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A espécie amarela é a Tubastrea tagusensis; a laranja, Tubastrea coccinea. As duas são motivo de preocupação para os biólogos brasileiros. | Jose Rama Jr Sub/Wikicommons
A espécie amarela é a Tubastrea tagusensis; a laranja, Tubastrea coccinea. As duas são motivo de preocupação para os biólogos brasileiros.| Foto: Jose Rama Jr Sub/Wikicommons

Imagine mergulhar em pontos da Baía da Ilha Grande, considerada um dos berços das espécies marítimas do país, e não ver peixes nem tartarugas. E, em seguida, notar que as cores do fundo do mar estão diferentes: a multiplicidade deu lugar ao tom bicolor. A notícia triste é que esse cenário existe. Trata-se de uma das piores bioinva-sões que o Rio já sofreu, e está colocando em xeque a diversidade marítima do estado. O nome popular do invasor é coral-sol, originário do Oceano Pacífico. Tubastrea tagusensis é a espécie mais amarela; a laranja é conhecida como Tubastrea coccinea. As duas, atuando em conjunto, são responsáveis pela dor de cabeça que biólogos marinhos sentem nos últimos anos. O contra-ataque mais efetivo, porém, surgiu ano passado. Um grupo de pesquisadores, liderado por profissionais da Uerj, vem estudando formas de combater o coral, que se espalhou por 50% do litoral da Ilha Grande. “A rede científica que criamos conecta mais de 27 pesquisadores, de 13 instituições acadêmicas. A troca de experiências tem permitido que o impacto causado por esse invasor seja menor. Formamos a maior rede de pesquisa sobre bioinvasão do Brasil”, diz Joel Creed, coordenador do Projeto Coral-Sol.

Região Sul

Em janeiro de 2012, uma pesquisadora do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Adriana Carvalhal Fonseca, confirmou que o coral-sol chegou à Ilha do Arvoredo, litoral de Santa Catarina. Essa descoberta ocorreu na face oeste da Ilha. Um ano depois, pesquisadores do ICMBio e da Universidades Federal de Santa Catarina (UFSC) encontraram mais um foco da espécie invasora Tubastraea coccinea na face sul da Ilha.

“Nosso objetivo, agora, é erradicar o coral-sol nos locais onde é encontrado em pequenas quantidades, e controlá-lo em áreas nas quais o alastramento está em um estágio bem avançado”, diz Creed.

De acordo com o pesquisador, desde o início do trabalho, mais de 200 mil colônias foram retiradas da baía. Uma das frentes mais importantes é o monitoramento marinho feito por vídeos, fotos e apuração visual.

O primeiro registro de invasão do coral-sol foi feito na década de 1940, no Caribe. Vinte anos depois, deslocou-se para o Golfo do México. No Brasil, chegou nos anos 1980, trazido acidentalmente pelas plataformas de petróleo e gás, encomendadas por empresas que se instalaram na região. O marco zero da infestação teria ocorrido na Enseada do Bananal, na Baía da Ilha Grande. De lá para cá, o coral-sol já apareceu também nos estados de Santa Catarina e Sergipe.

Em 2012, o Ministério Público Federal instaurou inquérito civil público que identificou locais da costa de Angra já contaminados: os terminais da Petrobras e da Brasfels. “O inquérito vai virar ação até o fim do ano. As empresas serão multadas, e cada uma delas terá que se comprometer com algum projeto para controlar a quantidade de coral-sol no litoral do Rio”, diz a procuradora federal Monique Cheker.

A Petrobras informou que patrocinou o Projeto Coral-Sol entre 2010 e 2012, quando o contrato se encerrou. Procurada, a Brasfels nada comentou.

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