
O Instituto Médico-Legal do Paraná está recebendo equipamentos laboratoriais, câmaras frias e viaturas com valor total estimado em R$ 1,3 milhão. Os recursos são oriundos do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) e de liberações suplementares da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp): R$ 430 mil e R$ 870 mil, respectivamente. Também estão sendo feitas contratações de médicos legistas e peritos que tinham prestado concurso em 2007. As novidades visam sanar problemas de estrutura e pessoal, que levaram à intervenção do órgão pelo governo do estado, no início do ano passado.
Ao todo, foram abertas 19 vagas para médicos legistas, ampliando o número para 57 no estado, de acordo com a direção de Recursos Humanos do órgão. Em Curitiba são 43, sendo 21 na necropsia. Quando a intervenção foi decretada, em março de 2008, eram 13 neste setor. O número era apontado como motivo para o atraso na liberação de corpos. De acordo com o diretor logístico-financeiro do órgão, Moisés Alves Nunes, as contratações não foram feitas antes porque o resultado do concurso de 2007 estava emperrado na Justiça. "Havia ações de pessoas não aprovadas que só foram derrubadas no meio deste ano." Os novos profissionais começaram a chegar em outubro.
Equipamentos
Também foram adquiridas duas novas câmaras frias (freezeres horizontais para armazenagem dos cadáveres) que ampliaram a lotação de 46 para 76 vagas. No entanto, problemas elétricos impedem, há anos, a utilização de uma câmara antiga. Há a previsão de reforma para reativar o aparelho em 2010, adicionando 23 vagas.
Nunes garante que a ampliação de vagas e de pessoal resolveu o problema de capacidade do IML para receber e liberar corpos de Curitiba e região metropolitana. "Tínhamos esse problema, especialmente nos períodos de férias dos legistas, porque ficávamos com a capacidade de identificação dos cadáveres reduzida e então os corpos tinham de ficar aqui. Por lei, o prazo para identificação é de 30 dias", explica. "Vamos entrar em férias na semana que vem, mas as novas câmaras frias devem dar conta."
As seis novas viaturas prometidas para outubro de 2008 começaram a chegar no início do ano. Elas substituem dois camburões com mais de 12 anos de uso. Dez veículos devem ser entregues para as unidades do interior em janeiro. O IML também adquiriu material para necropsia. Foram 48 kits usados pelos legistas se protegerem, 15 macas e 18 refrigeradores para armazenagem de amostras de tecido para todo o estado.
Laboratório
O número de peritos foi ampliado em 11 vagas e os laboratórios estão recebendo novos equipamentos. Os antigos tinham mais de dez anos de uso e apresentavam tecnologia defasada. Entre as aquisições estão aparelhos de última geração como dois cromatógrafos que realizam testes para determinar a composição de substâncias, exames toxicológicos e de dosagem alcoólica do sangue , a R$ 180 mil cada, e dois microscópios laboratoriais, que custaram R$ 28 mil no total. A renovação dos equipamentos não deve afetar a espera por resultados de exames. A diretoria de Recursos Humanos do IML, no entanto, afirma que o aumento no número de legistas reduziu a demora de laudo de lesão corporal de 45 dias para entrega no dia. Exames laboratoriais, no entanto, têm prazos mais dilatados.
Os dois novos cromatógrafos, que serão instalados em janeiro, vão substituir dois dos quatro aparelhos em funcionamento, que têm 15 anos. A principal contribuição será a maior precisão dos resultados. "Podemos realizar exames quantitativos que entregam a composição exata das substâncias", explica o perito toxicologista José Escorsin Neto.
Os dois novos microscópios vão auxiliar na análise de material orgânico em tecidos, como sêmen ou sangue, e de tecido humano. Eles apresentam uma nitidez de imagem superior aos três antigos, que têm mais de 10 anos e estão danificados de forma permanente. "As lentes velhas tinham pegado fungos várias vezes e ficaram cheias de pontos opacos", lamenta a perita químico-legal Alcione Lorenzeto.
Na visão do médico legista aposentado Fernando Picheti, que ocupou a chefia da Divisão da Capital até o início dos anos 90, esses equipamentos deveriam ter sido trocados cinco a 10 anos atrás. "Sem aparelhos adequados, o melhor perito fica de mãos atadas. Por isso é necessário que eles sejam substituídos conforme surjam tecnologias mais avançadas. Não dá para fazer isso a cada ano, mas cinco anos é o prazo para a obsolescência total", observa.




