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Planta industrial

A Cidade Industrial de Curitiba (CIC) completa quatro décadas de existência ano que vem. Acompanhe como a região nasceu e se desenvolveu ao longo dos últimos 39 anos:

Primórdios

A primeira concentração populacional na região da CIC, então conhecida como a localidade Prado de São Sebastião, ocorreu em 1966, com a inauguração da Vila Nossa Senhora da Luz. A população, porém, permanecia praticamente isolada, distante da malha urbana – o único meio de transporte público era um trem que partia da antiga estação do Barigui.

Plano

A criação de um novo espaço em Curitiba para abrigar indústrias e empresas passou a ser discutida ainda na década de 1960, com a formatação do Plano Diretor de Curitiba, aprovado em 1966. Isso porque a região do Rebouças, até então consolidada como o distrito industrial da capital, já dava sinais de esgotamento.

Criação

O projeto da Cidade Industrial de Curitiba (CIC) foi formalmente lançado em 1973 e previa a utilização de uma área de 43,4 milhões de m2 na região oeste do município. O projeto detalhava os limites da área para fins de desapropriação. Toda a extensão foi declarada como de utilidade pública.

Terrenos

Na época, cerca de 31 milhões de m2 tiveram de ser desapropriados pela prefeitura – o equivalente a 71% da área total da CIC.

Industrialização

Para incentivar as empresas a migrarem para a região, foram oferecidos incentivos fiscais, como isenção de ICMS e IPTU, além de financimentos das áreas a longo prazo. A prefeitura também chegou a fazer para as empresas terraplanagem e serviços de demarcação de áreas.

Desenvolvimento

Para receber as indústrias e o contingente populacional que viria junto com elas, toda a infraestrutura urbana da região teve de ser adaptada. Foram criados, por exemplo, um novo reservatório de água e uma subestação de energia, além de várias unidades de saúde, escolas e creches. O período mais intenso de industrialização ocorreu na década de 1990, quando cerca de 60% das empresas hoje existentes na CIC iniciaram suas atividades.

Fonte: Ippuc e Curitiba S/A.

Quatro décadas depois de desapropriar 31 milhões de metros quadrados (m2) na então recém-criada Cidade Industrial de Curitiba (CIC), a prefeitura ainda trabalha para regularizar a situação de empresas que nunca receberam a posse formal do terreno onde se estabeleceram. Hoje, segundo dados da Companhia de Desenvolvimento de Curitiba (Curitiba S/A), 368 indústrias aguardam a transferência da titularidade de áreas que somam quase 6 milhões de m2.

Responsável por conduzir os processos de regularização fundiária no município, em especial na CIC, a Curitiba S/A legalizou desde 2009 os terrenos de 142 empresas, uma área que soma 2,28 milhões de m2 – o equivalente a 27% do total passível de regularização (8,27 milhões de m2).

Embora tardia, a entrega dos títulos de posse para esses estabelecimentos finaliza um processo iniciado em 1973, com a criação oficial da Cidade Industrial. O novo bairro contava com 43,7 milhões de m2, que passaram a re­­ceber empresas interessadas nos incentivos fiscais e nos financiamentos a longo pra­­zo. A intenção de transformar a região oeste da cidade em um novo berço de desenvolvimento funcionou: hoje, a CIC é o bairro mais populo­­so de Curitiba e, sozinha, concentra 23% das indústrias da capital, que são responsáveis por cerca de 25% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) arrecadado em todo o estado.

Para o diretor-executivo da Associação das Empresas da Ci­­dade Industrial de Curitiba (AECIC), Carlos Vivaldi, apesar de o número de empresas que aguardam a posse dos terrenos ser pequeno – 4,5% do to­­tal de estabelecimentos da re­gião –, a regularização fundiária é uma demanda antiga dos empresários. "Não há qualquer questionamento quanto à titularidade das áreas, mas, for­­malmente, essas empresas não são donas dos terrenos. Al­­gumas têm dificuldades para con­­seguir financiamentos e ou­­tras precisam explicar essa situação para as matrizes."

A Curitiba S/A informa que a escrituração das áreas foi adiada ao longo dos anos devido a pendências judiciais nos processos de desapropriação. Mas, segundo a companhia, a falta de documento de posse não tem interferido nas atividades das empresas.

Garantia

A economista e coordenadora adjunta do curso de Administração da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Solange Lima Barbosa, explica que, na prática, o título de posse pode ser usado como mais uma garantia na hora de tomar empréstimos – permitindo prazos mais longos e taxas melhores – ou apresentar projetos para angariar recursos.

"Por outro lado, o município também aumenta a arrecadação, por meio da cobrança de tributos ligados à posse do terreno. As empresas têm um compromisso tributário a mais, mas também têm benefícios associados a isso, como a utilização dos recursos para a melhoria da infraestrutura da região", avalia.

Oficialmente, não há prazos para a conclusão do processo de regularização das empresas na CIC. Questionada pela reportagem, a companhia não informou se há, na região a ser regularizada, terrenos que serão recuperados pela prefeitura.

Linha Verde Sul

Empresas às margens da BR-116 terão de mudar de local

Enquanto algumas empresas garantem a permanência na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), outras, por "livre e espontânea pressão", preparam-se para deixar o bairro onde trabalham há décadas. Por causa do decreto municipal que declarou de utilidade pública parte de uma área às margens da BR-116, as comerciantes Rosicler Manica e Eliete Coutinho sofrem com a apreensão de, mais cedo ou mais tarde, ter de encaixotar os produtos e abrir os comércios em outro local.

Além de vizinhos, os estabelecimentos de Rocicler e Eliete compartilham os clientes: a primeira tem uma oficina elétrica, a segunda, uma loja de acessórios para caminhões. Os serviços funcionam desde o início da década de 1990 no pátio de um posto de combustíveis – justamente a área que será desapropriada pela prefeitura devido às obras de extensão da Linha Verde Sul. Como são inquilinas do posto, não receberão indenização.

Rocicler herdou a oficina do pai. Hoje, trabalha com o marido e o filho, que, ao que tudo indica, não conseguirá levar o negócio da família à terceira geração. "Mesmo que encontremos espaço em outro local, o preço dos aluguéis estão inviáveis. Hoje, ao longo da rodovia, está tudo tomado [por outras empresas]", diz. Eliete lembra que na área a ser desapropriada há outras empresas mais antigas, tocadas, na grande maioria, pelos filhos e filhas dos fundadores. "São várias famílias que construíram a vida aqui. Até o final do ano devemos sair, mas, até lá, tenho fé que as coisas podem mudar", afirma, ainda esperançosa.

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