Quem costumava sofrer com contusões no futebol ou no balé tem grandes chances de se lembrar da Pomada Zig, tão famosa no Paraná quanto o Gelol. A pomada, assim como o Licor de Ferro, a Essência Minerva e outros, era produzida pelos Laboratórios Reunidos Paraná Ltda. (Larpa), uma das indústrias que teve de fechar as portas por não se adequar às normas da Anvisa.
O Larpa foi um dos laboratórios pioneiros no estado. Surgiu em 1946 e abastecia o mercado do Sul do Brasil. Quando a empresa de 30 funcionários completou 60 anos, os proprietários se viram obrigados a encerrar a produção, devido às normas do setor. "A legislação para indústrias pequenas é muito rígida e impõe o mesmo padrão de controle de qualidade das multinacionais, que são donas do mercado", reclama Antônio Carlos Soares, neto do fundador da empresa.
O laboratório Larpa foi interditado há quase três anos e desde então ainda não conseguiu reabrir. Para ele, com a legislação atual, só os grandes fabricantes vão sobreviver. "A empresa pequena precisa lutar muito para se manter no mercado, o que é bem difícil, pois hoje há grandes distribuidoras que exigem muito para comprar um produto. Você luta de todos os lados, com o mercado, com a Vigilância Sanitária e com laboratórios maiores. É quase uma batalha impossível de ser vencida", diz Soares.
Edenir Zandoná Júnior, presidente do sindicato dos varejistas de produtos farmacêuticos, reconhece que as regras sanitárias atingem principalmente as empresas pequenas, que não têm capital para se adequar às normas e acabam paralisando as atividades.
"Às vezes falta capital. Dependendo da estrutura da empresa, seria preciso uma reforma completa para que ela atendesse à legislação", afirma Zandoná. Porém, ele diz acreditar que as exigências tornam o mercado mais competitivo e garantem a qualidade dos produtos, pois o consumidor sempre vai preferir o medicamento que oferece mais segurança. (BMW)
