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Cinquenta e cinco presos do sistema penitenciário do Paraná conseguiram, neste ano, vagas gratuitas em cursos superiores de universidades públicas e privadas. As vagas foram obtidas por meio de vestibulares (com autorização do Departamento de Execuções Penais – Depen) e do Exame Nacional do Ensino Médio para Pessoas Privadas de Liberdade (Enem-PPL).

Esta última modalidade tem o mesmo nível da avaliação feito pelos demais estudantes, mas ocorre em data diferente e é aplicada nas penitenciárias. O Paraná tem 18 mil presos. Neste ano, 1.730 se inscreveram no Enem-PPL e 1.554 fizeram a prova.

Detenta do semiaberto passou em quatro universidades

Cecília*, 30 anos, vai começar a fazer educação física na Universidade Federal Tecnológica do Paraná (UTFPR) nos próximos dias. Era seu sonho de adolescência fazer o curso. Quando se formar – a previsão é 2018 –, vai poder correr atrás de sua meta de dar aulas para crianças. Até lá também terá terminado a pena dela de sete anos de prisão por sequestro. “É possível. Se a gente se dedicar e pretender outra vida lá fora, é possível, dá para fazer”, disse em entrevista à Gazeta do Povo por telefone.

Cecília atribui também ao hábito da leitura o seu bom desempenho no Enem e em vestibulares nesse ano – o estado diminui 48 horas da pena para cada livro lido e resenhado. “Eu sempre gostei de leitura, tinha um projeto de remissão pela leitura. A gente faz leitura e resenha e tenho certeza que isso aumentou minha nota na redação, porque a escrita melhora conforme a gente pratica.” Ela passou em quatro universidades: Ciências Contábeis na UFPR e na Unespar, pelo vestibular; Fisioterapia, na PUC-PR, pelo PROUNI; e Educação Física, na UTFPR, pelo SISU.

* a pedido da entrevistada ela será identificada com um nome fictício.

A coordenadora de Educação, Qualificação e Profissionalização do Depen-PR, Glacélia Quadros, explica que o fato de conseguir a vaga é o primeiro passo para presos que querem fazer o curso superior. “Temos presos que fizeram o Enem na prisão, conseguiram alvará de soltura e vão cursar normalmente a faculdade. Temos um detento que fez a inscrição na universidade, trancou a matrícula e no próximo semestre estará no semiaberto, podendo ir às aulas. Temos casos em que o juiz autorizou o detento de regime fechado a cursar. Há também casos em que o juiz não autorizou e outros que ainda estão em trâmite.”

Glacélia diz que depois que são feitas as provas, o setor pedagógico de cada instituição penal é responsável por fazer as inscrições nas universidades. Os detentos concorrem com todo mundo. “Esse resultado ocorre porque há um alto investimento e o trabalho conjunto das secretarias [de Estado], estabelecimentos penais e escolas que atendem o sistema prisional.”

Confira em que cursos detentos foram aprovados

Vestibular

UEL – 8: Enfermagem, Educação Física, Matemática, Direito e Serviço Social.

Sisu – Enem-PPL

UTFPR – 5: Sistemas de Informação, Sistemas de Internet, Pedagogia e Educação Física

Unioeste – 1: Letras/Espanhol.

IFPR – 1: Ciências Biológicas.

Prouni – Enem-PPL

Diversas universidades – 40: Teologia, Administração, Matemática, Pedagogia, Engenharia Elétrica, Educação Física, Secretariado, Geografia, Direito, Fisioterapia, Segurança do Trabalho, Sistemas para Internet, Gestão Ambiental, Gestão Financeira, Engenharia Civil, Psicologia, Logística, Sistemas de Informação, Sistemas de Informação.

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