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O antropólogo James Ito-Adler afirmou que as escolas precisam se adaptar aos alunos | Antônio More/ Gazeta do Povo
O antropólogo James Ito-Adler afirmou que as escolas precisam se adaptar aos alunos| Foto: Antônio More/ Gazeta do Povo

Palestra

Fatores não cognitivos e bullying também foram abordados

Habilidades não cognitivas têm o mesmo peso no sucesso escolar que as habilidades cognitivas, segundo a presidente do Instituto Ayrton Senna, Viviane Senna, que participou do Salamundo 2013. Entre as inúmeras habilidades não cognitivas, as cinco com maior impacto no desempenho escolar são responsabilidade/disciplina, abertura a novas experiências, sociabilidade, colaboração e estabilidade emocional. Durante a palestra, ela também ressaltou a importância do estabelecimento de limites para o desenvolvimento das crianças. "Ninguém está defendendo a volta do autoritarismo ou do militarismo, mas precisamos de limites. As crianças vão aprendendo através dos limites da natureza e da família. Quem não dá limites é um mau pai."

Já a professora da Unicamp Luciene Tognetta chamou a atenção para o fato de os professores estarem mais preocupados com o conteúdo das aulas do que com a dinâmica e os conflitos de sala de aula. Ela defendeu que vítimas de bullying sejam ouvidas em assembleias na escola e estimuladas a se indignar com as agressões. Lembrou também que mesmo os autores das violências precisam de atenção, uma vez que apresentam invertidos os valores pelos quais são guiados.

"Sem uma medida de aprendizagem fica difícil saber o que fazer em educação", disse o professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Francisco Soares. Membro do Conselho Nacional de Educação, Soares participou ontem do último dia de Salamundo, no Teatro Positivo, em Curitiba, apresentando a pesquisa "O que faz uma boa escola?", encomendada pelo Instituto Positivo.

O uso da ciência a favor da aprendizagem do aluno e a pesquisa educacional como ferramenta que permite descobrir o que leva uma escola a ser considerada boa foi o resumo do encontro ontem.

Soares coordenou a pesquisa ao lado do antropólogo James Ito-Adler, presidente do Instituto de Estudos Brasileiros de Cambridge, comentou que a escola não tem como intervir diretamente em muitos fatores que influenciam o aprendizado dos alunos, mas que, por conviver com eles, tem de se adaptar à realidade dos estudantes. "É a vantagem de avaliações que tem direção pedagógica. Diferente das classificatórias, como é o caso do Enem, pesquisas mais completas podem ter seus resultados usados pelas escolas. Elas já usam, mas poderia usar melhor", disse Soares.

Mau comportamento

A pesquisa mostra os fatores que influenciam o aprendizado dos alunos. Foram entrevistados 24 estudantes do 9.º ano do ensino fundamental de escolas particulares de três estados brasileiros.

"Não encontramos alunos dizendo que o mau desempenho é culpa professor. Por outro lado, há referências claras sobre o comportamento dos colegas. A bagunça não estava no roteiro das entrevistas, mas foi mencionada por todos os alunos entrevistados", afirmou Ito-Adler, também pesquisador, explicando que o objetivo não era ter uma avaliação da escola, mas entender como pensam e como é a vida dos estudantes, que foram divididos em faixas de desempenho escolar.

A principal diferença entre os que estão nas faixas opostas, de melhor e pior desempenho é que os que estão se saindo bem dominam a internet. "Aqueles com pior desempenho são dominados pela internet, que é como um escape. Eles saem da escola, se desligam da família e buscam a internet", contou.

Poucos alunos têm coragem de levantar a mão e perguntar, alguns esperam o fim da aula para falar com o professor, mas a estratégia mais comum é usar a internet e mídias sociais para pesquisar.

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