedindo o congelamento dos bens e restrição de viagens na UE do ministro do STF, Alexandre de Moraes, e outros magistrados. Assinada por Dominik Tarczynski (Polônia) e colegas, a iniciativa invoca o Regime Global de Sanções de Direitos Humanos da UE — conhecido como Lei Magnitsky europeia — e acusa o ministro de “violar direitos humanos”, conduzir “censura política” e atuar simultaneamente como investigador, promotor e juiz em processos contra adversários políticos, especialmente em casos ligados ao ex‑presidente Bolsonaro.
Tagliaferro promete revelar “todo o iceberg” contra Moraes
O ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes no TSE, Eduardo Tagliaferro, comemorou a aplicação da Lei Magnitsky pelos EUA contra Moraes e afirmou que deve ser denunciado em breve. Em entrevista via videochamada, disse estar fora do Brasil, sem revelar o local, e prometeu expor detalhes sobre a atuação do ex-chefe, descrevendo-o como autoritário, narcisista e intimidatório. Tagliaferro declarou que já falou apenas a “ponta do iceberg” e garantiu possuir provas que não podem ser refutadas.
Após as sanções da Lei Magnitsky, ministro aparece em estádio sorrindo
O ministro Alexandre de Moraes foi incluído nesta quarta-feira (30) na lista de sanções dos Estados Unidos com base na Lei Magnitsky—medida que bloqueia seus ativos nos EUA, suspende seu visto e proíbe transações financeiras com cidadãos americanos—e, poucas horas depois, foi visto na Neo Química Arena assistindo ao clássico Corinthians x Palmeiras. Torcedor declarado do time, Moraes chegou sorridente acompanhado da esposa, acenou para o público, gritou “vai Corinthians” e fez um gesto obsceno com o dedo médio, enquanto era alvo de vaias por parte de alguns torcedores.
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