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De motorhome pelo Oeste dos EUA: Raquel Derevecki passou 16 dias viajando com o marido, Dioni Brandt, pelo Oeste dos EUA e conta em detalhes como foi a experiência
De motorhome pelo Oeste dos EUA: Raquel Derevecki passou 16 dias viajando com o marido, Dioni Brandt, pelo Oeste dos EUA e conta em detalhes como foi a experiência| Foto: Arquivo pessoal

O roteiro já estava definido: conheceríamos os principais parques nacionais do Oeste dos Estados Unidos, a antiga Rota 66 e as cidades de Los Angeles e Las Vegas em 16 dias de viagem. Para isso, percorreríamos 3.700 quilômetros em quatro estados norte-americanos e dormiríamos cerca de duas noites em cada destino.

Só que precisaríamos de muitos hotéis, a maioria deles ficava fora dos parques e os que tinham melhor localização estavam acima do nosso orçamento. Então, depois de bastante pesquisa, decidimos trocar o conforto de ter alguém arrumando nossa cama todos os dias pela facilidade de viajar pela terra do Tio Sam carregando “nossa casa”. O resultado? Vamos contar em detalhes.

Raquel Derevecki e Dioni Brandt: várias paradas para fotos incríveis e viagem em ritmo próprio. Foto: Arquivo pessoal.
Raquel Derevecki e Dioni Brandt: várias paradas para fotos incríveis e viagem em ritmo próprio. Foto: Arquivo pessoal.

Começamos a viagem dia 18 de maio, quando embarcamos no Aeroporto Internacional Afonso Pena, em Curitiba, rumo à capital mundial do cinema. Fizemos duas escalas e chegamos em Los Angeles no dia seguinte, prontos para descansar em um hotel próximo ao endereço para retirada do nosso motorhome - um veículo com 7,6 metros de comprimento e capacidade para até cinco pessoas.

Inicialmente, tínhamos pensado em alugar um modelo menor. No entanto, percebemos que o valor dos veículos para duas ou cinco pessoas eram semelhantes e que teríamos muito mais comodidade se optássemos por um Veículo Recreativo (RV) mais espaçoso. Então, entramos em contato com uma companhia paranaense especializada nesse serviço, a Motorhome Trips, avaliamos as opções disponíveis para a data que precisávamos e fechamos negócio.

Pelas fotos, já sabíamos que o trailer seria confortável e teria duas camas de casal, quarto e banheiro. No entanto, assim que nos apresentamos na empresa para retirar “nossa casa sobre rodas”, ficamos ainda mais animados ao perceber que um dos quartos era retrátil e ficaria maior do que imaginávamos. Além disso, um funcionário nos apresentou todo o funcionamento do motorhome e, em menos de uma hora, estávamos preparados para esvaziar o esgoto, encher o reservatório de água, usar o gerador e garantir que alimentos e louças estivessem bem guardados durante a viagem.

Nosso trailer veio equipado com panelas, talheres, torradeira e outros itens essenciais para nossas refeições. Então, aproveitamos essa facilidade para economizar muito durante a viagem. Fizemos nossas compras no Walmart e gastamos 300 dólares para comer super bem nos 16 dias de viagem – uma pechincha comparada à média diária de 80 dólares que gastaríamos diariamente ao comer em restaurantes e lanchonetes simples dos Estados Unidos.

Pé na estrada na histórica Rota 66. Foto: Arquivo pessoal
Pé na estrada na histórica Rota 66. Foto: Arquivo pessoal

Depois das compras, estávamos prontos para iniciar nosso trajeto até o parque das sequoias gigantes, na Califórnia. Uma pesquisa rápida na internet, no entanto, nos mostrou que havia nevado muito naquela região e enfrentaríamos temperaturas abaixo de 10 graus negativos se fôssemos direto lá. Isso em plena primavera! Então, como não queríamos congelar, aproveitamos mais um benefício de viajar de trailer e mudamos nossos planos sem a preocupação de desmarcar hotéis ou passeios.

No lugar de começarmos a viagem pelos parques da Califórnia, seguimos para o Grand Canyon National Park, no Arizona, passando pela histórica Rota 66 no caminho. Foi incrível! A paisagem é linda e há vários espaços para fotos durante o percurso. Além disso, baixamos um aplicativo chamado IOverLander que mostrou centenas de locais gratuitos onde poderíamos passar a noite em segurança durante a viagem. O primeiro lugar que aproveitamos foi em um dos pontos mais altos da Rota 66 e não poderia ter sido melhor.

Vale ressaltar que também existem áreas de camping pagas onde é possível estacionar o RV e utilizar benefícios como gerador, internet e áreas de piquenique por aproximadamente 35 dólares a diária. Mas só ficamos três noites em lugares assim porque estávamos dentro dos parques e não queríamos sair deles em busca de um espaço gratuito para dormir.

Na região do Grand Canyon, por exemplo, passamos a primeira noite em um local gratuito onde fizemos uma fogueira ao lado do motorhome e jantamos ao redor dela. Parecia cena de filme com direito a marshmallows! Já na segunda noite, optamos por um dos campings na parte interna do parque para termos mais tempo de curtir as paisagens incríveis desse desfiladeiro de 446 quilômetros de comprimento e entendermos os motivos que o colocam entre as sete maravilhas naturais do mundo.

Segurança, conforto e economia nas paradas para dormir e jantar. Foto: Arquivo pessoal
Segurança, conforto e economia nas paradas para dormir e jantar. Foto: Arquivo pessoal

Depois de conhecermos essa obra prima da natureza abaixo de neve e com os termômetros marcando -1 grau, seguimos para um paraíso perdido no Arizona: o Horseshoe Bend. Esse é um ponto de fácil acesso em que o Rio Colorado faz uma curva perfeita ao redor de um paredão de pedra de 300 metros de altura. O nome do lugar significa “curva da ferradura” e fica na cidade de Page, perto da represa Lake Powell, divisa com o estado de Utah.

Em 16 dias, várias estações e até muita neve nos parques nacionais. Foto: Arquivo pessoal
Em 16 dias, várias estações e até muita neve nos parques nacionais. Foto: Arquivo pessoal

Passeamos por ali e aproveitamos para dormir no Walmart do município, já que a maioria das unidades dessa rede permite o estacionamento de motorhomes durante a noite. Dali, dirigimos quatro horas até o Bryce Canyon - onde estão algumas das formações rochosas mais incríveis do mundo - e continuamos nossa viagem até o Zion National Park, marcado por estradas cênicas e opções de trilhas para todos os níveis de aventura.

Limpeza do motorhome

Vale lembrar que a cada três dias de viagem nós tínhamos que encher o tanque de água do motorhome e esvaziar o esgoto. Para isso, localizávamos através do aplicativo quais espaços eram apropriados para isso nas regiões em que estávamos. Esses locais são chamados de dump stations e podem ser pagos ou gratuitos.
Neles, nós fazíamos aquela tarefa que muitos têm receio: esvaziar os canos de água da pia, chuveiro e do vaso sanitário.

A limpeza é mais fácil do que parece e o motorista não entra em contato com o material despejado. No nosso caso, era o Dioni quem cuidava dessa parte e ele usava um par de luvas descartáveis só por precaução, evitando algum imprevisto ao conectar o cano do trailer à tampa do esgoto externo. Foi bem tranquilo!

Lugares incríveis

Na continuação da viagem, passamos por Las Vegas e pelo Death Valley, um dos lugares mais quentes do mundo. Ali, enfrentamos temperaturas próximas de 40ºC em plena primavera, vimos montanhas coloridas e conhecemos o ponto mais baixo dos Estados Unidos a 85,5 metros abaixo do nível do mar.

 Grand Canyon National Park, no Arizona. Foto: Arquivo pessoal
Grand Canyon National Park, no Arizona. Foto: Arquivo pessoal

Depois, dirigimos até os parques nacionais mais lindos da Califórnia: o Sequoia e o Yosemite National Park. No primeiro deles, nos sentimos minúsculos no meio de árvores gigantes com quase 100 metros de altura e, no segundo, visitamos um verdadeiro paraíso repleto de montanhas prateadas e belíssimas cachoeiras. Só que toda viagem chega ao fim e nossa aventura de motorhome terminou dia 5 de julho, em Los Angeles.

Ali, conhecemos a terra dos famosos, fizemos nossas malas e limpamos o RV para devolvê-lo no mesmo endereço onde havíamos começado o passeio. A entrega foi tranquila, mas deixou um “gostinho de quero mais”. Afinal, nos sentir em casa enquanto conhecíamos parte das paisagens mais lindas do mundo foi bom demais e a gente recomenda! Aliás, não vemos a hora de repetir a dose!

Sequoia National Park. Foto: Arquivo pessoal.
Sequoia National Park. Foto: Arquivo pessoal.

Valor da viagem e habilitação

O modelo de motorhome que alugamos para o trajeto custou 125 dólares por dia, já com seguro básico e a taxa cobrada a cada quilômetro percorrido. No entanto, de acordo com o agente de viagens Francisco Zaleski de Matos, da Motorhome Trips, esse valor pode cair para até 45 dólares. “Tudo vai depender do período da viagem, antecedência em que o veículo é reservado e da distância que vão trafegar por lá”, afirma.

Café da manhã dentro do motorhome em um dos pontos mais altos da antiga Rota 66. Foto: Arquivo pessoal
Café da manhã dentro do motorhome em um dos pontos mais altos da antiga Rota 66. Foto: Arquivo pessoal

O ideal, segundo ele, é escolher o RV entre dois e seis meses antes da viagem e também estar preparado para os custos com combustível, pois esses veículos fazem, em média, quatro quilômetros por litro de gasolina.

Vale ressaltar também que a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) do Brasil é aceita nos Estados Unidos dentro do prazo de validade, mas algumas empresas que alugam motorhomes exigem a Permissão Internacional para Dirigir (PID). Nesses casos, basta solicitar esse documento pelo site do Detran por meio do preenchimento de um formulário online e o pagamento de uma taxa que varia em cada estado. No Paraná, o preço é R$ 100,29.

No nosso caso, a PID não era obrigatória, mas decidimos emiti-la mesmo assim, como garantia. A solicitação pelo site do Detran foi rápida e recebemos a carteira pelo correio no prazo de dez dias. Em nenhum momento da viagem nos pediram a PID, mas ela é válida por três anos e pode ser usada em vários países como Canadá, Espanha, França, Noruega e Inglaterra.

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