Mais um torpedo atingiu toda a base da peça acusatória de golpe de Estado contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros 30 réus. O tenente-coronel Mauro Cid, delator do processo e "fofoqueiro" inveterado, foi novamente apanhado em inconfidências por conversas nas redes sociais. E dessa vez com provas irrefutáveis.
As novas provas, incluindo foto, mensagens e áudios, confirmam que Mauro Cid mentiu repetidamente em sua delação premiada. Os vazamentos dessas conversas mostram um Cid inconformado com a maneira como a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República (PGR) conduziam os depoimentos, tentando colocar palavras em sua boca e o coagindo a concordar com teses prontas.
Nos áudios trocados com Eduardo Kuntz, que defende o coronel Marcelo Câmara, Mauro Cid enfatiza que jamais utilizou na delação a palavra “golpe” para acusar o ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo Cid, as perguntas em seu acordo de delação eram direcionadas a pontos específicos, e suas respostas, quando não alinhadas, eram simplesmente “cortadas". Cid também expressou queixas sobre ter que suportar sozinho o peso da investigação e o sofrimento da família.
O impacto dos novos áudios de Mauro Cid sobre o processo da trama golpista conduzido pelo STF será debatido no programa Última Análise desta terça-feira (17), que terá a presença dos colunistas André Marsiglia, Guilherme Kilter e Anne Dias, com mediação de Marcos Tosi.
Áudios colocam STF em encruzilhada
A situação coloca o STF em uma encruzilhada. A Corte terá que decidir entre salvar a dignidade e anular toda a delação, e as provas dela decorrentes, ou insistir numa narrativa totalmente desmoralizada pela força dos fatos. Para o advogado Kuntz, a delação premiada de Mauro Cid é o "sistema nervoso" do processo; se ela for retirada, as provas derivadas se tornam nulas.
Vários advogados de defesa dos acusados na trama golpista já pediram ao STF que a delação premiada seja anulada. O ministro Alexandre de Moraes, contudo, se limitou a dizer que essa solicitação não deve ser feita nesta fase do processo. Como desdobramento, Moraes autorizou acareações entre Cid e o ex-ministro Walter Braga Netto, bem como entre o ex-ministro Anderson Torres e o ex-chefe do Exército Marco Antônio Freire Gomes. Como o STF sairá desta encruzilhada? O comprometimento da delação de Cid derruba toda a peça acusatória de golpe de Estado? Acompanhe no Última Análise.




