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O Kamikaze que quebrou teria sido feito de forma artesanal e não tinha acompanhamento de um engenheiro responsável | Henry Milleo/Gazeta do Povo
O Kamikaze que quebrou teria sido feito de forma artesanal e não tinha acompanhamento de um engenheiro responsável| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo
  • Veja como aconteceu o acidente

Ponta Grossa - O acidente com um brinquedo Kamikaze em Castro, nos Campos Gerais, que deixou 10 feridos, incluindo um adolescente de 15 anos em estado grave, evidencia os riscos dos parques de diversões. Segundo a Associação das Empresas de Parques de Diversões do Brasil (Adibra), que tem 80 filiados no país, os brinquedos precisam da vistoria do Corpo de Bombeiros, da inspeção da prefeitura e do acompanhamento de um engenheiro responsável. O parque instalado em Castro não tinha inspeção dos órgãos nem era filiado à Associação.

Segundo o vice-presidente da Adibra, Francisco Donatiello, para funcionar o brinquedo precisa da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), que é emitida por um engenheiro. E, dependendo de suas características, deve passar por manutenção diária. Nos parques itinerantes, como o de Castro, os aparelhos devem ser inspecionados por um engenheiro a cada nova montagem. O proprietário do Kamikaze que se partiu ao meio em movimento, Claudemir Aparecido, conta que ele mesmo fazia a manutenção. "Trabalho há 28 anos com parques e o brinquedo não tinha problema nenhum. Acho que o ferro rasgou e por isso ele quebrou", disse. O brinquedo foi construído em 2007 e teria sido feito de forma artesanal.

Aparecido passou uma noite na cadeia e foi liberado. O delegado, Getúlio de Moraes Vargas, ainda ouve testemunhas para apontar responsabilidades. Os brinquedos do parque têm vários donos e o responsável não havia aparecido até ontem. O acidente aconteceu no Parque Lacustre, na comemoração dos 305 anos de Castro. O parque abriu às 14 horas e o movimento ainda era pequeno. Quem pagasse R$ 3 poderia brincar no Kamikaze. O brinquedo faz giros de até 360 graus e paradas que deixam as pessoas de cabeça para baixo nas cabines.

O brinquedo comporta 16 pessoas, mas estaria com sete no momento. Dez pessoas, entre 12 e 18 anos, foram medicadas. Bruno Ramon Pereira, 15 anos, foi transferido para o hospital Bom Jesus, em Ponta Grossa. Até a noite de ontem ele permanecia na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), com múltiplas fraturas e respirando por aparelhos.

Sem vistoria

Conforme nota da prefeitura de Castro, todos os órgãos de segurança do município foram comunicados, por meio de ofício, que haveria o evento. O comandante do Corpo de Bombeiros, tenente Jorge Augusto Ramos, afirmou que não foi solicitada vistoria e que o parque funcionou sem autorização da corporação. Segundo a lei estadual 14.284, de 2004, a realização de eventos populares depende da avaliação positiva das polícias Militar e Civil e do Corpo de Bombeiros.

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Acidentes e cuidados

Veja alguns dos acidentes já registrados em parques de diversões:

Janeiro de 2009 – Alexandre Tavares, 10 anos, morreu eletrocutado junto à grade de proteção de um brinquedo no parque de diversões Toy World, em Bangu, Rio de Janeiro.

Dezembro de 2008 – Brayan Alexandre Rosa de França, 18 anos, subiu na plataforma do Barco Pirata com o brinquedo em movimento e foi atingido na cabeça pelo equipamento num parque em Ponta Grossa. Ele ficou nove dias internado e morreu.

Junho de 2008 – Rafael Luís de Freitas Porfírio, 12 anos, morreu num parque de diversões em Campinas, São Paulo, depois de bater a cabeça no Ônibus Espacial.

Maio de 2008 – Julia Vitória Dunhan Braga, 9 anos, prendeu o cabelo num brinquedo conhecido como Gaiola e teve perda do couro cabeludo em um parque no Rio de Janeiro.

Abril de 2008 – Uma criança e um adolescente morreram em dois parques de diversões diferentes. Gustavo Rodolfo Alves, 14 anos, despencou de um tobogã em São Paulo. Um menino de 10 anos morreu ao cair de um brinquedo chamado Elevador em um parque em São Paulo.

Março de 2008 – Quinze pessoas ficaram feridas num parque de diversões em Ribeirão das Neves, região metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais. Elas estavam em um brinquedo que se soltou da base.

Fevereiro de 2008 – O carro da montanha-russa de um parque em Poços de Caldas, Minas Gerais, saiu dos trilhos e deixou três pessoas feridas.

Setembro de 2007 – o estudante Artur Wolf, 15 anos, passou mal no Labirinto, no Hopi Hari, em Vinhedo, São Paulo, e morreu.

Pais devem ficar atentos

Aparência

- Verifique a aparência do parque de diversões. Se a pintura é recente e os equipamentos não estão enferrujados, é bom sinal.

Limitações

- Cheque as informações constantes e as obedeça nos brinquedos. Se há limite de idade, de altura e restrições ao uso por pessoas cardíacas, portadora de uma fobia específica ou gestante.

Adequação

- Confira as condições ergonômicas do brinquedo, se é confortável, compatível com a altura e o peso do participante.

Fonte: Associação das Empresas de Parques de Diversões do Brasil (Adibra)

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