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O ser humano pode ter desencadeado uma nova onda de extinção em massa na Terra. É o que dizem pesquisadores da Univer­­sidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos, que usaram espécies de mamíferos como parâmetro. Esta seria a sexta onda de extinção nos últimos 540 milhões de anos – as cinco anteriores, nas quais cerca de 75% das espécies existentes teriam desaparecido, foram causadas por fenômenos naturais.

Como nenhum cometa caiu na Terra ou algum evento externo dessa magnitude desencadeou essa mortandade desde que a humanidade passou a registrar o que acontece à sua volta, essa mais nova onda de extinção, segundo o estudo, foi provocada pela ação humana. A destruição dos habitats, a introdução de espécies exóticas, a disseminação de vírus, a caça e a pesca excessivas e as mudanças climáticas estariam entre as responsáveis por esse processo, que cresceu nos últimos 500 anos, segundo artigo publicado na revista americana Nature no início deste mês.

O estudo aponta que, antes desse processo, em média duas espécies de mamíferos pereciam a cada período de um milhão de anos. Já nos últimos 500 anos, pelo menos 80 das 5.570 espécies conhecidas desapareceram – uma velocidade só comparável às registradas nas cinco ondas de extinção anteriores, com base no estudo dos fósseis e das camadas geológicas. Segundo o pesquisador Anthony Barnosky, um dos responsáveis pelo estudo, a sexta extinção poderá estar consumada em três a 22 séculos.

Classificação

Hoje, a classificação das espécies ameaçadas é feita com base em parâmetros definidos pela organização não governamental União Internacional pela Preser­vação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). No Brasil são 627 espécies, segundo o Ministério do Meio Ambiente. No Paraná, em 2008 foram listadas 163 espécies no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada no Paraná. Eram 69 aves, 32 mamíferos, 22 peixes, 18 abelhas, 15 lepidópteros (ordem de insetos que inclui as borboletas), 4 anfíbios e 3 répteis, segundo o Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Quatro espécies (três aves e um mamífero) foram dadas como extintas. No ano passado, o número de mamíferos ameaçados subiu para 44 no estado.

"Uma espécie extinta é a que não foi vista na natureza e não possui registros há pelo menos 50 anos", diz a bióloga Marília Borgo, da ONG Sociedade de Proteção à Vi­­da Selvagem (SPVS). "Se a espécie não existe na natureza, mas existe no zoológico ou no viveiro, estabelecem-se categorias, como ameaçada ou vulnerável."

O processo de desaparecimento ou substituição é identificável na natureza, mesmo sem eventos externos. O que estaria acontecendo agora seria semelhante ao que ocorre em uma catástrofe, quando o processo é acelerado. "Extin­ções ocor­­rem naturalmente, mas em intervalos grandes de tempo ou por causa de uma catástrofe. Ho­­je, espécies vão sendo identificadas e já entram como ameaçadas", afir­­­­­­ma Ma­­rília. "O esquema natural pode ter a substituição ou a transformação de uma espécie, mas é preciso de milhares de anos. Hoje, não dá tempo. Uma espécie acaba e não há indicação de que outra virá."

A bióloga Marcia Pires Tos­sulino, do Departamento de Bio­dersidade do IAP, avalia que a destruição dos habitats é o que mais contribui para a extinção. "Somem espécies mais por destruição de habitats. O Paraná quase não tem mais florestas e isso leva à extinção local. Mas não há como comprovar cientificamente [que vivemos uma sexta onda de extermínio]", diz. Marcia é uma das coordenadoras do trabalho para listar os animais ameaçados no Paraná – uma atualização sobre aves e répteis deverá ser publicada até o fim deste ano.

Selos

Os selos que ilustram esta página foram lançados pelo Correio Britânico em comemoração pelos 50 anos da ONG ambientalista WWF, comemorados neste mês. A série tem um total de 14 selos com espécies ameaçadas em todo o planeta. Cinco delas são do Brasil: onça pintada, o sapo venenoso Dendrobates azureus, a arara-azul, o macaco-ara­nha e o mico-leão-dourado.

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